Mateus Seguro, de apenas 15 anos, é estudante do 1º ano do Ensino Médio e um parceiro do Instituto Brasileiro de Ciências e Inovações (IBCI), que está participando do desenvolvimento de um projeto em parceria com sua equipe para um desafio da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço, a norte-americana NASA. O objetivo é solucionar um problema histórico existente desde 1969, tornando este o ponto mais alto da promissora carreira do jovem de Campo Largo.
Mateus alcançou esse destaque através de seus projetos inovadores, ao apresentar uma bengala eletrônica assistiva e acessível para deficientes visuais de baixa renda ao presidente do IBCI, a iniciativa lhe rendeu o convite para integrar uma equipe de 12 pessoas, incluindo jovens pesquisadores, astronautas brasileiro e norte-americano, com membros de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O desafio da NASA
O grupo está trabalhando em uma solução para a destinação correta de resíduos orgânicos gerados por astronautas no espaço, como fezes e urina. Atualmente, esses resíduos não podem ser descartados diretamente no espaço devido aos efeitos da desintegração, pressão e temperatura. O problema existe desde a missão Apollo 11, em 1969.
“Nosso projeto busca resolver essa questão, e conta com a colaboração com Marcos Palhares, visando contribuir diretamente com a NASA. Trabalhamos nisso há aproximadamente cinco meses. Apenas um projeto será selecionado e premiado com US$ 3 milhões. Apesar de não poder revelar detalhes, adianto que os testes têm mostrado resultados promissores, com 97% de chance de sucesso”, relata Mateus.
Trajetória científica e paixão pela inovação
A relação de Mateus com a ciência espacial começou cedo. Ele nasceu no mesmo ano em que o programa do satélite Kepler foi lançado, em 2009, e seu nome está gravado em um disco de ouro enviado ao espaço, junto a apenas 499 outros nomes ao redor do mundo.
Além do projeto para a NASA, Mateus trabalha em iniciativas voltadas à sustentabilidade, como o uso do hidrogênio verde em motores automotivos, fazendo a combinação dos combustíveis fósseis e água para reduzir emissões de poluentes. A ideia surgiu por meio experimentos realizados com um Voyage 1990, ainda aos 10 anos. “Eu assistia os vídeos do Manual do Mundo e fazia os testes, jogando os parafusos na água, ligando na bateria do carro. Via que borbulhava e joguei um fósforo, quando explodiu. Tinha ali um combustível. Depois de cinco anos de estudo e aprimoramento, criei geradores maiores e vi o potencial para aplicação industrial”, explica.
Outro destaque é a bengala assistiva eletrônica, desenvolvida com materiais sustentáveis, como bioplásticos e metais reciclados. Ele conseguiu reduzir o custo do equipamento semelhante que já é comercializado, e custa cerca de R$ 4 mil, para apenas R$ 219,73, tornando assim acessível a pessoas de baixa renda. “Trabalhei na compilação da tecnologia e consegui criar um equipamento de alta qualidade, acessível e sustentável”, ressalta.
Reconhecimento e metas futuras
Mateus já conquistou 12 prêmios e títulos entre 2020 e 2024, além de ter participado de 27 eventos científicos, incluindo exposições e congressos internacionais. Em 2023, venceu o FICIÊNCIAS na categoria Engenharia, onde conheceu diretores da Itaipu Binacional, recebendo um convite para estágio, que ainda não pode realizar devido à idade.
O jovem mantém proximidade com a Renault Brasil e França, onde já realizou visitas e testes laboratoriais. “Essas conexões abrem muitas portas, e quero aproveitar cada oportunidade”, afirma.
A próxima meta de Mateus é participar da Febrace, em São Paulo, e expandir para grandes feiras internacionais, como as dos Estados Unidos, Tunísia e Alemanha. “Esses projetos começaram como atividades escolares, mas hoje são parte essencial da minha vida. Tenho propriedade intelectual sobre todos eles, e vou continuar pesquisando. Incentivar jovens à ciência e à experimentação é fundamental, assim como contar com o apoio da família, algo que sempre tive e que considero muito importante, pois sem meus pais, não estaria onde estou hoje”, finaliza.