Conheça a história da mulher que dá nome a um dos prinicpais acessos a Campo Largo
Ema Taner de Andrade foi uma figura conhecida no município, não só por dar nome a uma das principais ruas da cidade, mas por sua história de vida que deixou um legado e pela dedicação em ajudar quem mais precisava. Nascida em Curitiba no dia 02 de maio de 1910, era filha de um casal de imigrantes alemães. Aos 09 anos, junto à família, mudou-se para o distrito de Bateias, em Campo Largo.
Desde criança, Ema precisou assumir muitas responsabilidades. Aos 12 anos, após o falecimento da mãe, ela precisou cuidar e educar os irmãos mais novos. Casou-se muito nova, aos 19 anos, com José Vieira de Andrade. Em 1943, partiu com o marido e os filhos para o Norte do Paraná, para tentar uma vida melhor, trabalhando em terras que eram doadas pelo Governo do Estado.
Vendo as dificuldades que as pessoas passavam, sem acesso a médicos e medicamentos, Ema passou a fazer remédios caseiros e a realizar partos. “Além de ajudar no parto, ela ficava uns dias na casa do recém-nascido para ajudar a mãe, dava banho, fazia sopa”, relembra Ferdinanda Rossa, neta de Ema. O parto do filho mais novo de Ema, Audinir, já falecido, foi feito pelas suas próprias mãos. O marido até tentou buscar ajuda quando começaram as contrações da esposa, mas como não deu tempo, ela, que já tinha feito isso tantas vezes, teve que dar conta sozinha.
Em 1951, ficou viúva após o marido ser morto acidentalmente a facadas, enquanto tentava apartar uma briga, tendo que cuidar sozinha dos 10 filhos. Ema não tinha como avisar os familiares da morte do marido, foi nesse momento em que decidiu voltar para Campo Largo, de carona com um caminhoneiro que passava pela estrada. Continuou a trabalhar como parteira e curandeira e logo ganhou notoriedade pela cidade. Mesmo quando o Hospital Nossa Senhora do Rocio foi fundado em Campo Largo, mães que iam dar à luz pediam que Ema fosse até lá para atendê-las. Ela atendia pessoas de todas as classes sociais, muitas vinham de longe para serem atendidas pelas mãos dela. “As pessoas tinham muita gratidão por ela. Davam muitos presentes”, completa Ferdinanda.
Médicos que trabalhavam em postos de saúde da cidade, vendo o que Ema podia fazer, a ajudavam abastecendo a maleta preta que ela carregava consigo, com gaze, água-oxigenada, tesouras e tudo que pudesse facilitar o trabalho da parteira. Mesmo com todas as dificuldades, Ema sempre foi uma pessoa bastante atenciosa e carinhosa. “Ela foi uma pessoa dedicada à família dela e a dos outros, ela se doou para as pessoas”, diz Elidia Andrade Rossa, filha de Ema, hoje com 82 anos.
Ainda em vida, a parteira de Campo Largo teve reconhecimento na Câmara Municipal, por meio de uma placa de Menção Honrosa. Em 14 de outubro de 1984, após dois dias de coma, faleceu devido a uma insuficiência cardíaca. A família relembra a comoção da cidade com a partida dela, que foi tão importante para a história do município. O nome da rua em homenagem à Ema foi instituído pela Lei Municipal nº 861 de 04 de junho de 1990.