A Feira do Agricultor é uma oportunidade de deixar o trabalho do campo mais evidente e muito mais próximo dos campo-larguenses. Este é um braço forte do município e que vem crescendo em oportunidades e programas ofertados, na esfera municipal, estadual e federal, levando mais tecnologia, recursos e aproximando produtor do consumidor final.

Desde janeiro deste ano, quando a Secretaria de Agricultura e Pecuária foi reativada no município, Celso Vedan, secretário da pasta, destaca que muitos dos projetos já foram tirados do papel e estão em execução ou fase de implementação, com resposta positiva dos agricultores.

Para a Feira do Agricultor, que irá acontecer neste final de semana, a expectativa é alta, pelo crescimento na procura de inscrições. “Nossa agenda está maior, com mais atrações e com muito mais produtores envolvidos, se comparado às edições anteriores. Desde esta sexta-feira (28), teremos workshops, eventos técnicos e culturais, animais – dentro da Lei – e muito mais, visando o lazer e para que fique aparente a o trabalho desempenhado pelo agronegócio na cidade. Todos os artistas que irão se apresentar durante a feira receberão o pagamento via Lei de Patrocínio, com empresas pagando pelos artistas que irão se apresentar, algo que ficamos felizes por conseguirmos fazer”, pontua Celso.

O “tratoraço” é um desfile realizado no sábado à tarde, deve reunir mais de 40 veículos pelas ruas da região central. “Estamos ansiosos para este evento, que há meses vem sendo planejando para que saia da melhor maneira possível, com muitas novidades. Neste ano fomos pessoalmente convidar produtores e empresas, com grande sucesso na inscrição de expositores, uma oportunidade de expandir negócios, algo que foi visível pós-evento já no ano passado”, diz.

Consim

“O maior destaque até agora da secretaria é a aprovação da nossa lei do Consim, Lei nº 3.613/2023, que foi criada com a intenção de ampliar o mercado de produtos de origem animal, o Programa Consim. Com ele nós podemos vender em 32 municípios da região metropolitana e litoral. Os produtos devidamente inspecionados em Campo Largo – hoje é muito forte a produção de salame artesanal, por exemplo – poderemos vender para todos estes municípios que estão participando do consórcio, pois existe uma padronização. A cobrança que o produtor tem em Campo Largo, é a mesma que existe em outras cidades, sempre garantindo um produto de qualidade e seguro para o consumidor.”

Hoje são 40 empresas cadastradas, sendo 15 agroindústrias que poderão utilizar este projeto e expandir suas marcas em um espaço amplo de mercado, que inclui Curitiba. Alguns produtores já realizam essa venda em outras cidades, porém, precisavam de inspeções específicas, o que se tornava mais difícil manter essa venda, visto que grande parte destes produtos são produzidos por empresas familiares. A lei oportuniza transportar e vender em outras cidades, inclusive em grandes redes de supermercados.

Horto municipal e feiras

Com um trabalho concentrado principalmente na olericultura, que é o ramo da horticultura que abrange a exploração de um grande número de espécie de plantas, conhecidas como hortaliças, o Horto Municipal também irá abranger um apiário de abelhas sem ferrão, trabalho de visitação de escolas e um Centro de Transferência de Tecnologias, com cursos, consultoria e treinamentos para o produtor rural.

Uma nutricionista deve integrar o grupo, que irá auxiliar na parte de rotulagem de produtos, feiras, visando as boas práticas, tornando o produto adequado para comercialização por meio de um processo minucioso. A intenção é que estes produtores, ao participarem de feiras promovidas pelo município, passem por este treinamento prévio de manipulação de alimentos, promovendo maior segurança alimentar.

Um projeto piloto que vem sendo desempenhado no município é levar o produtor diretamente em condomínios maiores, para que a venda aconteça de maneira direta ao consumidor final do seu produto, em dias determinados e em horários alternativos, para que a maioria destes condôminos possam aproveitar. “A ideia é que esse produtor tenha contato com o seu cliente, eles se conheçam e saibam do trabalho existente para que aquele produto esteja ali. Além disso, o valor será bem mais atraente e mais acessível. Estamos otimistas com este projeto”, ressalta Celso.

