Inaugurado em 14 de dezembro de 2009, o Hospital Infantil Waldemar Monastier foi construído com a intenção de atender uma demanda existente no Estado do Paraná, em um projeto de regionalização da saúde pública. Cada dia mais, o HIWM se consolida em todo o país como referência no atendimento pediátrico, sendo o único hospital infantil construído no Paraná da rede pública estadual e com atendimento em 100% via Sistema Único de Saúde.
A Folha conversou com a diretora geral, Maria Izabel da Cunha, e o diretor administrativo Guilherme Pasetti, que explicaram um pouco sobre o funcionamento da instituição. “O hospital já foi construído com a intenção de dar o suporte ao atendimento de crianças e adolescentes, pois no Estado não tem nenhum outro hospital essencialmente infantil. Existem leitos nos hospitais gerais, mas só infantil é somente este, que atende em totalidade dos casos via Sistema Único de Saúde, vindos pela Regulação Estadual de Leitos ou Regulação Estadual de Consultas e Exames da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, não é um hospital ‘porta-aberta’.”
Atualmente, o HIWM possui 112 leitos, sendo 40 de UTI, em que 20 são UTI pediátrica (clínico e cirúrgico) e mais 20 de UTI neonatal, atendendo todas as regiões do estado do Paraná, em atendimentos ambulatoriais, internações e cirúrgicos. Por mês são realizados em média 400 internamentos, com tempo de permanência inferior a cinco dias. No atendimento ambulatorial são realizadas aproximadamente três mil consultas por mês.
“Nosso atendimento é integral, com ambulatório, exames, internações e cirurgia. Temos uma equipe multidisciplinar, com a equipe médica e a equipe assistencial, composta pelos enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionista, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, que trabalham em conjunto. Temos servidores estatutários e também servidores credenciados, via empresas prestadoras de serviço, que fornecem estes profissionais para nós”, conta.
São atendidas quase todas as especialidades médicas pediátricas, desde cardiologia, reumatologia, pneumologia, gastroenterologia, dermatologia, endocrinologia, neurologia, entre outras, e as especialidades cirúrgico-pediátricas que atendem a maior demanda do Estado, como cirurgia geral pediátrica, otorrinolaringologia, ortopedia, cirurgia plástica reparadora, neurocirurgia e oftalmologia. Atualmente o hospital está em processo de contratação para cirurgia cardiovascular.
A maior demanda se concentra na cirurgia geral pediátrica e, entre as internações clínicas, estão os casos que envolvem infecções respiratória, especialmente no período entre outono e inverno, com maior número de casos de bronquiolite, pneumonias e demais doenças respiratórias – crônica ou aguda. “Nossos pacientes são complexos, pois a rede não dá conta de atender, ou conseguem atender até um determinado momento, então, quando o paciente precisa de um atendimento mais complexo é encaminhado para cá, por isso temos um grande número de leitos em UTI”, pontua.
Especialmente nesta época do ano, o hospital acaba trabalhando com 100% de ocupação de leitos, visto que a busca sendo aumentada. “Estamos sempre com a ocupação total, tanto na UTI como nos leitos clínicos. O que acaba girando mais são os leitos cirúrgicos, porque são programados”, explicam.
Apoio às famílias
Maria Izabel explica que existe no hospital uma comissão de humanização, que trabalha com o acolhimento destas famílias, além dos projetos de voluntariados, que fazem com que este momento seja mais traumático, tanto para o paciente como para os seus pais. “Nossos voluntários estão sempre motivando os pacientes e suas famílias, fortalecendo e os ouvindo, além de também proporcionar muitas brincadeiras e descontração. Temos o Sareh, que é o Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar, que está presente trazendo a escolarização e fazendo com que essas crianças e adolescentes não percam o tempo de escola. O trabalho com a terapeuta ocupacional também focado na família auxilia nesta etapa, diminuindo o sofrimento e fazendo com que a criança continue tendo a oportunidade de brincar”, comenta.
A própria estrutura em si do hospital contribui para que as crianças se identifiquem, tendo mais cores, ambientes mais alegres, além de brinquedoteca e enfatizando o lúdico. Possuem também uma casa de apoio para as famílias, em conjunto com o município de Campo Largo, bastante próximo do hospital, onde atua também a equipe Acolher, de Serviço Social, fornecendo alimentação e local para descanso.
Voluntariado
Entre os grupos de voluntários que exercem um atendimento contínuo no hospital estão o Nariz Solidário, Medicando Alegria e AmorViral e a capelania, além de outros grupos que são extremamente importantes para levar alegria e descontração para essas crianças. Inclusive escolas, igrejas e mesmo grupos formados por amigos também acabam, de maneira pontual, mas com extrema importância para esses pacientes, justamente pelo acolhimento.
Projeto Florescer
O hospital também coleciona histórias marcantes de pacientes que passaram pelos seus leitos, tanto de superação, como também momentos tristes. Maria Izabel relembra de uma paciente que literalmente morou no hospital por vários anos, recebendo toda a alfabetização e com direito à formatura na instituição; realizam festas de aniversários, natais e outros feriados comemorativos para crianças que estão internadas há mais tempo. “Algumas crianças têm o hospital como sua família mesmo. Crescem aqui e em algumas situações, dada a gravidade do quadro de saúde, acabam falecendo”, relata.
“São crianças com doenças crônicas e ficam muito tempo internadas, em alguns casos, acabam perdendo o vínculo familiar, pois a família continua trabalhando, atendendo outros filhos e ainda que não seja o abandono total, o vínculo fica frágil”, completa.
Para homenagear estas crianças está em andamento Projeto Florescer, onde serão plantadas árvores em memória das crianças que acabaram falecendo nesta instituição, eternizando assim sua passagem pela Terra.