“Pro lado de lá da BR”. Até hoje se ouve falar nesta frase quando a referência é a região do Ouro Verde, Jardim Social e Rivabem. A rodovia que cortava o município dividiu a cidade por muitos anos, mas também estimulou um grande desenvolvimento de um comércio de bairro forte, já que ficavam “distantes” do Centro, como também impulsionou a instalação de grandes empresas, pela facilidade na logística. O desafio passa a ser tirar essa sensação de separação ainda hoje, mesmo a transposição da rodovia tendo sida totalmente liberada no dia 17 de junho de 2014, há quase dez anos.
Apenas em julho de 2022 a antiga rodovia foi concedida ao Município e então foi nomeada Prefeito Marcelo Puppi, em homenagem ao ex-prefeito (in memorian), que muito esteve envolvido na liberação destes oito quilômetros para Campo Largo, idealizando uma nova vida para toda a região e seus moradores.
O prefeito Maurício Rivabem destaca que essa avenida liga dois importantes bairros e cruza a cidade inteira. Com a municipalização, acaba mudando um pouco o zoneamento. “Até então seguia-se o zoneamento do estado por ser uma BR com as determinações do DNIT e a partir de agora ela já tem uma intenção ou já está na questão do nosso plano diretor”, explica. Segundo ele, é uma região propícia para crescer. “Campo Largo, por mais que seja uma cidade muito extensa, ainda tem poucos locais destinados à instalação de grandes empresas. Tem as questões das APAs que inviabilizam muitos terrenos. Porém, comércios e serviços podem ser incentivados para todos os campo-larguenses”, completa.
Maurício acrescentou que está em um diálogo muito próximo com o governador do estado do Paraná, Ratinho Júnior, por meio da Invest Paraná, para tentar trazer empresas para a cidade. “Campo Largo está se sobressaindo, principalmente porque somos uma das portas de entrada da capital. Estamos sendo muito bem procurados. Existe uma expectativa muito grande também ali na nossa planta que era da Fiat, com algumas propostas de grandes empresas, geradoras de renda e principalmente emprego. Estamos tentando fazer todo o incentivo que é possível pelo município e também com o apoio do Estado. As expectativas são grandes e com certeza no futuro próximo nós vamos ter grandes novidades que vão ajudar toda a população de Campo Largo”.
Ciclovia e mudanças no trânsito
Segundo informou o prefeito, já existe a ideia de um projeto de ciclovia para a Avenida Ayrton Senna, que fica às margens da Avenida Marcelo Puppi, iniciando na Móveis Campo Largo, interligando a ciclovia que passa pelo Rio Cambuí e finalizando no Parque Newton Puppi. Como pedestres e ciclistas terão que atravessar a Marcelo Puppi, tudo será feito para garantir a segurança dessas pessoas.
Com importante fluxo de carros, serão necessárias algumas interferências e mudanças no trânsito nos acessos à Avenida. Ele detalha citando o Jardim Rivabem e o Jardim Social. “É possível também que tenhamos uma trincheira. Foram identificados diversos fluxos no cruzamento da Avenida Marcelo Puppi na Móveis Campo Largo. É carro para tudo que é lado e com aumento do volume das 7 às 8 horas da manhã e das 5 às 6 horas da tarde fica um caos. Muitos estudos estão sendo feitos ali para que nós possamos viabilizar todas essas questões”, esclarece o prefeito.
Também estão estudando com uma empresa a implementação de lombadas eletrônicas. “Algumas pessoas são contra, motivadas pela questão da multa, mas muitos são a favor porque elas garantem a redução na velocidade e mais segurança para todos. Ainda está em estudo, mas é uma saída para a redução da velocidade na Avenida que já foi uma rodovia”, argumenta. Segundo dados do Ciosp - Centro Integrado de Operações de Segurança Pública, quase 7 mil veículos trafegam diariamente por esse trecho urbano.
Transposição
Como forma de facilitar o acesso ao norte do Estado, em 25 de março de 1959 foi inaugurado o trecho da BR 277 no município. Com esse trecho inaugurado, a Estrada do Cerne, antes principal acesso ao Norte, deixou de ser utilizada, já que as condições da mesma não eram boas – sem asfalto, iluminação e sinalização.
A obra de transposição da BR-277 foi iniciada em 2011 e foi uma das mais importantes do Estado, porque desviou o tráfego pesado da cidade ao mesmo tempo que ajudou a resolver um dos maiores gargalos logísticos na época, com objetivo de agilizar o escoamento de mercadorias do interior em direção a Curitiba e ao Porto de Paranaguá. Neste trecho – entre o Itaqui e o viaduto da Rondinha - eram muitos os acidentes, inclusive com mortes, que tornavam ainda mais crítica a situação.
O projeto do contorno de Campo Largo também contemplou a construção de duas trincheiras, um viaduto que ligou o Ouro Verde ao Guabiroba com mais segurança, uma ponte e a modernização de dois viadutos. Foi uma obra fruto de acordo entre Estado e a então concessionária que administrava o trecho, a CCR Rodonorte, em um investimento de R$ 75 milhões.
As obras de transposição da BR-277 geraram situações polêmicas. Um dos entraves era a desapropriação de um terreno e outro problema encontrado foi a necessidade de realocação de famílias que moravam à margem da PR-423, proximidades do Posto Mariental, no Itaqui. De um lado, as obras precisavam continuar, e de outro as famílias precisavam de um local para morar. A situação movimentou grupos na cidade, que brigavam pelos direitos humanos destas pessoas.