“Porque um menino nos nasceu, um Filho nos foi dado, e o governo está sobre os Seus ombros. E Ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz”, assim escreveu o profeta Isaías, no capítulo 09, versículo 06, entre 740 e 701 a. C, como dizem os historiadores. Este, que ele profetizou, é Jesus Cristo, que nasceu em um local humilde, já quebrando muitas adversidades, pecados e perseguições que sofreria ao longo da Sua vida, tornando-se a centralidade do cristianismo e o motivo de hoje o mundo vivenciar uma das datas mais importantes do calendário: o Natal.
“O Natal não tem apenas um sentido. Ele tem sim o sentido principal, que é o nascimento de Jesus, mas também é cercado de muitos outros significados. Quando falamos em nascimento de Jesus, não é algo meramente cronológico ou o aniversário de Jesus, mas estamos celebrando a visita de Deus ao Seu povo, que escolheu vir habitar entre nós, assim como diz João em seu evangelho. Ele não é um Deus que fala somente pelos Seus profetas ou que está distante de nós, pelo contrário, Ele assumiu a nossa carne, a nossa humanidade e quando faz isso, assume tudo de nós, carregando sobre Si as nossas dores. A única coisa que Ele não fez quando esteve aqui foi pecar, mas passou por dificuldades humanas e é capaz de nos entender”, explica o pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, padre Carlos Eduardo Ricordi.
O padre segue explicando que Jesus, ao assumir a natureza humana, é capaz de redimir o ser humano, mostrando como cada um deveria ser, um exemplo de humanidade sem erro. “Se em um primeiro momento, com os nossos pais – Adão e Eva – a humanidade se separou de Deus por conta da desobediência, Jesus reforça por meio da Sua vida como seguir a Deus é o caminho para a salvação. É um Deus que vem até nós, que se rebaixa, se preocupa, que quer salvar. Não podemos esquecer que Jesus é Deus, que venceu nossos pecados na cruz”, completa.
Pecados: vencendo desde o ventre da Sua mãe
O padre contextualiza que Jesus enfrentou o peso do pecado de outras pessoas quando ainda estava no ventre da Sua mãe, Maria. Explica que o primeiro foi o orgulho de autoridades que preferiram realizar o massacre de inocentes, a correrem o risco de perder o poder. “Morreram muitos inocentes, era um pecado que colocava em risco toda a Sua vida e que Ele venceu. Depois, quando Maria estava prestes a dar a luz, Venceu o egoísmo. Era um casal humilde que procurava um lugar para seu Filho nascer, bateram em vários locais, mas ninguém quis abrigá-los, essa era a falta de caridade. O nascimento em um local simples nos mostra que a humildade é o caminho a ser seguido em nossas vidas”, explica.
Ele segue exemplificando com a história da passagem de Jesus pelo deserto e a tentação, quando Jesus enfrentou o próprio Satanás, após ficar 40 dias pelo deserto se preparando para Seu ministério. “Os três pecados, que são o ‘ter’, o ‘poder’ e o ‘prazer’ são vencidos ali, por meio da humildade. Combatendo o pecado, Ele mostra que o mal não tem a última palavra, mas que o Filho de Deus vai nos dar a vitória e nos ensinar como vencer as nossas próprias tentações”, completa.
No passado, a Bíblia mostra que a sociedade não estava preparada para receber Jesus, e o padre diz que hoje ainda não está. “A sociedade fala muito de Jesus, mas é preciso deixar que Ele entre em nossa vida e transforme o nosso coração. O amor a Jesus precisa ter impacto sobre nós. Onde há orgulho, egoísmo, ganância pelo ter, pelo poder e o desejo pelo prazer, não há espaço para Deus. Devemos lembrar que não é o ato, mas é o estilo de vida, de enxergar a necessidade do próximo, que nos faz próximos de Jesus”, diz.
Uma vida em comunhão
O padre ressalta a importância então de viver uma vida em comunhão, ter amigos que partilham da mesma fé, ir à igreja e vivenciar verdadeiramente aquilo que professa, independente da religião ou crença. “Nós vamos à igreja para nos encontrarmos com Deus, com a comunidade que reza e saímos de lá fortalecidos. Embora tenhamos nossos momentos de oração individual, também precisamos partilhar com nossa comunidade. As duas coisas se complementam; viver uma fé individualista torna-se até mesmo arriscado, porque em certo momento ela não fará mais sentido e isso é um risco à vida espiritual, trazendo grandes prejuízos de maneira geral para a pessoa, pois a fé dela é um pilar importante, assim como o social, o trabalho e todos os outros”, ressalta.
Acrescenta ainda que ao vivenciar a fé, independente da religião escolhida, é possível aos poucos se transformar em uma pessoa melhor.
“Nosso Deus é um Deus de proximidade e este é o momento de você se mostrar disponível para as pessoas. Infelizmente vivemos um mundo dividido, por vários motivos. Então aproveite essa época para vivenciar o Natal com união, estar ao lado de quem ama, ter momentos importantes juntos, celebre o dom da vida. Se permita vivenciar o Natal. Se você perdeu uma pessoa querida, eu entendo que a sua dor é muito grande, a saudade aperta, mas imagine como essa pessoa gostaria que você vivesse o Natal, sendo uma forma de honrar a vida dessa pessoa especial. É um tempo de perdão, de paz, recarregue suas energias e aproveite para fazer de 2024 um ano diferente, com Jesus no centro, trazendo uma transformação de vida”, finaliza.