02-08-2011
Sem Derosso, sessão da Câmara termina em tumulto.
02-08-2011F
Fonte: Gazeta do Povo
Por: Sandro Moser
A primeira sessão da Câmara Municipal de Curitiba no segundo semestre foi marcada ontem por protestos contra a gestão do presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB), e terminou em confronto entre manifestantes e a Guarda Municipal. O presidente da Câmara não compareceu à sessão inaugural do semestre legislativo, que durou menos de uma hora até ser interrompida pelo primeiro vice-presidente do Legislativo, vereador Sabino Picolo (DEM).
Derosso era esperado para dar explicações sobre os contratos milionários de publicidade da Câmara que beneficiaram, dentre outros, a sua esposa, a jornalista Cláudia Queiroz Guedes. Além disso, conforme revelou a edição do último domingo da Gazeta do Povo, a Câmara está sendo investigada por ter contratado quatro funcionários da Assembleia Legislativa do Paraná - o que é proibido, já que a Constituição não permite que um servidor acumule dois cargos públicos. O Ministério Público investiga também se os servidores eram fantasmas na Câmara.
Outra ausência sentida foi a do prefeito Luciano Ducci (PSB). Ao contrário do que estava previsto, o prefeito não abriu os trabalhos do Legislativo. O secretário de Administração municipal, Homero Giacomini, o representou e leu uma mensagem do prefeito.
Confusão
Antes do início da sessão, por volta das 14 horas, um grupo de pouco mais de 100 manifestantes ligados a sindicatos, entidades estudantis e partidos de oposição carregavam cartazes contra Derosso e pediam sua cassação.
O clima começou a esquentar depois que a segurança da Câmara impediu o acesso dos manifestantes ao plenário, sob a alegação que não havia mais espaço nas cadeiras destinadas à população. Os espaços estavam todos ocupados por funcionários comissionados da prefeitura - alguns do alto escalão. Segundo a vereadora Professora Josete (PT), esses servidores foram convocados à sessão e receberam das respectivas secretarias em que trabalham um botton em cor verde que permitia o livre acesso ao plenário.
Sem o botton verde, os manifestantes não tinham permissão para entrarE acabaram ficando numa sala do lado de fora do plenário. Para a vereadora petista, os servidores foram convocados para poupar o presidente Derosso das críticas. "Causa indignação essa discriminação [aos manifestantes]. Mostra que a Casa que deveria ser do povo é a casa dos amigos do rei", disse.
A tensão aumentou começou quando uma segurança da Câmara tomou das mãos de um manifestante uma bandeira da União Nacional dos Estudantes (UNE). Houve início de conflito entre estudantes e guardas municipais . Em seguida, a sessão foi interrompida, quando o líder do prefeito, vereador João do Suco (PSDB), fazia um balanço da atividade legislativa no primeiro semestre.
Para conter a exaltação dos manifestantes, um cordão de isolamento foi formado pelo Grupo de Operações Municipais (GOE) da Guarda Municipal. Alguns vereadores que deixaram o plenário logo após o final da sessão, saíram sob proteção da segurança. E foram vaiados pelos manifestantes. A maioria dos vereadores permaneceu no plenário, esperando a situação se acalmar.
Após o tumulto, a Câmara enviou uma nota de esclarecimento à imprensa dizendo que as restrições quanto ao número de pessoas no plenário "se baseiam na segurança e bem-estar dos cidadãos" e que em "nenhum momento [a Casa] teve a intenção de privar os visitantes de assistir à sessão plenária ou de manifestar suas opiniões".