Natal e família é uma combinação certeira, visto que é uma data que aproxima quem está longe, sensibiliza os corações e dá ainda mais vontade de estar junto. Esse sentimento está intrínseco no preparo dos pratos da ceia, nas visitas, na troca de presentes, nas fotos ou mesmo no passeio no Centro para ver as luzes.
A Folha de Campo Largo conversou com Juliane Gequelin (CRP 08/10744), psicóloga sistêmica, com formação em terapia individual, familiar e de casal, especialista em Psicologia Hospitalar e da Saúde, que explicou um pouco da importância e a força do relacionamento familiar para a construção da personalidade, inclusive, de cada um. “A família é o primeiro núcleo social do ser humano e exerce a tarefa de cuidado, proteção, acolhimento, bem como estimula o desenvolvimento biopsicossocial, transmite regras e valores, proporciona o senso de pertencimento e também a possibilidade de relações com pessoas em diferentes momentos do ciclo da vida. Conviver com a família ampliada, bem como com pessoas advindas das diferentes configurações familiares (recasadas, homoafetivas, mãe ou pai solo, entre outras), propicia entrar em contato com a diversidade, além de trocas com pessoas com diferentes pontos de vista, valores e experiências. Isso possibilita que se desenvolva respeito, adaptação, compreensão, empatia e aprendizagens.”
Ela salienta que a festividade de final de ano, bem como os demais encontros realizados ao longo do ano, são oportunidades para o encontro de gerações, para conhecer a história da família, estreitar as relações e o diálogo, o que é considerado como fundamental. “Olhar para as histórias familiares, valores, escolhas, lembranças proporciona que possamos enxergar algumas repetições e aprendizagens que foram passadas de geração para geração. Em todas as oportunidades vivenciadas com pessoas em diferentes momentos da vida, estamos acessando múltiplas visões de mundo. A partir daí cabe a cada um se questionar até que ponto está disposto a se relacionar com o que é novo, diferente ou contrário aos seus próprios padrões”, explica.
Quando os desafios surgem
Se por um lado existem as comemorações com as famílias unidas, por outro surgem também os desafios destes relacionamentos, que acabam até mesmo virando “piadas” na internet. Quanto a estas situações, a psicóloga também pontua que é importante avaliar se realmente quer participar da festa, refletir o que quer viver neste período, quais as expectativas, bem como compreender que nem sempre as coisas sairão conforme o planejado. “Devemos entender que é importante cuidar de si e do que está sob seu controle, pois o comportamento do outro não está sob sua responsabilidade. Reflita o que você dá conta de tolerar ou perdoar”, indica.
Momento para reflexão
A psicóloga então defende que é importante se respeitar e questionar para si mesmo o que faz sentido e como quer passar o final e início de ano. “Evite comparar sua família com outras famílias, pois em tempos de super exposição pelas redes socais, tudo parece perfeito, o que não é real. Todas as famílias têm suas dores e seus pontos sensíveis. Para muitas pessoas, as festas de final de ano trazem reflexões sobre a vida, desejos realizados ou não, escancaram ausências, sentimentos de solidão, tristeza, culpas. As oportunidades que temos de reflexão também nos possibilitam fazer diferente daqui para frente”, finaliza.