A Semana Santa se aproxima e os cristãos do mundo todo vivem intensamente o período quaresmal, que acontece durante 40 dias em preparação para a Páscoa. Esta é considerada a mais importante festa do calendário litúrgico, pois se celebra a Ressurreição de Jesus Cristo, base ícone da fé.

É na quaresma que cristãos são chamados à penitência, jejum e oração, nos decorrentes quarenta dias, mas por que o número 40? De acordo com a coordenadora da catequese na Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Caroline Bertão, “o número quarenta é bastante simbólico na Bíblia, alguns exemplos: o dilúvio na época de Noé durou 40 dias, Jesus foi apresentado no templo 40 dias após seu nascimento, a partir da ressurreição até a ascensão, Jesus aparece aos discípulos ainda por 40 dias e antes da Paixão, Jesus retira-se por 40 dias no deserto para preparar-se para a sua missão, assim como nós temos esses 40 dias para nos prepararmos”.

Para então nos ajudar a viver este tempo de graça, a Igreja propõe exercícios quaresmais, conforme explica a catequista. “A oração é a principal maneira para fortalecer a nossa intimidade com Deus, pois é na quaresma que somos convidados a uma reflexão mais profunda de nossa vida em vista de nossa salvação, e a oração, segundo Santo Afonso Maria de Ligório, ‘é o grande meio para alcançarmos de Deus a salvação e todas as graças que desejamos’”. Outra prática recomendada, conforme explica a Caroline, é o jejum. “Esse exercício nos lembra a fragilidade humana e abster-se de algo em favor dos outros. O Papa Francisco nos ensina que ‘o verdadeiro jejum vem do coração, pois é um compromisso com Deus e com o outro. O amor a Deus e ao próximo é uma unidade’”. Completa dizendo que ligado a isso, “nós temos a caridade que abre à prática do perdão e à reconciliação com nossos irmãos, assim como Jesus nos pede ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amei’ (Jo 15,12)”. 

Quanto à penitência e ao jejum, muitos podem relacionar às necessidades e à fome, sendo que, segundo explicado por Caroline, tendo como base o Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1431, a penitência é “uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo o nosso coração”. O ato de não alimentar-se de carne é uma forma de penitência, fazendo referência à crucificação de Jesus, esse é um “gesto de renúncia, é uma forma de aproximar os fiéis de Deus, experimentando restrições de coisas que nos agradam”, complementa. Já o jejum não é simplesmente privar-se da carne ou da alimentação, “pode-se também fazer o jejum de outras práticas exageradas do cotidiano”, lembra.
Conforme o segundo Mandamento da Igreja, é necessário confessar-se ao menos uma vez ao ano e esta é também uma prática de renovar-se espiritualmente. Para que seja de fato realizada uma boa confissão, a catequista dá algumas dicas: “Fazer um bom exame de consciência, ficar tranquilo ao conversar com o Padre, ser direto e objetivo, mas não a faça com pressa e, por fim, recite o Ato de Contrição”.

“Buscar viver a quaresma e principalmente a Semana Santa com Jesus Cristo, ir à missa, fazer uma visita ao Sacrário com Jesus Sacramentado, rezar em família, meditar a Via Sacra, participar de um Retiro Quaresmal, praticar a caridade, rezar o terço, confessar-se com um sacerdote e o principal é buscar se conectar mais ainda com Deus através da oração”. É evoluir espiritualmente na quaresma, segundo a catequista. Na matriz, o início de março foi marcado por uma tarde de oração, reflexão e preparação para a Páscoa e fica um convite: “Quem tiver a oportunidade de fazer um retiro, faça, seja em um local de retiro ou feito por si próprio, separando um tempo para Deus, pois o retiro é uma ótima oportunidade para fazer uma análise do que é mais importante e, claro, colocando Deus no centro e tudo o mais girando em torno Dele”.