Durante a manhã e a tarde desta segunda-feira (04), na Casa da Cultura, profissionais que atuam no Programa de Combate as Arboviroses dos municípios da 2ª Regional de Saúde, técnicos, Agentes de Combate a Endemias (ACE’s) e demais envolvidos tiveram a oportunidade de se encontrar para a 1ª Mostra de Experiências Exitosas de Combate à Dengue dos municípios que abrangem a regional.
A programação iniciou com os dados epidemiológicos da Dengue nestes municípios, apresentados por Michele Brugnerotto, médica veterinária da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná. A equipe de Campo Largo foi a anfitriã e iniciou as apresentações trazendo o êxito do município no monitoramento de pacientes com Dengue. A bióloga do departamento de Vigilância em Saúde, Virginia Prado Schiavon, falou sobre como a equipe está realizando o acompanhamento dos casos de arboviroses no município, utilizando uma planilha compartilhada com as Unidades Básicas de Saúde - que registram todo o monitoramento realizado -, assim a Vigilância consegue acompanhar em tempo real. Além da importância da estratificação de risco, especialmente neste momento está ocorrendo uma mudança significativa no comportamento dos mosquitos na nossa região - tornando quase a totalidade de municípios do Paraná infestados com a presença do transmissor Aedes aegypti.
Também trouxeram casos de sucesso: a equipe de Almirante Tamandaré, explicando como faz a supervisão de campo dos ACE’s, por Vanessa P. Wastner Palkowski que é a coordenadora do Programa Municipal. Já Araucária revelou como utiliza um aplicativo para as ações de campo dos ACE’s, com exposição da Cheila Cristina Martins de Araujo, bióloga, e de Márcio Roberto Vilhena Canto, supervisor dos ACE’s no município.
Monitorar para combater
Após o almoço foi a vez da experiência de êxito em Curitiba, com a explanação do monitoramento de armadilhas para capturar o mosquito transmissor da Dengue, e assim ampliar a capacidade de acompanhamento da proliferação e das áreas em que estão concentrados focos do mosquito. A bióloga da Secretaria Municipal de Saúde da capital, Tatiana Fioriti Robaina Bausewein, contou como a equipe instalou nas áreas de alta densidade do vetor - locais com maior incidência de casos da doença - as armadilhas chamadas de mosquitrap. Elas são compostas por recipientes com água e atrativos sintéticos para as fêmeas dos insetos, além de um adesivo para a captura das mesmas. Os insetos capturados são encaminhados para análise e constatação de possível contaminação e qual variante do vírus estão portando. Já as outras áreas de Curitiba seguem monitoradas por ovitrampas que são armadilhas construídas em vasos de plantas com água, ao ar livre, simulando o ambiente ideal para a procriação. Nesses locais, os técnicos analisam a presença dos ovos, sendo que alguns são enviados para o laboratório, onde eclodem de forma segura para análise da espécie.
“Separamos o município em áreas quentes e frias, mas na verdade não há mais áreas frias como era antes. Temos a clara percepção da adaptação do mosquito, devido às variações climáticas, especialmente no calor”, alertou Tatiana ao mostrar algumas análises feitas semana a semana que revelam a dinâmica dos criadouros.
A bióloga aproveitou para dar orientações de como instalar a armadilha, de planejamento de rota e organização das armadilhas para agilizar a execução dos agentes na rua, de como proceder a abordagem junto aos moradores e de como conduzir o monitoramento das mesmas, que deve ser contínuo - quem recebe a armadilha passa a receber a visita dos agentes toda semana. Outro ponto crucial, segundo ela, é saber ler os dados e analisá-los para mandar as equipes nas áreas mais críticas e saber o que alcançar. “A ideia é deixar as pessoas cientes da importância desse monitoramento, tendo em vista os últimos cenários de crescimento do mosquito. Fazemos isso para ter um levantamento real que ajude no entendimento da dimensão da questão, pois a partir disso conseguimos conhecer nosso território e organizar o enfrentamento, mutirões, parcerias com outras secretarias”, completou.
O dia finalizou com a experiência de Pinhais, que mostrou como é a estrutura da equipe no município e a forma como trabalham, e a importância das ações de georreferenciamento realizadas esse ano no seu Programa da Dengue, com relato do biólogo Fábio Teruo Mise. Segundo ele, o sistema de Registro Geográfico (RG) chamado Geopinhais tem o mapeamento da cidade e, durante seis semanas, oito agentes o preencheram com o que viram em campo, trazendo um alinhamento dos dados da saúde com os dados do urbanismo.
Quem gostou da oficina foi Jacira Honório, Agente de Combate a Endemias no município de Piên. “Mudei de área dentro do município, antes atuava na Educação que era muito diferente. Agora com o concurso e minha chegada na Saúde estou aprendendo muito e, como foi minha primeira participação em um evento como esse, me ajudou porque teve bastante informação nova”, comentou na saída.
A palestrante da Sesa, Michele Brugnerotto, teve a mesma impressão. “Essa foi uma oportunidade para, além de reunir servidores de 29 cidades, aprender com as boas práticas, pegar dicas e sair inspirado, levando as ideias para o dia a dia de trabalho e de combate ao mosquito”.
Organizado pela Divisão de Vigilância em Saúde da 2ª Regional de Saúde - Metropolitana da Sesa, e com apoio da Prefeitura de Campo Largo, o evento recebeu representantes das seguintes cidades que compõem a regional: Adrianópolis, Agudos do Sul, Almirante Tamandaré, Araucária, Balsa Nova, Bocaiuva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo do Tenente, Campo Largo, Campo Magro, Cerro Azul, Colombo, Contenda, Curitiba, Doutor Ulysses, Fazenda Rio Grande, Itaperuçu, Lapa, Mandirituba, Piên, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras, Quitandinha, Rio Branco do Sul, Rio Negro, São José do Pinhais, Tijucas do Sul e Tunas do Paraná.