Sexta-feira às 03 de Maio de 2024 às 07:06:31
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Opinião

Democracia, censura e escuridão

Que o ano político, com eleições, é envolto de uma tensão que pode ser praticamente palpável, não é novidade.

Democracia, censura e escuridão

Que o ano político, com eleições, é envolto de uma tensão que pode ser praticamente palpável, não é novidade. Mas parece que, ano após ano, esta sensação vem sendo cada vez maior. Infelizmente, evita-se falar de política para que brigas não aconteçam, famílias não se separem por conta de uma decisão igualitária e individual. Falta de amadurecimento, talvez. Ou de consciência política, leitura, maturidade. Deveríamos sim falar sobre política, não na intenção de induzir, mas de analisar, compreender pontos de vista diferentes, com respeito, sem cegueira ideológica.

Se já é dificil falar sobre política de maneira privada, entre família e amigos, imagine então apresentar informações importantes ao público? Nós, na posição de comunicadores e jornalistas temos um trabalho sensível em nossas mãos, de levar a informação ao leitor de maneira imparcial e integral e sem ser interrompido, censurado ou tolido por “manuais”. A ética e a linha editorial devem prevalecer. A linha editorial é o coração de um veículo de comunicação, é a sua identidade principal, nos guia para trazermos a abordagem da informação e os temas tratados nele. Há espaços dentro do veículo que permitem sim a abordagem mais pessoal de um assunto, como o Editorial e, no nosso caso, a Alça de Mira, sempre dentro dos limites pré-estabelecidos de publicação.

Quando percebemos que há sutis ameaças ao nosso direito de informar, já ficamos alertas sobre o porvir. Por exemplo, a regulação de mídia, citada por um candidato, bastante repercutida no mês de maio, quando ainda estávamos em ritmo de pré-campanha, sem detalhamentos, apenas com a premissa de discutir em sociedade modelos europeus e norte-americanos, leva-nos a pensar na Constituição que garante a expressão livre. Que garantia teremos que não viveremos uma ditadura novamente?

Atrelado a isso, vem a censura a canais livres, como Jovem Pan News, Brasil Paralelo e outros, com viés claro de direita. Andam dizendo nas redes sociais que aqueles que desempenham o papel unicamente de informar não devem se preocupar, mas tudo começa aos poucos, com a sutileza de calar aqueles que são contrários. Poderemos levantar questões que parecem estar erradas, ou caberá a nós acreditarmos na inocência digna de uma criança, no tocante a alguns políticos em contraste com a maldade avassaladora e genialidade para o crime de outros? Difícil confiar, mas que cada um vote conforme a sua própria consciência.

Nenhum tipo de censura deve ser corroborada ou apoiada pela população brasileira, que já sofreu tanto com isso. Se o amanhã é um mistério, ele parece muito mais obscuro quando acontecem fatos que nos deixam incertos do futuro. Seria este o princípio? Ou seria algo pontual? Ninguém consegue nos responder com certeza, pois nem todos os planos são transparentes, nem todas as cartas estão na mesa. É quase como jogar no escuro. Mas uma coisa é certa, quem não levanta para acender a luz, não pode reclamar na escuridão. Esperamos todos no dia 30 para desempenhar a apreciada democracia que ainda nos pertence.