“Se doar. Esse é o espírito do nosso Natal”. Muito antes da maioria das pessoas começarem a pensar sobre o Natal, presentes e em como vão celebrar, as famílias Hermann, Castro, Campanharo, Jarek e Sarnik começam um intenso trabalho de arrecadação. Há sete anos, eles tornam essa data mais feliz para famílias carentes de várias regiões de Campo Largo.
“O Natal é uma época que as pessoas costumam se reunir, preparar uma ceia, mas tem muita gente que não consegue fazer isso. Pensando em como somos abençoados por conseguir fazer, buscamos transmitir isso para as outras pessoas também”, explica Carlos Castro, um dos responsáveis pela ação.
Foi com essa ideia que Carlos e seu tio, Cleverson Hermann, decidiram que poderiam fazer algo pelo próximo. Os dois começaram ajudando algumas famílias já conhecidas, com cestas básicas. Por dois anos, as doações eram feitas com dinheiro próprio, sem nenhuma ajuda externa. “Mesmo não tendo ajuda financeira, comprávamos coisas que a gente gostaria de comer também, não era do mais barato”, relata Carlos.
Indo até os locais para fazer essas entregas, eles perceberam que as pessoas precisavam de mais ajuda do que imaginavam. A partir disso, decidiram expandir as doações, procuraram ajuda de familiares e amigos, além de novas formas para arrecadar alimentos. “Sozinhos não conseguimos ajudar da forma que gostaríamos, mas reunindo mais gente e cada um fazendo uma parte, podíamos alcançar mais pessoas”, exalta a voluntária Jéssica Hermann.
Dessa forma, a ação, que antes era feita apenas pelo tio e sobrinho, começou a atrair mais pessoas dispostas a ajudar. Hoje mais de 20 pessoas estão envolvidas e a cada ano mais voluntários se disponibilizam - consequentemente mais doações são feitas.
Notando a gratidão das pessoas que eram ajudadas e com um grupo maior de pessoas envolvidas, começaram a arrecadar brinquedos também. “Antes eram só usados, eu pegava cada brinquedo, limpava, consertava os que estavam estragados e embalava com o maior carinho, mas agora conseguimos doação até mesmo de brinquedos novos”, relata Jéssica.
Para garantir a alegria dessas dezenas de famílias, o grupo inicia o planejamento quatro meses antes do Natal. Além das arrecadações de brinquedos e alimentos, também são feitas rifas para arrecadar dinheiro para a compra das cestas básicas. Carlos conta que toda a organização demanda muito trabalho, e que cada rifa precisa ser conferida diariamente, tudo é anotado e o grupo precisa ficar atento com todo o dinheiro que entra.
A entrega é feita geralmente com um caminhão e três caminhonetes, todos lotados com cestas básicas e presentes. O grupo relata que quando passam pelas ruas, fazendo festa com o Papai Noel, vários outros carros se juntam na carreata, buzinando e entrando no clima. “As pessoas ficam muito felizes em participar, porque é gratificante mesmo”, diz Carlos.
Em 2022, foram entregues mais de mil pacotes de doces com brinquedos e mais de 75 cestas básicas. “Passamos o dia inteiro percorrendo a cidade. Saímos às 07h da manhã e voltamos às 20h para nossas casas para celebrar o nosso Natal. Nessa altura já estão todos cansados, mas com a sensação de missão cumprida por ter ajudado tantas pessoas”, afirma Jéssica.
Apesar do cansaço, ela ressalta que vale a pena, pois há uma verdadeira troca entre eles e as famílias que são ajudadas: “Eles nem sabem, mas quem ganha de verdade somos nós com cada agradecimento, cada sorriso sincero que recebemos. Essa é a motivação para buscar mais a cada ano”.
Neste ano, as doações serão entregues no dia 24 de dezembro, nas regiões do Itaqui, Jardim Rondinha e no Distrito de Bateias. Até o momento já foram arrecadados mais de 400 brinquedos e já cerca de 50 cestas básicas foram montadas, mas o grupo ainda tem várias rifas sendo vendidas, e todo dinheiro arrecadado será usado para a compra de mais itens.
Histórias marcantes
O grupo relata vários momentos emocionantes que vivenciaram durante a entrega das doações ao longo desses sete anos. “São acontecimentos que fazem a gente refletir sobre a nossa própria vida”, afirma Jéssica.
Ela conta que um desses momentos marcantes que se recorda é sobre um menino que ao receber o presente disse que não precisava de brinquedo, e que só gostaria de ganhar um “kit para estudar no ano que vem”. “Naquele ano não recebemos nenhum material escolar, e quando acontece de alguém pedir uma coisa que não temos no momento, a gente sempre tenta levar no outro ano”, explica.
Outro momento marcante para ela aconteceu em Bateias, quando uma mulher, que não estava acompanhada de crianças, viu em cima do caminhão um grande urso. “Ela implorou pelo urso, disse que era o sonho de infância dela.”
“Eu cheguei até a ganhar uma criança”, conta Jéssica. Ela conta que em uma das entregas, em Campo Magro, a mãe de uma menina de cerca de dois anos falou para a menina: “Vai com essa tia que ela vai te dar uma vida boa, vai conseguir comprar fralda e tudo que você precisa”. Emocionada, Jéssica relembra o sofrimento daquela mãe em não poder oferecer a vida que desejava para a filha. “Expliquei que isso era impossível, que a menina tinha que ficar com a mãe, mas que ajudaríamos as duas no que precisassem”, finaliza.
Como ajudar?
Alimentos e brinquedos podem ser levados até o dia 20 de dezembro na loja Bambinni, localizada na Rua Gonçalves Dias – 1189, no Centro de Campo Largo. Para compra de rifas, entrar em contato com Gabrielli Campanharo, através do telefone (41) 99731-3682.