Se o amor está no ar nesta segunda-feira (12), Dia dos Namorados, há muitas maneiras de demonstrá-lo e fazer as pessoas se sentirem especiais e felizes. Todas as pessoas têm sua maneira de expressar estes sentimentos. Uma das maneiras é utilizando a que é chamada “linguagem do amor”, que ficou famosa nas redes sociais nas últimas semanas.
Segundo Marília Boaron Spréa, psicóloga especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, pós-graduada em Terapia do Esquema, explica que o conceito de linguagem do amor foi criado pelo autor norte-americano e doutor em filosofia, Gary Chapman, o qual apresenta cinco linguagens do amor: palavras de afirmação, tempo de qualidade, presentes, atos ou gestos de serviço e toque físico.
“Todos os indivíduos possuem as cinco linguagens do amor dentro de si, mas existe uma, ou mais de uma, que se destaca mais do que outras. O conceito da linguagem do amor não advém de um conhecimento científico, não existe uma teoria psicológica que respalda o conceito, muito embora traduz de forma metafórica a compreensão da grande dificuldade dos relacionamentos, que é a comunicação. A base dos conflitos do relacionamento tem um pé na dificuldade de expressar o amor da forma que o outro compreenda. Quando o casal percebe a dificuldade, tem a chance de reduzir o sentimento de falta de amor para ambos.”
Entretanto, ainda que as cinco linguagens do amor possam ser uma ferramenta útil para melhorar a comunicação e a compreensão em um relacionamento, elas não são uma solução garantida para os problemas de relacionamento.
Ela explica ainda que é perfeitamente possível que o casal tenha a mesma linguagem do amor e que a linguagem do amor dominante mude ao longo da vida, isso porque a forma como é compreendido o afeto é fruto de um processo de aprendizagem. Assim, a psicóloga pontua que basicamente a linguagem do amor representa a forma que a pessoa aprendeu a receber e dar afeto e essa forma se perpetua e se refina nas relações.
Linguagem do amor em todas as relações
Vale ressaltar que a linguagem do amor não é válida apenas para casais, visto que o amor não está apenas na relação conjugal. “O amor está dentro de nós, e estando dentro de nós, entregamos para quem desejamos entregar. Essa entrega pode partir da vontade de melhorar a relação conjugal ou ainda manter um relacionamento mais saudável com o outro. A forma como você comunica seu amor também faz parte de um repertório de habilidades sociais que pode ser desenvolvido. De qualquer forma, só oferecemos aquilo que já temos dentro de nós”, diz.
Descobrindo e aplicando a linguagem do amor
“Quando você lê sobre as linguagens do amor, você já pode identificar algumas mais prováveis da sua vida e outras menos prováveis. Você pode fazer isso ao ler sobre cada uma delas e criando possíveis cenários hipotéticos ou reais e percebendo sua reação diante desses cenários ou fazer uma observação sobre si mesmo. Geralmente, mas nem sempre, o que fazemos para as outras pessoas é o que queremos que façam por nós”, indica.
Comunicação é a chave
Para criar um ambiente e comunicação mais favorável, ela pontua que é imprescindível uma boa conversa. “Recomendo aderir o conceito das cinco linguagens após um diálogo com o parceiro sobre aquilo que você quer viver no relacionamento e porque é importante. Fazer isso de forma isolada pode soar estranho e apresentar um efeito contrário, como por exemplo, a desconfiança por sua mudança de comportamento. Mais importante do que procurar encaixar as pessoas em uma dessas linguagens, é tentar olhar para cada pessoa e entender como ela realmente é, aceitar as vulnerabilidades, diminuir a sensação de medo, dependência emocional e culpa e aumentar a compaixão consigo e com o parceiro”, ressalta.
Marília traz ainda que a complexidade da relação humana não se resume a essas cinco linguagens, pois desta forma “tudo estaria resolvido”. “Imagine, por exemplo, o namorado entrega todo seu esforço para fazer tudo que envolve a linguagem de amor da namorada e ainda assim não produz na namorada a sensação de se sentir amada por ele. Isso lançaria um efeito contrário na relação, pois levaria ao esgotamento e ainda talvez uma sensação de ingratidão. Outro desconforto dessa abordagem na ênfase em falar a linguagem do amor do seu parceiro, é alimentar a sensação de que o amor é algo que pode ser conquistado ou dado em troca de certos comportamentos ou ações”, diz.
Por isso, manter um relacionamento saudável requer esforço contínuo, escolha diária, compromisso e empatia de ambos os parceiros. “Em vez de depender exclusivamente deste conceito, é importante abordá-lo com uma mentalidade crítica e realista, tendo em mente que os relacionamentos são complexos e exigem trabalho constante”, acrescenta.
Cada uma das linguagens do amor
A primeira linguagem do amor é “palavras de afirmação”, na qual entram os elogios verbais e palavras de apreciação podem ser comunicadores do amor. São os melhores comunicados em forma de expressão direta e simples.
“Tempo de qualidade” é a segunda linguagem, a qual consiste em prestar atenção, não se distrair com outras coisas e afazeres, sendo considerada uma das formas mais genuínas de amor. “É um compromisso com o outro. Estar com seu parceiro com sua inteira atenção, sem dividi-la, pois o foco é na interação”, acrescenta a psicóloga.
Na linguagem onde o dar e receber “presentes”, a terceira forma de demonstração, expressa amor por meio de um cuidado especial, pois a sensação de dar presentes é diferente de receber. “Uma pessoa pode expressar seu amor através de um presente e isso precisa bastar. Precisa ser suficiente o ato de oferecer um presente que tenha significado e que seja genuíno. Depender que o outro se sinta presenteado (a) com o que foi oferecido não cabe a quem entregou o presente. Nesses casos, recomendo que, assim como todas as linguagens de amor, comunicar ainda mais seus desejos oferecendo recursos para facilitar a relação. Ainda assim, o foco não pode ser no objetivo de receber aquilo que comunicou e sim na eficácia do comportamento de ter comunicado”, diz.
Atos de serviço, a quarta linguagem, pode ser entendida como algo “natural” da personalidade do parceiro, visto que essas atitudes envolvem fazer coisas para o outro como forma de demonstrar amor e cuidado. “As pessoas se sentem amadas quando os outros fazem coisas por elas. Por isso o compromisso da comunicação clara novamente se faz presente. Cabe compreender que mesmo que pareça simples, aquilo que o outro oferece tem valor imenso e que talvez esse mereça ser manifestado com mais intensidade pelo parceiro”, acrescenta.
Por fim, o toque físico é a linguagem que permite expressar e receber afeto através do toque e da proximidade física, como massagens, cafunés, abraços, beijos, relações sexuais ou mesmo simplesmente deitar-se próximo da pessoa ou andar de mãos dadas com ela.