Dr. Ademair Braga Junior, delegado da 3ª Delegacia Regional de Polícia Civil, destaca trabalho executado em 2023 e evidencia que, pelo menos, 23 vidas foram poupadas
A Secretaria de Segurança Pública registrou 1.499 homicídios dolosos – quando há intenção de matar - no Paraná nos primeiros dez meses de 2023, o que representa 10,7% a menos que no mesmo período de 2022, com 1.679 ocorrências do crime. Em 2021 e 2020, foram registrados, no mesmo período, 1.565 e 1.684 casos, respectivamente, ou seja, essa é a maior queda nas mortes dos últimos quatro anos.
Entre os municípios da Região Metropolitana de Curitiba, Campo Largo é uma das cidades com queda mais expressiva. Conforme divulgação oficial do Estado, o número de homicídios caiu de 40 para 17, resultando em uma redução de 57,5%. Além de Campo Largo, mostram queda na RMC as cidades de São José dos Pinhais (46,6%, de 58 homicídios para 31), Araucária (21,4%, de 28 para 22), Fazenda Rio Grande (31%, de 29 para 20) e Pinhais (74%, de 27 para 7).
A Folha de Campo Largo conversou com o delegado Dr. Ademair Braga Junior, da 3ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Campo Largo, que viu como uma conquista do objetivo traçado já quando a equipe assumiu o comando da delegacia, ainda no início do ano. “Temos a sensação de dever cumprido, mas ainda temos muito trabalho pela frente. Em um curto espaço de tempo conseguimos mapear as causas dos crimes e identificar o principal motivo, que é o tráfico de drogas. Um exemplo foi quando deflagramos a operação Conta Conjunta, onde expedimos 31 mandados, 33 mandados de busca e apreensão e 26 pessoas presas, ligadas ao tráfico de drogas, na região do Cercadinho.”
O delegado então explica que a equipe já está mobilizada para o trabalho de combate ao tráfico de drogas em outras regiões também e novas ações estão sendo programadas com o objetivo de neutralizar o tráfico em toda a cidade. Questionado sobre as ações voltadas ao final de ano para combate da criminalidade, Dr. Ademair diz que não existe nada concreto que ligue o verão com aumento de casos de criminalidade na cidade, porém reforça que a cidade manterá suas forças de segurança de maneira tão intensa quanto no restante do ano.
Destaca ainda a importante parceria entre a Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal de Campo Largo. “Eles realizam o trabalho ostensivo e as prisões a traficantes menores, o que contribui também com o nosso trabalho. Essa parceria é muito importante e está cada vez mais intensificada entre as forças de segurança da cidade”, ressalta.
Ele também explica sobre as ações repressivas ao crime. “Nosso trabalho é buscar o máximo de provas possíveis em um curto espaço de tempo quando um crime acontece. Nós reabrimos inquéritos parados, buscamos ligações entre casos e vamos investigando até encontrar os mandantes destes crimes, ao ponto deles mesmos pensarem que se cometerem um crime em Campo Largo serão descobertos e responderão pelo que fizeram”, diz.
Entendendo os números
Dr. Ademair explica que a tendência é manter e intensificar o trabalho em 2024, o que pode melhorar ainda mais os índices da cidade.
“Vamos pegar em números absolutos os dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Quando vemos a redução de 40 para 17 homicídios, temos aqui 23 vidas poupadas. Ao comparar com as demais regiões, como Pinhais, que teve uma excelente queda de 27 para sete homicídios, são 20 vidas poupadas ou mesmo São José dos Pinhais, que foram 27 vidas poupadas, vemos que Campo Largo teve uma das maiores reduções, um excelente resultado, por isso nossa missão é que este número melhore ainda mais no próximo ano”, evidencia.
Ele cita então a importância da participação da população no contexto de denunciar e colaborar com a polícia para identificação de suspeitos. “Nós temos o 181, um canal muito seguro e com denúncia anônima. Quando a Segurança Pública conta com o apoio da população neste combate, nós com certeza teremos uma sociedade ainda mais segura”, finaliza.
Perguntado sobre os números divulgados pela SESP-PR, o promotor Dr. Eduardo Labruna Daiha destacou a importância do feito, em promover uma cidade ainda mais segura aos munícipes. “Campo Largo figurou entre as três cidades mais violentas do Estado do Paraná no ano de 2022 quando se fala em número de homicídios por cem mil habitantes. O alto número de homicídios gera um sentimento de insegurança na população. Felizmente houve um bom trabalho por parte da Polícia Civil que resultou na identificação dos autores dos referidos delitos”, declarou à Folha.
Investimentos importantes
Nos últimos anos, o Governo do Estado investiu na aquisição de 26 mil coletes, 25 mil pistolas e 2,8 mil viaturas, além de 1,7 mil viaturas locadas. Também foram contratados mais de 3,5 mil profissionais para Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, medida que permitiu que 94 municípios paranaenses que não possuíam efetivo fixo da PMPR contassem com a presença policial em suas localidades e que todas as 161 comarcas do Estado tivessem delegados.