Inicia no próximo dia 20 de outubro a exposição da campo-larguense Dyana Gularte Cardoso em uma das galerias comerciais no subsolo do Museu do Louvre, que é o maior museu de arte do mundo e um monumento histórico em Paris, na França. Serão duas obras expostas, uma chamada “Mergulho” e outra chamada “Férias”, que ficarão disponíveis para visitação até o domingo, no dia 22.
“Estou bastante ansiosa, afinal é um passo muito importante na minha carreira, jamais imaginei ir tão longe. Isso me deixa muito feliz, também pelo fato de saber o poder que a Arte tem de tocar a vida das pessoas e ver que estou prestes a passar pela vida de milhares que estarão lá nesses dias, é algo que me deixa encantada. Eu sou autista e tenho uma dificuldade enorme de interagir, principalmente em locais com muitas pessoas, estar lá fisicamente é algo que por enquanto parece impossível para mim, porém graças a Deus e ao primoroso trabalho da Lisandra Miguel e toda a equipe da Vivemos Arte, posso de alguma forma apresentar meu trabalho internacionalmente respeitando minhas limitações.”
Dyana comenta que não calculou o tempo que gastou para fazer as duas obras, que são exclusivas para a exposição, porém foram meses selecionando as imagens e pensando nas obras até chegar o momento do desenho. “É bem diferente criar uma obra do que fazer uma encomenda, pois tem toda uma narrativa, a mensagem por trás de cada traço, é muito mais trabalhoso, porém muito gratificante ver o resultado final”, completa.
As obras foram enviadas em maio para o Rio de Janeiro, onde fica a empresa Vivemos Arte, responsável pelo contato da artista com a equipe da exposição, onde as obras passaram novamente por uma rigorosa curadoria para garantir que tudo estava de acordo, só então seguiram para Paris. Durante esse tempo ela recebeu as orientações da diretora de arte e curadora Lisandra.
“Quero muito saber o que as pessoas sentirão ao entrarem em contato com minhas obras, saber suas opiniões e gostos, espero poder vender esses desenhos que estarão lá, receber novas encomendas e que essa exposição abra portas para novas exposições e trabalhos. Atualmente eu não estou fazendo novas encomendas, pois estou no finalzinho da gestação e logo vou precisar dedicar mais tempo ao meu filho”, retrata.
Arte e reflexão
Questionada sobre as obras em si, Dyana diz que toda a narrativa é sobre a infância, as crianças, pois considera o momento mais significativo na vida do ser humano. “Tudo o que acontece na infância nos marca profundamente e também porque quero convidar os adultos a olharem as crianças com um olhar diferente. Noto que, infelizmente, grande parte das pessoas veem a criança como um objeto, um direito do adulto, como se as crianças fossem personagens coadjuvantes da vida do adulto, e há quem acredite que o aborto é uma boa opção. Há crianças que sofrem tantas formas de abuso pertinho de nós e nós estamos tão preocupados com nossa vida que não notamos”, pontua.
A artista completa dizendo que muitas vezes as pessoas se preocupam tanto com o que acontece pelo mundo afora, querendo grandes soluções para tudo, mas que outros façam, sem de fato fazer a parte que cabe a cada pessoa. “Através da minha arte quero convidar a olharmos para o nosso cotidiano, olharmos para os nossos pequeninos e refletirmos: como posso contribuir para que essa criança tenha uma vida melhor? As duas obras que serão expostas mostram crianças brincando e se desenvolvendo em contato com a natureza e com o mundo, pois como já disse Vygotsky, pensador da Educação, ‘a interação social é a origem e o motor da aprendizagem’. Atualmente estamos cada vez mais isolados, quero convidar a nos preocuparmos mais com o quanto nossas crianças estão interagindo, e também o quanto nós estamos interagindo, pois isso é algo extremamente necessário. É através da convivência com o outro, com o diferente, que nos tornamos mais humanos”, conclui.
Os interessados podem acompanhar um pouco da exposição e do trabalho de Dyana pelo Instagram @dy_desenhos.
