23/12/2011
Um extenso estudo envolvendo 45 mil mulheres mostrou que o teste para detecção do DNA do vírus HPV, associado ao exame preventivo ginecológico, é mais eficiente para o diagnóstico precoce das lesões que podem levar ao câncer do colo do útero em relação ao papanicolau-padrão.
O trabalho, realizado por uma equipe da VU University Medical Centre, em Amsterdam, acompanhou as mulheres por cinco anos e é o mais consistente publicado até hoje demonstrando essa correlação. O estudo foi publicado na revista “The Lancet Oncology”.
A associação dos métodos apresentou maior eficiência na detecção precoce dos indícios desse tipo de câncer, reduzindo de 0,07% para 0,02% a incidência da doença no grupo analisado.
Baseado nessa evidência, os pesquisadores sugerem que os serviços de saúde incluam o exame do HPV entre os procedimentos ginecológicos de rotina de mulheres com mais de 30 anos. No Brasil, o protocolo médico padrão indica esse procedimento apenas para pacientes que apresentaram resultado suspeito no papanicolaou.
De acordo com o médico César Eduardo Fernandes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo, os resultados apresentados pelo estudo são de fato sólidos. “É o tipo de trabalho que orienta a formulação futura de novos procedimentos médicos”, diz.
No entanto, ele defende que, antes de se pensar em adicionar mais um exame à rotina preventiva, seria necessário aperfeiçoar os métodos atuais de coleta e análise, considerando a realidade brasileira. “Há regiões do país em que até 60% das amostras não podem ser analisadas por falhas nessas etapas”, diz.
Outro ponto levantado pelo médico é quanto ao custo adicional para o sistema de saúde. O exame de DNA é duas a três vezes mais caro que o papanicolaou.
VACINA
O estudo chega num momento em que está em discussão no país a inclusão da vacina contra HPV no Programa Nacional de Imunização.
Segundo um parecer do ministério sobre o assunto, o custo adicional para o programa seria de R$ 1,86 bilhão, enquanto seu orçamento atual é de R$ 750 milhões/ano.
Além disso, a vacina não apresenta proteção contra todos os subtipos do vírus que estão relacionados ao câncer, não dispensando outras medidas de proteção, como o uso de preservativo.
Os principais fatores de risco são o início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros, além do tabagismo e do uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.