15-04-2011
A secretária Nadime Antum, 52, usou óculos multifocais por oito anos, mas diz que nunca se acostumou. "Era muito ruim. No final do dia, meus olhos ficavam vermelhos e eu tinha que usar soro fisiológico para aliviar a dor", conta.
Dirigir, então, era pior. "Não conseguia medir a distância para o carro da frente ou o pedestre." Em 2010, Nadime, que mora em Curitiba, fez cirurgia para implantar lentes intraoculares. Aposentou os óculos. "Um paraíso, outra vida."
O gaúcho Enio Silveira, 43, é míope desde os 11, mas só teve problemas com óculos quando passou a usar multifocais. "Se você levanta a cabeça, fica borrado. É um tapa-olho de cavalo", afirma o analista de sistemas. Ele diz sentir dificuldade para andar na rua. Vai pedir ao médico que prescreva dois óculos. "Perdi aquela ideia de que é mais fácil ter um só."
Nadime e Enio tentaram as lentes multifocais contra a presbiopia, que afeta todas as pessoas depois dos 40 anos. O músculo que movimenta o cristalino perde elasticidade, dificultando o foco sobre objetos próximos. As lentes concentram, numa só peça, focos para distâncias longa, média e curta. Levam vantagem sobre as bifocais porque a transição entre os focos é progressiva. Mas basta um pequeno movimento com a cabeça ou com o olho para enxergar pela distância errada. Tropeções, dores de cabeça e tonturas são comuns em quem não se adapta. O preço também é um inconveniente. "Uma lente multifocal boa custa dez vezes o preço de uma lente comum", calcula o oftalmologista Hamilton Moreira, diretor do Hospital de Olhos do Paraná.
No Brasil, uma lente multifocal padrão custa em torno de R$ 600, mas pode chegar a até R$ 3.000, se for mais fina, mais leve e antirreflexo.