16/01/2012
Redes sociais serão coadjuvantes na escolha dos prefeitos
16/01/2012 Fonte: Gazeta do povo
Apesar de as redes sociais estarem cada vez mais presentes no dia-a-dia dos brasileiros, não será em 2012 que a internet terá papel decisivo nas eleições municipais. No pleito deste ano, velhas práticas de se fazer campanha deverão se sobrepor às novas mídias. Debates e o “boca a boca” pelas ruas das cidades tendem a se manter como palanques eleitorais fundamentais para nortear a decisão dos eleitores.
Dessa forma, a tendência é de que mais uma vez, repetindo o que aconteceu nas eleições de 2010, o uso das redes sociais passe longe do “efeito Obama”, quando a internet foi utilizada de forma decisiva para eleger o presidente norte-americano em 2008.
A consultora de marketing político Gil Castillo ressalta que as redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter, ainda não têm capacidade de decidir sozinhas uma eleição. “Mas é importante dizer que esse ambiente cria possibilidades de diálogo e interação entre o eleitorado e o candidato. A internet, bem utilizada, é capaz de aprofundar muito o debate político. No entanto, só ela não é peça chave para a eleição”, ressalta.
Para ela, além das redes sociais, os blogs fomentados por líderes formadores de opinião de determinada cidade poderão ajudar aos eleitores na hora de ir às urnas. “Os blogs de pessoas importantes para uma comunidade serão palcos de manifestações de ideias para que a população e os próprios candidatos debatam temas de interesse daquela população”, destaca.
Atualmente, o Brasil possui 46,3 milhões de usuários ativos de internet, segundo pesquisa divulgada recentemente pelo Ibope. O que significa que apenas aproximadamente 24% da população do país acessa diariamente a internet. Por isso, o cientista político Emerson Cervi, que leciona na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e na Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que as próximas eleições não serão decididas pelos debates fomentados em redes sociais.
“As eleições municipais ainda serão decididas fundamentalmente pelo boca a boca, por programas de televisão e pelo rádio”, enfatiza. De acordo com ele, em municípios menores, com menos de 100 mil habitantes, essa tendência ficará ainda mais clara. “Em cidades maiores, a internet pode ajudar a fazer alguma diferença, mas mesmo assim não será com poder de decidir uma eleição”, completa Cervi.
Mal usado
Um dos problemas apontados por Cervi é a falta de interesse político do brasileiro. De acordo com ele, três em cada quatro internautas passam longe de temas políticos na rede. “A maioria acessa os sites com outras finalidades de entretenimento. É necessária uma mudança cultural que a tecnologia, por si só, não influencia”, diz.
Posição semelhante é a do cientista político e coordenador de pesquisas na área de novas mídias da UFPR, Sérgio Braga. Para ele, o brasileiro ainda precisa ser educado para usar as redes sociais. “O desafio é fazer o bom uso dessas redes. Mas, mesmo mal utilizada, ela acrescenta à democracia. Nesse espaço, o político vai se mostrar como ele é”, salienta.
Braga acredita que as novas redes midiáticas serão usadas para fins políticos em todas as cidades do país. “Independente do tamanho da cidade, elas serão utilizadas de forma intensa. Mas será de uma forma gradativa que essas mídias poderão decidir uma eleição.”
Palanque eletrônico
Internet vai pautar temas
Apesar de não ter o poder de decidir um pleito, a internet e suas redes sociais devem desempenhar papel fundamental para pautar os temas a serem abordados pelos candidatos. Nas eleições de 2010, a discussão sobre o aborto tomou conta do mundo virtual e passou a ser debatido pelos candidatos à Presidência. O mesmo pode se repetir no pleito de 2012.
“As redes sociais possuem esse poder de ditar o que os candidatos devem debater. Essa é uma tendência que pode se repetir nas eleições municipais do próximo ano”, afirma o cientista político Emerson Cervi.
A consultora de marketing político Gil Castillo também compartilha desse ponto de vista. “A rede pode virar um palco para se debater questões com que a população se preocupa. Nisso, as mídias sociais serão importantes ferramentas para os políticos e para os eleitores”, enfatiza. (DA)