13/07/2012
Os candidatos a prefeito, em Campo Largo, pretendem gastar, juntos, quase seis milhões de reais, nos três meses de campanha. Na média, cada um vai gastar mais de um milhão. Há quem tenha declarado algo em torno de R$ 500 mil, mas há quem pretenda gastar mais de dois milhões de reais.
Os montantes, segundo a assessoria de um dos candidatos, são apenas uma previsão, pois é possível que a arrecadação não atinja os volumes declarados à Justiça Eleitoral.
Mesmo que os números sejam apenas uma ficção, por si só eles mostram uma distorção, ou algo muito mais sério. O salário do prefeito, somados os quatro anos de mandato, não deve passar dos R$ 700 mil. Gastar dois milhões, numa campanha, parece algo exagerado. É preciso que o eleitor acompanhe, de perto, a arrecadação dos partidos, saiba de onde vem o dinheiro e como ele será gasto. Até porque o Senado acaba de cassar o mandato de um senador, pelo seu envolvimento com um contraventor travestido de empresário, em seu estado. E um senador que era o arauto da moralidade, da luta contra a corrupção.
Lá atrás, na campanha eleitoral do dito senador, quem estava financiando o seu comitê era, nada mais nada menos, que as empresas ligadas ao contraventor. Ou seja, os financiadores das campanhas políticas não são, e nunca foram, anjinhos que querem apenas ajudar. Quase sempre, quando ajudam, querem, no futuro, obter benefícios, querem “trabalhar” para seus afilhados. E aí nasceram os casos que ficaram famosos, que culminaram com a demissão de ministros, envolvimento de governadores, senadores e deputados.
Em Curitiba, casos recentes, na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal, mostram a promiscuidade do envolvimento de políticos, com esquemas de corrupção, de enriquecimento ilícito, de falcatruas, que se perpetuaram nos poderes, durante dezenas de anos. A corrupção, a apropriação do dinheiro público, em alguns casos, parece normal, parece natural. Há, inclusive, a desculpa do “rouba mas faz”, do malufismo, em São Paulo. Há o caso da família Sarney, no Senado e no Maranhão, que jamais foi esclarecido. Há o Mensalão, o Mensalinho, os Sanguessugas, casos emblemáticos que marcaram os últimos anos da política nacional. E todos têm algo em comum, entre sí, o dinheiro sujo que entra nas campanhas políticas, que cobram “juros” altíssimos. Políticos e corruptos mantêm, sempre, um relacionamento muito próximo, quase familiar, como no caso Cachoeira. Porque a corrupção cria “família”, cria padrões de comportamento, de sigilo, poder. Por isso, é importante o eleitor saber quem financia o seu candidato e quanto é esse financiamento.