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Retorno para as aulas exige rotina e participação ativa da família, orienta especialista

Últimos dias de férias para estudantes das redes estadual e municipal. O retorno das aulas está previsto para a próxima semana.

Retorno para as aulas exige rotina e participação ativa da família, orienta especialista

Últimos dias de férias para estudantes das redes estadual e municipal. O retorno das aulas está previsto para a próxima semana, mais precisamente para o dia 05 aos alunos de Ensino Fundamental – Anos Finais, Ensino Médio e Técnico do estado do Paraná e no dia 07 para os alunos dos Centros Municipais de Educação Infantil e Ensino Fundamental – Anos Iniciais da Secretaria Municipal de Educação de Campo Largo.

Com um novo ano, vem também os novos desafios e o primeiro deles é a readaptação de horários, que naturalmente ficam mais flexíveis no período das férias. “Estudos indicam que para formarmos um hábito, precisamos ter uma rotina mais disciplinada por 21 dias. O ideal é iniciar essa preparação o quanto antes, retomando hábitos com as crianças, em relação ao sono por exemplo, necessitando de pelo menos oito horas de descanso para revigorar o corpo e a mente; o acesso aos dispositivos eletrônicos deve ser reduzido, diminuindo as telas, principalmente antes do sono – o ideal é duas horas antes; além dos horários de ir dormir, levantar, tomar café, almoçar, entre outros”, indica a neuropsicopedagoga Joyce Mendes, que atua há 13 anos na área.

Demonstre segurança
Quando a mudança é referente ao nível escolar, por exemplo, uma criança que passa do Infantil para o Fundamental ou um adolescente que vai para o Ensino Médio, tudo irá depender de como ela mesma responde. “É tudo novo. O estudante estará em uma fase diferente, em um novo ambiente, com estímulos diferentes. É preciso que nesta fase os pais demonstrem confiança. Principalmente em casos onde a criança inicia a vida escolar, muitas vezes os pais sofrem mais do que ela e isso prejudica muito, gerando uma resistência”, alerta.

No caso de quem está começando a ir para o Cmei ou para a escola, o correto, segundo Joyce, é ser sincero e sempre falar a verdade, dizendo que vai para casa ou para o trabalho e irá voltar para buscá-la quando chegar o momento certo. Há indicação inclusive de um objeto de apego que ajudará ela nessa transição para o novo, sendo necessário verificar com a escola sobre a possibilidade.

“Em relação aos Anos Iniciais, Finais ou Ensino Médio, esses estudantes já têm o conhecimento da rotina escolar, mas ainda assim torna-se importante o acolhimento das famílias diante das mudanças. Sempre trabalhar com a criança que o próximo nível escolar vai exigir mais autonomia dele, que serão vários professores, ensinar ele a administrar o tempo – planejamento, organização dos materiais, comportamento em sala -, exigindo ainda mais uma rotina. Uma boa estratégia é fazer uma visita à escola antes das aulas começarem, se isso for possível, para que ela se ambiente neste local”, orienta.

Em relação à última faixa etária, quando o adolescente passa do Ensino Fundamental para o Médio, Joyce recomenda que as famílias promovam ainda mais a autonomia deste jovem, demonstrando para eles a responsabilidade de uma construção social para o que eles almejam para o futuro. “Como no Ensino Médio já temos um alinhamento voltado para o futuro profissional, acadêmico e social do estudante, construção de uma identidade social, do caráter como indivíduo, então devemos trabalhar de maneira que torne o conhecimento fluído, aplicável à vida dele”, completa.

Mudança de escola
Algumas crianças irão mudar de escola e, além da adaptação ao novo prédio, novos professores, rotinas, métodos de estudo, entre outros, há também a parte social. “É preciso escutar o estudante, ouvir o conflito dela e processar essa informação, analisar como ele está se posicionando e estar em contato frequente com a escola. Em caso de conflito, buscar o apoio da escola para que eles estejam cientes, possam analisar e tomar as atitudes necessárias para com relação à adaptação da criança. Vale ressaltar que é a criança que se adapta à escola e não o contrário. Devemos ter em mente que desafios e conflitos superados, geram aprendizado para toda a vida”, diz.

Por outro lado, deve-se ficar atento ao impacto, frequência e a queixa que ela está trazendo, se está relacionado ao bullying, conteúdo, metodologia, professora, entre outros, tomando as medidas corretas, colocando a criança como protagonista.

Família participante
Joyce indica que é importante demonstrar interesse na rotina escolar, trazendo meios de potencializar o aprendizado com auxílio da família. “É preciso trazê-la para a rotina, não impor. É necessário incluir em atividades de rotina da casa, colocar um horário bom para estudo, elaborando junto com ela esses horários, colocando em um local visível e tornar mais efetiva essa medida”, orienta.

Ter um ambiente apropriado é imprescindível, diz, partindo sempre do exemplo dos outros integrantes da família. “É preciso que nós, adultos, também possamos ter esse olhar e policiar nossas atitudes, por exemplo, ajudar a criança a fazer a tarefa, mas ficar na rede social. Isso poderá deixá-la confusa. Limpar a mesa, tirar objetos de distração e direcionar foco e atenção. A pausa também é importante, pois ela não vai conseguir ficar muito tempo focada em uma atividade repetitiva, principalmente nessa geração. Conclua o que foi proposto, mas divida isso em etapas, para que ela reestabeleça a atenção, o que é algo biologicamente necessário. Coloco aqui também que os pais não devem fazer as atividades pela criança, mas respeitar o tempo e a habilidade dela, pois dessa forma o professor vai saber também como agir com ela. Enviar a atividade toda pronta, perfeita irá mais prejudicar do que ajudar a criança, pois ela, como aluna, se tornará passiva, não conseguirá expor a suas dúvidas ou aperfeiçoar as habilidades, além de impactar no próprio planejamento do professor”, acrescenta.

Estabelecer um bom relacionamento com a escola é primordial, diz Joyce, advertindo que os pais precisam demonstrar interesse nas atividades realizadas e no que a criança está vivenciando, quando fala com ela. Junto da escola, colocar para o aluno o progresso deste processo e não só na nota final. “Elogie, mas faça isso de maneira consciente. Reconheça os passos dados por ela para alcançar este resultado. Se não chegou, ajudar na recuperação, evitando críticas e comparações. Motive e recompense, não como uma troca, mas como motivação para alcançar um objetivo maior, que é o aprendizado e o conhecimento”, finaliza.