07-08-2011
Após reunião com Dilma e militares, Amorim diz que não vai "reinventar a roda"
07-08-2011 Fonte: R7 Notícias
Um dia depois de ter sido nomeado para substituir Nelson Jobim no comando do Ministério da Defesa, Celso Amorim se reuniu neste sábado (6) pela primeira vez com a presidente Dilma Rousseff e com os comandantes das Forças Armadas. De acordo com assessoria do ministério, ele disse que não vai "reinventar a roda".
Amorim almoçou com Dilma no Palácio do Alvorada, onde chegou por volta das 12h45 e de onde saiu às 15h20. Segundo a assessoria do ministério, durante a longa conversa com a presidente, o novo ministro recebeu as primeiras orientações sobre a condução da pasta. Ele estava em João Pessoa desde a última quinta-feira (4), quando Jobim deixou o cargo e o ex-chanceler foi anunciado pela presidente como o novo ministro da Defesa.Do Alvorada, Amorim seguiu direto para o Palácio do Planalto, onde recebeu os comandantes do Exército, general Enzo Peri; da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito; da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi. O encontro durou 1h45.
De acordo com a assessoria da pasta, o novo ministro apresentou aos militares os motivos que o levaram a aceitar o convite para assumir o cargo. Ele disse estar com bastante disposição, prometeu se empenhar para executar as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, aprovada em 2008, e disse que não vai "reinventar a roda".
Além de se apresentarem ao novo ministro, os comandantes militares destacaram as prioridades de cada pasta. Ainda de acordo com a assessoria, Amorim ficou bastante satisfeito e considerou a conversa positiva. Nos próximos dias, ele deve se reunir com cada comandante individualmente a fim de conhecer mais a fundo as necessidades.
Descontentamento
Reservadamente, os militares reagiram mal à escolha de Amorim. Eles consideram que o perfil de diplomata é inadequado para a pasta e não acreditam que o novo ministro vá defender os interesses da Defesa.
Para amplos setores das Forças Armadas, o diplomata foi o principal responsável por aproximar o Brasil de países com regimes fechados, como Cuba, Venezuela e Irã. Os militares criticam o fato de ele ser um homem de esquerda e temem pela condução que o novo ministro dará a temas estratégicos, como o programa nuclear, o reaparelhamento das forças e a instalação da Comissão da Verdade, que abordará violações de direitos humanos durante o regime militar.
Nelson Jobim foi substituído depois de ter feito sucessivas declarações que geraram desconforto ao governo federal, como a de que, nas últimas eleições presidenciais, votou no candidato tucano José Serra e não em Dilma. A nomeação de Amorim foi publicada no Diário Oficial da União de ontem (5) e a cerimônia de posse está prevista para a próxima segunda-feira (8), em horário ainda não definido.
Ontem, ao participar de um evento em João Pessoa (PB) a convite da Universidade Estadual da Paraíba, Amorim prometeu respeitar os interesses estratégicos nacionais na condução da política de Defesa e elogiou o trabalho de seus antecessores.