30/03/2012
Falta de higiene em estabelecimentos pode causar doenças e até morte
30/03/2012
A partir deste ano a Vigilância Sanitária de Campo Largo quer começar um trabalho intenso de conscientização dos comerciantes do ramo alimentício sobre higiene e saúde sanitária. Segundo profissionais da área, essa questão deve ser levada mais a sério, pois pode causar doenças e até levar à morte. Por isso, o objetivo é começar a trabalhar com ações educativas e de prevenção, oferecendo cursos de capacitação e boas práticas.
De acordo com a coordenadora da Vigilância Sanitária de Campo Largo, Priscilla Souza Lima, e a nutricionista da Vigilância, Viviane do Rocio, a Anvisa tem algumas exigências que são além do que se pode aplicar, de acordo com o porte da empresa; por isso há uma padronização municipal de acordo com análise de risco. Um grande problema, segundo elas, é que os empresários e profissionais da área têm consciência da necessidade, mas no dia-a-dia não seguem as recomendações adequadamente.
“É preciso uma mudança de hábito, uma conscientização principalmente do manipulador”, afirma Priscila. Ela explica que muitos estabelecimentos seguem padrão de estrutura, são visivelmente limpos, mas se o manipulador não tiver boas noções de higiene o alimento será contaminado da mesma maneira.
Em casos que a Vigilância encontra irregularidades nos locais, faz-se recomendações para melhorias, mas em casos mais extremos é feita a interdição do mesmo por risco eminente à saúde e por reincidência de infração. No ano passado, três locais que comercializavam alimentos foram interditados por falta de higiene e por ser um lugar sem condições para funcionamento. Há casos de produtos que não são refrigerados adequadamente, prejudicando sua qualidade; locais com buffet que a temperatura não é adequada e nem tem barreira de proteção na exposição; e até mesmo alimentos roídos por ratos, ou baratas que são facilmente encontradas. “Uma dica é sempre olhar o cozinheiro. Geralmente o manipulador é o reflexo do que é o estabelecimento”, completa.
Priscilla e Viviane explicam que o órgão depende principalmente de denúncia, que é o meio mais importante para que se faça uma inspeção, sobretudo em locais que funcionam de maneira informal. A denúncia pode ser feita pelo telefone 3291-5172.
A população tem o direito de cobrar pelas condições de higiene do local. Outra questão básica que é obrigatória é que o estabelecimento ofereça um banheiro com papel toalha ou algum outro meio que tenha uma secagem segura, não toalhas de pano; ainda deve ter sabonete líquido. Para quem atende no estabelecimento precisa ter cabelo preso e não pode ser a mesma pessoa que mexe com o dinheiro. Ainda é importante que estejam usando roupas claras, obrigatoriamente para quem manipula o alimento.
Entre os riscos mais comuns causados pela falta de higiene com alimentos é diarreia crônica, intoxicação e infecção alimentar, vômito; e casos mais graves que podem levar à morte por Botulismo ou Leptospirose, por exemplo. A coordenadora da Vigilância recomenda que sempre que apresentar vômito ou diarreia já procurar uma Unidade de Saúde mais próxima e em casos que mais de uma pessoa for contaminada avisar também a Vigilância Sanitária.
Trabalho informal
Mesmo se um estabelecimento funcionar de maneira informal é preciso se adequar às boas práticas de higiene. Priscilla diz que a cozinha precisa ser uma própria, diferente da que é usada para cozinhar diariamente na casa. Ela citou um exemplo de um caso de produção de salames embutidos que continha uma bactéria e causou a doença chamada Botulismo, a qual é potencialmente fatal. A bactéria, Clostridium botulinum, fica presente no alimento contaminado e mal conservado e a doença causa paralisia muscular e morte por parada respiratória.
Quem trabalha informalmente também pode ter uma licença sanitária. Priscilla recomenda que se abra uma microempresa, que terá baixo custo e oferece mais garantia do que está se comercializando. “Quem trabalha na informalidade está sujeito a ter seus produtos apreendidos”, diz.