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Saúde

Mulheres precisam de gordura, diz livro de médico antropólogo

Mulheres precisam de gordura, diz livro de médico antropólogo

17/02/2012

Mulheres precisam de gordu¬ra no corpo. É só comer o tipo certo desse nutriente e dá até para perder alguns quilos, defende o livro “Why Women Need Fat” (“Por que Mulhe¬res Precisam de Gordura”) lançado recentemente no mercado america¬no. Para formar seus cérebros - que são proporcionalmente maiores do que de outros animais -, bebês hu-manos necessitam de DHA, o mais complexo dos tipos de gordura ôme¬ga 3.
Mas as mães não conseguem todo o DHA necessário apenas pela alimentação diária durante a gesta¬ção: para fornecê-lo aos filhos, quei¬mam a gordura armazenada em seus corpos (principalmente nos quadris), que é rica em DHA.
Ou seja, mulheres podem ten¬tar queimar aquelas gordurinhas das pernas e dos glúteos, mas a natureza prefere que elas estejam lá. Além disso, mães mais pesadas tendem a ter bebês mais saudáveis, dizem os autores, o médico epide¬miologista William D. Lassek e o an¬tropólogo Steven Gaulin.
Se isso não basta para dissu¬adir as mulheres de aderir a dietas que demonizam a gordura, os auto¬res avisam: nenhuma dieta cumpre o que promete ou dá resultado defi¬nitivo. Pior: esse tipo de restrição ali¬mentar costuma até aumentar o peso de quem a segue, segundo o livro.
Explica-se: todos nós temos um peso natural, definido quando nas¬cemos. “O cérebro tem um valor para nosso peso - o “set point” - de¬terminado em grande parte por nos¬sos genes, e o hipotálamo [região do cérebro responsável pelo gasto de energia e controle da fome] ten¬ta mantê-lo. É como o termostato de um aquecedor”, explicou Lassek à reportagem da Folha. Se emagrece¬mos muito ao fazer uma dieta, ten¬demos a ganhar o peso novamente quando a interrompemos (o famoso “efeito sanfona”). O “set point” tam¬bém é o motivo que faz pessoas co¬merem muito e não engordarem.
Dieta que engorda
Além de não funcionar a longo prazo, uma dieta pode engordar a pessoa. Se você emagrece muito, o hipotálamo acha que não há comida disponível e diz ao seu corpo para estocar mais gordura. O corpo, em vez de queimar, reduz o uso de ca¬lorias até que a perda de peso pare. Preocupado com uma possível es¬cassez de alimentos no futuro, o hi¬potálamo vai além e aumenta o seu “set point”.
A alimentação atual, rica em fritura e produtos industrializados, também eleva o “set point” feminino. Há décadas ingeria-se mais gordu¬ra do tipo ômega 3 e menos do tipo ômega 6 do que hoje.
Mulheres precisam de ômega 3 para seus filhos. E as duas gorduras competem no organismo: uma dieta com muito ômega 6 resulta em me¬nos ômega 3 disponível. Logo, a fê¬mea precisa de mais gordura total no corpo para ter o nível de DHA ne¬cessário durante a gravidez. O baixo nível de ômega 3 no sangue da mu¬lher diz constantemente ao seu cé¬rebro que é preciso armazenar mais gordura. Assim, seu “set point” au¬menta.
Soluções
O que fazer, então, para per¬der peso? Os autores sugerem mu¬danças de comportamento (veja abaixo), mas a chave é equilibrar o consumo dos dois tipos de gordura e ter uma dieta com menos ômega 6 e mais ômega 3.
O emagrecimento não será ra¬dical (algumas pessoas têm um peso natural maior), mas o exces¬so será eliminado. Deve-se reduzir o consumo de óleos de milho e soja (ômega 6) e substituí-los por óleo de canola ou azeite de oliva. É fun¬damental reduzir frituras - recomen¬dação endossada pela nutricionista Tanise Amon, do Instituto de Me¬tabolismo e Nutrição. “Pode-se au¬mentar o consumo de atum, salmão e sardinha e de sementes como li¬nhaça ou Chia”, acrescenta.
Originária do México, a Chia é uma semente que foi muito consu¬mida por civilizações antigas, prin¬cipalmente por quem precisava de força e resistência física. Entre os seus principais componentes está o ômega 3 - em teor mais elevado do que o encontrado na Linhaça. Tam¬bém tem fibras, cálcio, magnésio, potássio e proteína.