Sexta-feira às 01 de Novembro de 2024 às 02:26:52
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Moto Clube Diamantes do Asfalto marcou a história do Ouro Verde

Moto Clube Diamantes do Asfalto marcou a história do Ouro Verde

Ao separarmos as regiões da cidade para os especiais, algumas pessoas já nos vêm à mente para entrevistar, compartilhar histórias e vivências. Ainda antes de recebermos a triste notícia de seu falecimento, Marvel Bertani já estava em nossa pauta. Além da sua importante contribuição com a cidade, fundando, segundo a família, o primeiro moto clube oficial e genuinamente campo-larguense, Marvel era morador do bairro Ouro Verde há 40 anos e colecionava histórias para contar.

Embora sua aparência mais séria, de personalidade forte, Marvel era um amigo verdadeiro, que apreciava a família e é lembrado com muito carinho pelos campo-larguenses. “Ele era uma pessoa muito dedicada, honesta e íntegra. Sempre lutou pela união familiar e gostava de ver todo mundo bem. Ele ainda é um exemplo para mim, sempre será muito amado por todos nós, pelos amigos e vamos manter viva a memória e legado”, conta a filha Grazielly Quirino.

O gaúcho de Alegrete chegou a Campo Largo há mais de 40 anos, junto da sua esposa Dely, onde construíram a família, a oficina de radiadores e também o moto clube, que foi oficializado em 27 de abril de 2000. Grazielly lembra que ele passou várias noites na mesa de jantar de casa, planejando como seria o escudo, possíveis nomes, filosofia, tudo para ser bem embasado. “Ele era muito detalhista. Estudou junto aos demais membros. Antes mesmo de fundar, ele já viajava com outros motociclistas, mas nunca participou de outros moto clubes. Ele sempre teve essa paixão pelo motociclismo, foi somente depois de ter fundado o Diamantes do Asfalto que ele passou a conhecer as outras sedes e a atuação dos moto clubes nas cidades”, relembra.

Nas quartas-feiras, Marvel abria a sede, recebia os amigos motociclistas e tinham momentos de alegria e confraternização juntos. Grazielly lembra que chegava a ter mais de 50 pessoas presentes, e que vinham amigos de Campo Largo e cidades próximas. O clube teve tantos adeptos que chegou a ter uma subsede no município de Colombo, chegando a ter mais de 50 pessoas inscritas oficialmente no Diamantes do Asfalto. “Já fomos até para Santa Catarina, todos de colete e fomos muito bem recebidos lá. O pai sempre dizia que o moto clube era família, então vinham também mulheres e crianças e todos se sentiam acolhidos”, relembra.

Grazielly comenta que o moto clube é uma causa que ficará sob responsabilidade dela, e que no futuro será reaberta a sede, até como uma forma de homenagear Marvel e dar suporte para Dely, sua mãe, que tem recebido muito carinho de familiares e amigos. O grupo era envolvido com ações sociais, tanto em Campo Largo, como também fora, tanto maiores, como também as mais pontuais, como para auxiliar motociclistas que se acidentavam e precisaram de algum suporte que envolvia saúde.

O uso do colete

Grazielly explica que os novos membros usavam o colete sem o escudo, com o nome e o apelido dado pelo grupo nas costas. Na parte da frente estão as bandeiras do Brasil, Paraná e Campo Largo, tipo sanguíneo e nome. “Passava por um processo até chegar no batizado, quando era entregue o colete com escudo fechado. Escolhia um padrinho motociclista, quando era realizada uma celebração especial e o próprio Marvel, meu pai, entregava o colete. Tudo registrado em ata. Se você for viajar ou for convidado para participar de algum evento de motociclista, não pode fazer nada que venha a denegrir a imagem do moto clube, não pode ser imprudente, sempre obedecendo as leis de trânsito. Caso não cumpra, tem punições e até a expulsão do membro, em último caso”, explica.

Diamantes do Asfalto

Para deixar registrada a origem do Moto Clube Diamantes do Asfalto há uma placa oficial, que de início traz que o diamante é uma pedra que apresenta “raríssima beleza, traços de sensibilidade e fortes características de beleza com um brilho singular, despertando curiosidade, cobiça”.

O moto clube compara então o tempo ao processo de lapidação destas motocicletas, onde “ao adornar sua moto, com couros, penduricalhos, cada vez mais aumenta o desejo de modificações, e dessa forma acelera-se a paixão, a admiração pelo motociclismo”. Assim, “é possível traçar o paralelo homem/diamante. Em ambas situações, existe o aperfeiçoamento, a criatividade. O homem ao polir a pedra dá origem ao precioso diamante, da mesma forma o homem ao adornar a moto com couros e/ou cromados cria uma joia. Uma joia de duas rodas que com seus adornos reluzentes, num intenso brilho, tendo o asfalto como pano de fundo, aguça a nossa criatividade, permitindo que em nossas mentes seja formado um cenário mesmo que imaginário de rara beleza”.

“Com o propósito de promover no mundo dos motociclistas a mais pura fraternidade, entendendo que novos amigos serão sempre novas jazidas, de onde serão extraídos os futuros Diamantes do Asfalto”, escreve seguido do nome dos primeiros diamantes, “Marvel A. Bertani, sua esposa Dely T. Bertani; Gentil E. Nery, sua esposa Jucélia A. Nogueira; Edson Ittner, sua esposa Terezinha Ittner; Waldecir G. Dos Santos; Cristiane Fressato; Luiz G. de Oliveira e Rodrigo S. Fila”.