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Saúde

Obesidade e Fibromialgia

Obesidade e Fibromialgia

30/03/2012

A obesidade é fator de risco para várias doenças, como hipertensão e diabetes. Pesquisa da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia mostra que o sobrepeso também pode ser responsável pelo diagnóstico da fibromialgia, caracterizada por dores generalizadas pelo corpo.

Por 11 anos, os cientistas acompanharam a rotina de 15.990 mulheres e uma das conclusões é que o alto índice de massa corporal (IMC), resultado da divisão entre o peso e a altura ao quadrado, pode levar ao surgimento da doença. O estudo ainda relacionou a fibromialgia à atividade física. Aquelas norueguesas que se exercitavam quatro vezes por semana apresentaram chance 29% menor de desenvolver os sintomas, quando comparadas às conterrâneas sedentárias.

"Geralmente, os obesos não fazem atividade física e o exercício pode ser um facilitador da não existência da dor", analisa o reumatologista Sérgio BontempiLanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo), em São Paulo. O médico explica que, durante o exercício, o corpo libera endorfina, uma substância analgésica que melhora o ânimo e leva ao bem-estar.

Mesmo depois da pesquisa, a relação entre alto IMC e fibromialgia não ficou totalmente esclarecida. Os cientistas noruegueses suspeitam que o segredo está no sistema hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), formado por glândulas do cérebro e dos rins. Os hormônios que essas glândulas produzem estimulam a produção de citocinas, substâncias pró-inflamatórias. "As citocinas podem causar inflamação generalizada, não mensurada em exame de sangue, que geram dor crônica", explica Lanzotti.

A suspeita se baseia na descoberta de que tanto as mulheres diagnosticadas com a doença quanto aquelas acima do peso têm o sistema HPA desregulado. "Nas obesas existe maior alteração do HPA, por isso elas desenvolvem mais fibromialgia", comenta o reumatologista, destacando a importância do estudo. "A pesquisa começou a mostrar que a doença tem relação com o sistema endócrino. A longo prazo pode até mudar o tratamento, mas eu acho muito precoce falarmos sobre isso agora", pondera.

Certo é que a atividade física não pode ser esquecida. Lanzotti esclarece que o exercício, em especial subaquático e alongamento, sempre fez parte do tratamento para fibromialgia. Agora, com a descoberta da relação entre a doença e a obesidade, isso se torna ainda mais essencial. "Além de melhorar o condicionamento físico e possibilitar um emagrecimento saudável, pode servir também como um amortecedor contra a perpetuação dos sintomas músculo-esqueléticos que, eventualmente, conduzem ao desenvolvimento da doença", observa.
(Fonte: Jornal Estado de Minas)