Sexta-feira às 01 de Novembro de 2024 às 04:34:43
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17 horas de filas, caos e insegurança em um trajeto de 40 km, no maior congestionamento já registrado na BR-277

A noite de terça-feira (13) e toda a madrugada desta quarta-feira (14) foi extremamente longa para quem precisou fazer o trajeto Curitiba a São Luiz do Purunã.

17 horas de filas, caos e insegurança em um trajeto de 40 km, no maior congestionamento já registrado na BR-277

A noite de terça-feira (13) e toda a madrugada desta quarta-feira (14) foi extremamente longa para quem precisou fazer o trajeto Curitiba a São Luiz do Purunã. A rota tem uma distância aproximada de 30 km e é feita na média de 25 a 30 minutos, mas que registrou uma espera superior a 10 horas para chegar ao destino final.

A situação iniciou ainda no começo da tarde de terça-feira, às 14h20, quando aconteceu o acidente, que envolveu um caminhão-tanque que transportava combustíveis no km 137 da BR-277, em São Luiz do Purunã. Os trabalhos para liberação da pista foram conduzidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR), com liberação total da pista próximo das 23h30, conforme postagem no Twitter feito pela PRF.

Embora a liberação tenha acontecido, muitos motoristas e passageiros de transporte particular e público relataram não saírem do lugar ou com baixa movimentação nas horas subsequentes. “Em razão da interdição (das 14h30 às 23h30), somado à condição climática desfavorável (chuvas), o trânsito se encontra lento. Não há interdições, mas alguns veículos pesados ainda se encontram em pane mecânica”, divulgou oficialmente a PRF.

Às 02h07, o Grupo BR-277 divulgou que a rodovia permanecia parada “entre Km 100, no Orleans, em Curitiba, até São Luiz do Purunã, km 129, no túnel, local onde tem óleo na pista e carretas patinando com pane mecânica”, mas que após o pedágio desativado o fluxo seguia normalmente.

Pelas redes sociais, circulavam pedidos para que motoristas na direção contrária passassem buzinando, já perto das 05h30, quando a pista começou a andar com mais rapidez. A intenção era acordar motoristas que pudessem ter adormecido, em decorrência da longa espera e do cansaço. Um carro da PRF também passou pela região, buzinando e com giroflex e sirene ligados, para chamar a atenção dos motoristas. “O pessoal está dormindo no carro, na Rondinha parece que já está liberado. Quem tiver no congestionamento Buzina aí pra acordar o povo”, escreveu um leitor que estava no trânsito.

Atropelamento
No final da madrugada, leitores enviaram para a Folha de Campo Largo sobre um atropelamento em frente à Igreja da Rondinha. A mãe do jovem então relatou o ocorrido. “Fiquei no Terminal de Campo Largo das 1h15 até as 05 da manhã esperando o meu filho, fui pra casa porque não tinha nem horário pra liberar, toca o meu telefone e de quem foi o atropelamento? Foi o meu filho, cansado de esperar no ônibus, veio a pé do Guarani, e chegando em frente ao Barracão, o carro atropela ele no acostamento. Que situação, graças a Deus está no hospital, com alguns ferimentos e cortes, mas graças a Deus, Deus com a sua infinita misericórdia, Deus deu o livramento para o meu filho”, relata.

Relatos
A Folha acompanhou ao longo da madrugada vários relatos, tanto de pessoas que estavam “presas” na rodovia, como também a angústia de quem esperava algum familiar chegar em casa. Grupos de pessoas decidiram sair do transporte público para ir embora a pé, mesmo ainda longe do destino final. Também muitas pessoas se mobilizaram para caronas, dividir carros por aplicativo para tentar rotas alternativas ou para ter um pouco de conforto nesta longa espera.

Com os veículos parados e desligados, a rodovia acabou ficando escura e perigosa, muitos com medo de assaltos e acidentes maiores. “Estamos aqui com fome, com frio, sem poder ir e vir. Tem pessoas no ônibus que trabalham às 7 da manhã. Como irão trabalhar é um descaso total. Por se tratar de uma BR deveria ser mais rápido, quase mais de 10 horas parados”, descreveu um leitor. “Parece cena de fim do mundo”, exclamou outro.

Como muitas pessoas ficaram sem bateria, familiares que aguardavam em casa utilizaram as postagens da Folha de Campo Largo para ter informações com outras pessoas que também estavam paradas. Era comum ver mensagens perguntando em que altura estavam e se havia algum tipo de movimentação.

Trabalhadores, estudantes e viajantes, inclusive crianças pequenas e idosos, dividiram a mesma angústia da falta de alimentação, frio, não poder ir ao banheiro, cansaço e falta de comunicação. Houve relatos de que pessoas, já perto das 6h da manhã, estavam atravessando a rodovia para pegar o ônibus de volta para Curitiba, a linha J62.

Liberação da pista levanta questionamentos
Muitas pessoas também se questionaram sobre a demora para a retirada do combustível, do caminhão e liberação da pista. “Nos dias de hoje com todas as tecnologias e ferramentas não acredito que demora tanto tempo para retirar uma carreta ou liberar uma faixa.”

“Acidentes acontecem e peço a Deus que esteja tudo bem com o motorista e os envolvidos. Mas um serviço de liberação de pista (por mais que seja combustível, produtos químicos etc) levar mais de oito horas para ser concluído é um absurdo. Fiquei das 16h30 até as 02h00 da manhã dentro de um ônibus, confinado com mais umas 20 pessoas, sem alimentação, água, com idosos e inclusive algumas pessoas doentes. Isso ultrapassa qualquer limite da falta de respeito e empatia”, escreveu um leitor.

Já pela manhã, a PRF postou orientações, pedindo que “quem não precisa se deslocar nesse momento, que reagende compromissos, para poder trafegar com tranquilidade num momento de maior fluidez”, ainda “o DER está trabalhando para a remoção desses veículos. A serra de Balsa Nova está com fluxo normalizado, porém lento. Contorno Sul sofre esse reflexo e apresenta trânsito lento e congestionamento”, próximo das 9h da manhã.