18-05-2011 Governo deseja que a Rodonorte construa neste ano um contorno na BR-277 para desviar tráfego de Campo Largo.
18-05-2011
A primeira alteração no contrato de pedágio do Paraná pretendida pelo governo de Beto Richa está praticamente acertada: a construção de um contorno rodoviário em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, que tiraria do perímetro urbano todo o tráfego pesado da BR-277. A obra está prevista para ser iniciada somente em 2014, mas deve ser antecipada para 2011 em razão dos congestionamentos e do alto índice de acidentes. A negociação faz parte de um acordo para a revisão dos contratos de concessões de rodovias, que teve como ponto de partida a suspensão temporária de 140 ações que tramitam na Justiça, conforme antecipou ontem a Gazeta do Povo.
Além de analisar possibilidades técnicas para a redução das tarifas de pedágio, o governo garante que não abre mão de antecipar obras e até mesmo incluir novas construções no contrato. Para adiantar o contorno de Campo Largo, o governo propõe protelar a duplicação do trajeto entre Jaguariaíva e Piraí do Sul, nos Campos Gerais, prevista para iniciar neste ano. As duas obras são de responsabilidade da concessionária Rodonorte, que administra o trecho.
O secretário de estado da Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, conta que está sendo avaliada qual obra é mais importante, no atual momento, para o Paraná. "Um dos aspectos que analisamos é o fluxo de veículos. E o tráfego é muito mais intenso no trecho de Campo Largo", explica. No trecho da BR-277 que corta Campo Largo passam 35 mil veículos por dia enquanto que no percurso entre Piraí do Sul e Jaguariaíva são 5 mil.
O levantamento técnico que apontará o valor final das obras ainda não foi realizado. O governo está segurando a autorização do início da obra na PR-151 para negociar a substituição. Ainda faltam detalhes, mas, como se trataria de uma troca, a alteração é dada como certa. "Não dá para começar a negociar pontualmente, uma obra ou outra, sem termos avançado nas conversas sobre os contratos", argumenta o secretário.
Nova rodovia
O contorno de Campo Largo deve ter 11 quilômetros por meio de uma nova rodovia a ser construída. O desvio deve começar no fim da serra de São Luiz do Purunã e terminar logo após o término do perímetro urbano de Campo Largo. O traçado preciso ainda não está definido. Depois da conclusão do contorno, o trecho que hoje corta a cidade de Campo Largo passará a ser administrado pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Assim, quem vem do interior para a capital não passará mais, por exemplo, pelo semáforo que existe no trecho urbano da rodovia e geralmente causa congestionamento em feriados prolongados. Na semana de Páscoa, por exemplo, a fila de veículos chegou a 22 quilômetros. A quantidade de acidentes também preocupa. Em 2010, foram 205 colisões, com 103 vítimas, sendo três mortes. Se comparados os percursos no sentido capital e interior, a pista que passa por dentro de Campo Largo concentra 71% dos acidentes. As batidas são predominantemente colisões traseiras, típicas de movimento com alto fluxo.
A construção do contorno deve atender uma reivindicação de moradores de Campo Largo que tiveram um acesso secundário fechado em janeiro. Os motoristas precisam agora fazer um retorno que prolonga a viagem em 1,6 quilômetro. A partir da nova obra, o acesso poderia ser liberado.
Richa admite prorrogar contratos
O governador Beto Richa declarou ontem em entrevista a Rádio CBN que a prorrogação dos contratos de pedágio - que atualmente têm validade até 2022 - não está descartada na negociação para ampliar obras e diminuir preços. "É uma hipótese sim. Não afasto essa possibilidade, porque milagre não existe. Ninguém vai baixar tarifa e investir recursos vultosos na melhoria da infraestrutura dessas rodovias, sem uma contrapartida. E acho que os usuários não se preocupam na duração desses contratos de concessão. Querem saber se o preço é acessível e se as rodovias estão em bom estado", disse.
O secretário estadual da Infraestrutura e Logística e irmão do governador, José Richa Filho, é mais cauteloso. "Não dá para falar em prorrogação de contratos antes de falar em obras e mais transparência. Primeiro o usuário precisa ver mais claramente os benefícios", declarou. Um projeto de lei para proibir a prorrogação dos contratos foi apresentado na Assembleia Legislativa no ano passado, mas acabou sendo considerado inconstitucional. Há uma cláusula nos contratos que prevê a possibilidade de os acordos serem renovados por 25 anos.