A Secretaria de Educação do Paraná (Seed-PR) anunciou no último dia 04 o resultado do Selo ERER Enedina Alves Marques, que reconhece escolas da rede estadual por suas práticas educacionais antirracistas e ações afirmativas. Entre as instituições contempladas está o Colégio Estadual Sagrada Família (Cesf), o único de Campo Largo na lista. Válido por dois anos, o selo certifica o compromisso da instituição com a promoção de práticas inclusivas no ambiente escolar.
Em entrevista à Folha de Campo Largo, algumas professoras da Equipe Multidisciplinar e a Irmã Lúcia Staron, diretora geral do Cesf, destacaram que o projeto não foi restrito a uma única disciplina ou ação isolada, mas uma construção colaborativa que envolveu toda a comunidade escolar.
Fizeram parte da Equipe Multidisciplinar as professoras Celina Marques de Oliveira, Ana Domingues da Silva de Almeida, Daniela Tatiane Leandro, Dircilene Sene, Jurema Gonçalves dos Santos, Laura Mattos de Salles, Lucimara Salete Guerchewski, Marcia do Rocio Zanetti Merchiori, Maria Izabel Malinowski, Michel Ary Alves da Silva, Monica Helena Vieira, Monica Marques Ribeiro, Nelci Osowski, Nizete Portela dos Santos e Paula Cristina Fialkoski, que trabalharam com os estudantes o tema abordado de forma interdisciplinar e integrada.
A Irmã Lúcia afirmou que a temática sempre esteve presente na instituição com o objetivo de combater todas as formas de preconceito. Neste ano, o projeto se destacou por meio de ações como painéis, apresentações de teatro, danças, manifestações artísticas e outros trabalhos que tiveram início em 2023 e se mantiveram de forma contínua em 2024.
Questionadas sobre a importância do tema para a formação dos estudantes, as professoras ressaltaram que atuar como educadoras antirracistas é fundamental para promover mudanças no comportamento social. Elas afirmaram que educar para essas questões ajuda a evitar que os alunos cometam ou propaguem atitudes racistas e preconceituosas, contribuindo para uma sociedade mais consciente e igualitária.
Os resultados do projeto já se refletem no cotidiano dos estudantes, que passaram a consumir mais produções culturais feitas por pessoas negras, além de reconhecerem melhor suas origens e se identificarem com sua árvore genealógica e história. “Se ver e se reconhecer como negro no Brasil é também reconhecer uma cultura que lhes pertence”, destacaram as educadoras.
Além disso, o trabalho ajudou os estudantes a compreenderem e diferenciarem situações como racismo, injúria racial e segregação racial. Eles também desenvolveram maior consciência sobre a gravidade desses crimes e aprenderam a identificar falas preconceituosas disfarçadas de “brincadeiras”.
O diálogo sobre o tema ultrapassou os muros da escola e chegou às famílias. Muitos estudantes compartilharam discussões com seus pais ou responsáveis, trazendo contribuições valiosas para o debate entre colegas. “Embora nossa sociedade ainda seja marcada pelo racismo estrutural, acreditamos que caminhamos lentamente rumo a uma comunidade mais consciente e igualitária”, finalizaram as professoras.
Sobre o Selo
O ERER é a sigla para Educação para as Relações Étnico-Raciais e homenageia Enedina Alves Marques, a primeira mulher a se formar em engenharia civil no Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil. Nascida em Curitiba em 1913, Enedina representa a luta por equidade racial e inclusão no campo educacional e profissional.
Essa iniciativa é inédita na rede pública estadual e a entrega oficial do Selo às escolas contempladas ocorrerá no início de 2025. O projeto foi lançado em agosto de 2024 pela Coordenação de Diversidade e Direitos Humanos da Seed-PR e tem como objetivo reconhecer e fortalecer práticas pedagógicas que abordem temas étnico-raciais, promovendo equidade e combate ao racismo estrutural no ambiente escolar.