Em 2022 houve um crescimento da presença das mulheres no poder legislativo paranaense. Entretanto, os números ainda não representam a quantidade de mulheres líderes, se comparado ao número de mulheres que atuam nos bastidores da política. Chegamos à nossa maior bancada feminina na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) pela primeira vez, onde as mulheres representam quase 19% entre parlamentares da Casa, ou seja, das 54 cadeiras, temos 10 ocupadas por mulheres.Todavia, ao olharmos para a nossa Campo Largo, vemos um movimento inverso, um declínio lamentável. De quatro vereadoras eleitas para a gestão 2013/2016, vemos o cenário atual de nenhuma mulher eleita para o próximo mandato, na gestão 2025/2028.
Cabe frisar que não é apenas uma questão de gênero, posto que tivemos aproximadamente quase 80 mulheres na disputa eleitoral deste ano, e em sua grande maioria qualificadas e preparadas para assumir o cargo de vereadora. Não somos melhores que os vereadores eleitos, porém qualificadas à altura deles, em busca da paridade de gênero e representatividade, para assim termos a oportunidade de trabalhar em prol da população com visões diferentes para bem comum de todos.
É sabido que a política é um jogo desigual. Poucas mulheres conseguem se sobressair dentro do universo político, mesmo com as cotas para concorrer aos cargos eleitorais. A pressão e a desigualdade ainda afastam muitas delas do meio, mas não podemos desistir, pois a presença feminina no espaço legislativo é de suma importância para sociedade campo-larguense. E essa não é uma luta apenas das mulheres e sim da sociedade como um todo, pela valorização diária da população feminina na família, no trabalho, na educação, esporte, cultura, e em inúmeros aspectos e principalmente no cuidado e zelo para com as pessoas.
Eu me senti honrada em ser a mulher mais votada entre as candidatas locais de Campo Largo na época, como candidata a deputada estadual, durante o pleito de 2022. Um fato que se repetiu na última eleição, quando fui confirmada como a candidata feminina com o maior número de votos na cidade, ocupando hoje a vaga de primeira suplente a vereadora pelo partido, o Progressistas (PP), e a 17ª colocada entre os candidatos eleitos, entre mais de 200 nomes que disputaram o cargo. Agradeço às 801 pessoas, dentre elas mulheres, homens, jovens e idosos que confiaram o seu voto e acreditaram nas minhas propostas, bem como a todos os apoiadores que contribuíram durante a campanha.
A minha trajetória na política começou em 2015, atuando primeiramente nos bastidores, com incentivo de mulheres para política, chegando à Secretaria Estadual da Ala Mulher, pelo antigo PRB em 2017, com desenvolvimento do trabalho fui nomeada vice-secretária Nacional da Ala Mulher do Republicanos (2020), ao lado da deputada federal do Rio de Janeiro Rosangela Gomes. Presenciei o desenvolvimento e conquista de várias mulheres como protagonistas nos espaços políticos em todo o Paraná, o que fez nascer em mim, o desejo de ser também uma protagonista política.
Deixo a mensagem de que devemos sair dos bastidores e buscar ocupar os lugares de poder e decisão; temos em nosso favor a sensibilidade e a força, e podemos sim caminhar lado a lado com os homens para que possamos contribuir de maneira efetiva para a nossa cidade. Desistir não é opção. Se expor é se colocar à disposição para fazer mais e melhor para a nossa sociedade. Não posso acreditar ou aceitar que somente nosso trabalho social, de atendimento à população, de participação nos conselhos, dentre outros, serão suficientes. Nós podemos mais, muito mais! E é por isso que eu divido essa luta da minha caminhada com todos os campo-larguenses, certa de que nosso trabalho não irá parar e que a nossa vez com certeza vai chegar.
Dra. Marcilene Soares foi a candidata a vereadora mais votada em Campo Largo na Eleição Municipal 2024. Ela é advogada, mãe, capelã cristã, empreendedora, militante e voluntária nas causas sociais.
