Um ano a ser celebrado por estudantes, ex-alunos e profissionais que atuam ou já atuaram no tradicional Colégio Estadual Clotário Portugal, localizado na região central de Campo Largo. Em 2023, a instituição comemora seus 60 anos de fundação fazendo parte da Educação de milhares de pessoas, sempre levando qualidade no ensino.
A Folha conversou com o diretor e professor Erick José Leite, que relembrou a trajetória do colégio, que se une também à sua própria carreira como docente. “O decreto com a criação do colégio foi assinado em janeiro de 1963, mas digo que ao longo de todo o ano estamos comemorando essa data especial. É uma das escolas mais tradicionais e antigas da cidade. Em 1963 o colégio iniciou como um grupo escolar, atendendo as séries iniciais. Depois foi avançando no trabalho, em 1987 passando a ser escola e mais tarde, já na década de 1990, com a vinda do Ensino Médio, foi elevado à categoria de colégio.”
Até o início dos anos 2000, funcionava no mesmo prédio a Escola Municipal Carlos Drummond, que ganhou seu prédio próprio. “Eu comecei dando aula aqui no Colégio à noite, em 1999. Na época tínhamos mais de dez turmas no período noturno, porque eram poucas instituições que forneciam essa possibilidade de estudar à noite. Esse ano retornamos as turmas no período noturno, com cinco turmas e 159 estudantes”, conta.
Atualmente são aproximadamente 1.200 matrículas no ensino regular, além de contar com Sala de Recursos, Mais Aprendizagem, Aluno Monitor, entre outros. O terreno tem 6.600 m2 de terreno, divididos em cinco blocos de salas de aula, laboratórios, biblioteca, quadra esportiva, sendo considerada uma instituição bastante estruturada. A equipe é formada por 105 colaboradores, para atender estudantes que vêm de diversos bairros nos três turnos – manhã, tarde e noite.
“Nós temos bastante projetos que são desenvolvidos no colégio, incluindo Robótica e First Lego League – que é ministrado pela professora de maneira voluntária -, trabalhos realizados aqui, pelo professor Marcelo de História, foi apresentado em um congresso do Chile, tivemos simulação de eleição, onde os alunos puderam entender realmente como funciona o sistema e o processo eleitoral, inclusive com o a posse dos alunos eleitos”, cita.
O diretor comenta que as famílias são bastante participativas na vida escolar dos alunos. “A escola e a família precisam falar com o estudante a mesma linguagem, é como um casamento, eu costumo dizer. Temos um bom apoio quando precisamos resolver questões ligadas aos estudantes”, comenta.
Ainda no mês de outubro foi realizada uma comemoração dos 60 anos da instituição, com a presença de alunos e ex-alunos, familiares e autoridades municipais e estaduais, como o secretário de Educação do Paraná, Roni Miranda, que inclusive foi professor na instituição.
Quem foi Clotário Portugal?
Conforme publicação da Casa Civil do Paraná, Clotário de Macedo Portugal era campo-larguense, nascido em junho de 1881 e filho de James Pinto de Azevedo Portugal e de Ana Macedo Portugal.
Estudou, foi aluno do professor Albino Silva e fez preparatórios no Ginásio Paranaense. Morou em São Paulo, onde cursou a faculdade de Direito, formando-se em 1905. Era casado com Anita Macedo Portugal, sua prima, com quem teve muitos filhos. Foi promotor, juiz de Direito e desembargador, além de inspetor escolar e Procurador Geral da Justiça. Foi interventor federal no Paraná, de 3 de novembro de 1945 a 24 de fevereiro de 1946 e fundador e primeiro presidente do Rotary Club de Curitiba, entre 1933 e 1934. Em 09 de fevereiro de 1947 faleceu em Curitiba, onde residia desde muitos anos.
Sobre ele escreveu o Desembargador Jorge Andrighetto, em 1981, por ocasião do seu centenário de nascimento: “Clotário Portugal presidiu o Tribunal de Justiça do Paraná por tantos anos, como sol de primeira grandeza, a iluminar uma verdadeira constelação de astros, a formar uma verdadeira galáxia no equilíbrio universal do mundo do Direito. A sobriedade, a educação e seu espírito compreensivo, a par, no entanto, da firmeza de suas atitudes, formavam o caráter ideal do verdadeiro magistrado brasileiro. A sua capacidade de administrador ficou patenteado, nos longos anos à frente da presidência do Tribunal de Justiça e dos meses profícuos em que exerceu a interventoria do Executivo na difícil transição do Estado Novo para a redemocratização do país. Nenhum problema escapou à sua argúcia. Ao lado dessas qualidades, a condição de chefe de família exemplar, do bom patriarca, no sentido puro da palavra. Era um homem com a têmpera de aço forjado, indiferente às efêmeras glórias do mundo. Sua ação constituía lição de independência e destemor. Empenhava-se, fundamentalmente, em garantir as liberdades e o prestígio do Poder Judiciário. Foi, sobretudo, padrão de virtudes e exemplos no exercício de cada função pública que exerceu”.
Seu secretariado foi constituído de figuras notáveis da cultura paranaense, entre as quais Oscar Martins Gomes, João Ribeiro de Macedo Filho, José Loureiro Fernandes, Fredericindo Marés de Souza e João Cândido Ferreira Filho.