Vivendo desde agosto de 2022 na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Renan Jacques, campo-larguense, encontrou no local uma certa semelhança com Campo Largo, porém um pouco maior, principalmente na receptividade dos canoenses. A simpática e acolhedora cidade, entretanto, hoje está enfrentando a maior tragédia ambiental já vivenciada na história do Sul do Brasil.
Conforme informações oficiais do Estado do Rio Grande do Sul, a cidade é uma das mais afetadas pelas enchentes e ainda tem moradores ilhados. A Prefeitura orientou a população de todo o lado oeste da cidade a deixar suas casas e buscar abrigo em locais mais altos e seguros do município. Estima-se que mais de 50 mil pessoas vivem em áreas de risco e pelo menos 150 mil pessoas foram atingidas pela enchente. Atualmente são 17 mil vivendo em abrigos e a cidade deve voltar à normalidade somente em 60 dias, divulgou a Prefeitura de Canoas.
“A região onde eu moro em Canoas é alta, então não fomos atingidos pelas chuvas. Porém, infelizmente, muitas pessoas que eu conheço foram. É uma situação extremamente triste o que estamos vivenciando, tem regiões que estão totalmente embaixo d’água”, retrata.
Conforme conta Renan, a chuva começou no sábado retrasado, ainda no dia 27 de abril, e choveu muito a semana toda, até entre quarta ou quinta-feira. A situação preocupante é que chove muito na região da serra e o nível dos rios aumentou absurdamente. “Os rios da região estão muito cheios. Para ter ideia, o Guaíba tem uma média de 2,5m de profundidade e com as chuvas passou a ter 5m. No início do ano, em janeiro, a cidade teve uma enchente, que a água chegou no joelho em algumas regiões. Muitas pessoas acharam que desta vez seria algo parecido, que conseguiriam salvar coisas, mas não, foi muito pior”, conta ele. Em Canoas, segundo informações oficiais desta segunda-feira (06) duas pessoas teriam sido vítimas fatais da enchente.
Na região onde ele vive há energia elétrica, mas o racionamento de água está sendo praticado. Mesmo água mineral sem gás já se mostra escassa na região para comprar nos mercados. Caminhões pipa estão atendendo a população nas regiões, mas para uso racional e trivial. As escolas estão fechadas e sem previsão de retorno, também porque muitos professores e colaboradores foram afetados. “Há muitas escolas servindo de abrigo. Minha esposa está trabalhando home office, mas temos um restaurante que está fechado porque não há como trabalhar, nem mesmo água – que é essencial – temos”, completa.
Atendendo a quem precisa
Renan conta que ele e a esposa se empenham em atender os desabrigados, realizando compras de remédios e alimentos. “Não temos muito o que falar para essas pessoas, mas podemos ajudar elas neste momento tão delicado. O que posso dizer é que o povo gaúcho está muito unido e é essa união que tem feito a diferença. Se fossemos esperar somente pelas providências do governo, estaríamos numa situação bem mais complicada”, diz.
Ele conta ainda que abriu uma vaquinha on-line para arrecadar dinheiro, auxiliar neste momento complicado e tem sido um valor importante, pois conseguem comprar remédios e outros itens que a população necessita. “Esses dias nós zeramos o estoque de meias de uma loja, porque é algo que as pessoas precisam muito e quase não vem nas doações. Por meio dessa ajuda que os amigos e pessoas que se sensibilizam enviam para nós, conseguimos agir. É uma grande corrente do bem”, enfatiza.
Atualmente, o que mais precisa, são doações de roupas limpas – inclusive roupa íntima, meias, roupas infantis e masculinas – produtos de higiene e água mineral. Além disso, cobertas, travesseiros, colchões, toalhas de banho, lençóis, entre outros itens também estão sendo solicitados.
Quem quiser contribuir com o trabalho que Renan e a esposa vem realizando, basta doar via pix (41) 98404-4843 (Renan) e (51) 99737-2786 Lauren. Para acompanhar o trabalho do casal, basta acessar o Instagram @laurenahlert. “Nós só temos a agradecer a todos os amigos de Campo Largo, do Paraná, que estão mobilizados para nos ajudar. Tem feito muita diferença a contribuição de cada um de vocês. Que Deus os abençoe”, finaliza.