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Trabalhando com a morte: como é o dia a dia de um coveiro?

Trabalhando com a morte: como é o dia a dia de um coveiro?

Lidar com o momento do enterro é difícil para muitas pessoas, principalmente quando envolve um ente querido que partiu. Porém, você já deve ter reparado em um profissional muito importante e sempre presente nessas horas: o sepultador. No dia 1° de novembro é celebrada essa profissão, considerada uma das mais antigas do mundo.

Apesar de ter a morte como rotina, é preciso aprender a lidar com os sentimentos negativos com muito profissionalismo, e até mesmo frieza, como conta Antônio Cunico Júnior, que trabalha há 25 anos como coveiro no Cemitério Municipal de Campo Largo.

A escolha da profissão aconteceu de forma curiosa, e por influência do pai, que trabalhou mais de 50 anos na mesma função. “Eu estudava de manhã, e após o almoço ia encontrar meu pai no cemitério. Brincava com os carrinhos de mão dele, pulava por cima dos túmulos. E devagarzinho fui pegando gosto no serviço que via ele fazer. Medo nunca tive”, conta.

Júnior trabalha cerca de 8 horas por dia, de segunda a sábado, e faz plantão um domingo por mês. Além de sepultamentos, o coveiro é responsável também pela segurança, limpeza e organização das covas e jazigos do cemitério, e pela exumação dos corpos.

Trabalhar com isso por tantos anos, fez com que ele lidasse melhor com a morte, vendo como algo natural. “Já fiz sepultamento de familiares e amigos. É triste, claro. Mas como em qualquer outra profissão, ali eu tenho que fazer meu trabalho”. Porém, o coveiro explica que não foi fácil se adaptar com o ofício: “É angustiante ver o desespero das pessoas com a partida de seus entes queridos”.

Ele conta que o “fim da vida” pode ensinar muito mais do que amedrontar. Ele tira do seu trabalho, todos os dias, uma lição da vida: A de que no momento da morte, todos são iguais.

O coveiro relembra o momento mais difícil desses anos de profissão: A pandemia da Covid-19. “Eu trabalhava na linha de frente. Fazia até cinco sepultamentos por dia. Era muito corrido, não tinha o velório, era o enterro direto. Mal dava tempo de abrir os túmulos que já chegavam os corpos. E era mais triste ainda ver as famílias, que não podiam nem se despedir do falecido, porque os caixões estavam lacrados.

Mesmo sendo um trabalho exaustivo, Júnior demonstra apreço pelo que faz. Acostumado com a morte, ao ser perguntado sobre qual seria outra profissão que ele escolheria para trabalhar, o coveiro não hexitou em responder: “iria para o ramo funerário”.