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Política

Cúpula do PMDB aguarda Temer para selar destino de Novais

Cúpula do PMDB aguarda Temer para selar destino de Novais

14-09-2011

O presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse nesta quarta-feira (14) que os líderes do partido irão se reunir na tarde de hoje para discutir a situação do ministro do Turismo, Pedro Novais, alvo de denúncias de uso indevido de dinheiro público. A cúpula do PMDB só aguarda a chegada do vice-presidente Michel Temer a Brasília.- A questão do ministro não foi debatida ainda. Aguardamos esclarecimentos do ministro. Espero que possam surgir esclarecimentos sobre esse episódio.

Temer estava em São Paulo, onde ficou internado com intoxicação alimentar, mas retorna ainda hoje à capital federal. A reunião deve acontecer no gabinete da vice-presidência, no Palácio do Planalto.

Raupp definiu como indefensável o uso de dinheiro público para pagar despesas pessoais. Mesmo sem culpar diretamente o ministro do Turismo, o presidente do PMDB disse que não é possível comprometer a imagem do partido só por causa de uma pessoa.

O senador esteve hoje com a presidente Dilma no Palácio do Planalto, acompanhando o governador de Rondônia, Confúcio Moura, que solicitou financiamento para recuperação de lavouras.

Ao ser lembrado por repórteres de que, com a esperada queda de Novais, o PMDB perderá o terceiro ministro na Esplanada em pouco mais de um mês, Raupp disse que problemas assim acontecem "no Japão, na Inglaterra e em muitos países". O PMDB já perdeu os ministros Wagner Rossi, da Agricultura, e Nelson Jobim, da Defesa.

Deputado eleito pelo PMDB do Maranhão, Pedro Novais foi indicado para o Ministério do Turismo pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-AL), com o aval de Michel Temer. Em agosto, a Polícia Federal deflagrou a operação Voucher no ministério, que acabou com 36 presos, incluindo o número dois da pasta, Frederico Silva da Costa, ex-secretário-executivo.

Denúncias

Desde que assumiu o ministério, em janeiro, Novais virou foco constante de denúncias. A situação piorou, porém, após o jornal Folha de S.Paulo publicar nesta quarta-feira que o servidor da Câmara Adão dos Santos Pereira atuava como motorista da mulher do ministro.

Adão trabalhava no gabinete de Novais, quando ele era deputado federal pelo PMDB do Maranhão. Quando deixou o cargo para assumir o Turismo, o motorista foi transferido, em um jogo cruzado de favores políticos e fisiológicos comum no Congresso, para o gabinete do deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA). Ambos são aliados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).Em outra reportagem, publicada na terça-feira (13), Novais foi acusado de usar a verba de gabinete da Câmara para pagar o salário da governanta de seu apartamento por mais de sete anos, quando exercia mandato como deputado. De acordo com o jornal, a empregada recebia como secretária particular do gabinete, sem nunca ter despachado no Congresso. A assessoria de Novais, porém, disse que Doralice Bento de Sousa exercia a função de apoio administrativo.

O Ministério do Turismo também esteve envolvido em denúncias de corrupção. Durante a operação Voucher, a Polícia Federal prendeu, em agosto, 36 pessoas acusadas de desvios de R$ 4 milhões. O dinheiro seria destinado a contratos firmados entre a pasta e o Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável). Entre os presos estavam funcionários da cúpula da pasta.