Também falou sobre a tradicional feira de sábado, que deve receber melhorias em breve na estrutura. Será melhorado o asfalto e a iluminação, trabalhando a venda também em dia de semana, mais voltados para produtos de época. “O movimento está muito bom nesta feira. Queremos colocar mais opções de produtos, com chamamentos em breve. A Feira do Peixe Vivo também deve se tornar maior para 2024, com muitas novidades”, ressalta.

Melhoramento genético

Outro projeto que já começou a ser executado na cidade é sobre o melhoramento genético, por meio do Programa Mais Pecuária. Nele, o sêmen de bovinos e bubalinos é doado via Governo Federal, com todo o material e mão de obra profissional para realização de inseminação artificial de fêmeas, proporcionando um melhoramento genético na criação dos animais.

O programa iniciou com atendimentos na metade de julho e segue sendo executado, conforme explica Celso, em quatro propriedades, em lote de 50 animais aproximadamente. Serão 600 inseminações comprovadas – com exame comprobatório da fêmea prenha. Caso a inseminação não tenha dado certo, o procedimento é refeito.

“Estes são agricultores familiares, que possuem criação, independente do tamanho dela, que se inscreveram. Nossa intenção é que esse melhoramento seja feito em todo o município, por isso também trabalhamos para incluir os búfalos, um atendimento que deve ser realizado já no segundo lote”, ressalta.

Endereço Digital Rural

Por meio das coordenadas das propriedades, foi possível executar o Endereço Digital Rural, que permite que a localização seja facilitada, levando turistas e serviços de entregas de produtos de maneira assertiva para estas regiões, mesmo sem sinal de internet. Luana Colla Mitchell, uma das responsáveis pelo projeto, conta que o proprietário receberá um Pluscode, concedido pela Prefeitura por meio do Google, que dará todo o trajeto até o local.

“Isso vai facilitar a entrega e venda de produtos, turismo e também situações de atendimento de forças de segurança, saúde e a própria Prefeitura. Essa é uma região que acaba se localizando por pontos de referência, o que pode ser complicado para quem não conhece, sendo necessário ser realizado o quanto antes. A princípio, as primeiras placas serão entregues na Festa do Agricultor, mas estamos verificando cadastros futuros realizados na própria secretaria. É um projeto a longo prazo, para atender aquele agricultor e pecuarista que realmente quer participar. Aos poucos vamos cadastrando todos os interessados. É vale ressaltar que é na porteira da propriedade a localização, ela é exata e dá – por meio do código da propriedade lançado no aplicativo do Google Maps -, com a distância e tempo de viagem calculados quando tem a acesso à internet e mantidos mesmo sem sinal. É tudo gratuito, é o digital chegando no interior para melhorar a vida no campo”, explica.

Ganho a longo prazo

Campo Largo recebeu ainda um investimento federal na casa de R$ 1,3 milhão, com ensiladeiras, um trator, caminhão plataforma, um caminhão caçamba, a terceira retroescavadeira, que visa executar serviços dentro da propriedade, para melhorar a estrada interna e os acessos, tudo dentro da lei e com as autorizações ambientais.

Para essas atividades é cobrada uma taxa por hora trabalhada, com preço público, muito mais baixo se comparado ao aluguel de máquinas particulares. Este valor vai para o Fundo Municipal de Desenvolvimento Sustentável, que retorna para o produtor, que pode receber em materiais, sementes, equipamentos e outros, sendo considerado um “ganho a longo prazo”, pelo secretário.

Alguns serviços são realizados em parceria com a Secretaria de Viação e Obras, principalmente por conta de deslocamento de máquinas, sendo mais viável utilizar as que já estão na região para essa melhoria de acesso das propriedades.