Em todo o Brasil, motoristas de aplicativos, especialmente Uber e 99, estão realizando manifestações pedindo pagamento mínimo de corrida a R$ 10 e maior valor por quilômetro rodado – R$ 2 – para melhoria das condições de trabalho. Atualmente, há casos que o motorista chega a receber entre R$ 1,25 a 1,45 por quilômetro rodado, que, se descontados valores de combustível, manutenção do veículo, seguro, gastos com alimentação, torna-se quase impraticável a profissão.
A Folha conversou com o motorista de aplicativo Claudio de Souza, que há três anos trabalha com as plataformas Uber e 99 em Campo Largo e atualmente também realiza corridas pelo aplicativo regional Garupa, e contou um pouco desta realidade. “Quando eu comecei na profissão, trabalhava cerca de oito horas por dia. Hoje, faço 16 horas por dia, de segunda a segunda. Conheço motoristas que fazem até mais horas.”
Segundo ele, a categoria é bastante prejudicada pelos dois aplicativos, que acabam ficando com uma porcentagem bastante significativa dos valores das corridas. Um exemplo citado por Claudio foi de uma corrida que ele realizou bairro-Centro, em Campo Largo, em que renderia para ele, no valor bruto, pouco mais de 11 reais. Porém, para o usuário o valor pago pela corrida chegava a quase 50 reais.
“Às vezes aparece dinâmica para o usuário, mas não aparece para nós, ou, quando aparece, é um valor muito baixo. A dinâmica acontece quando há poucos motoristas disponíveis e muitos usuários online ou ao contrário. Só que nem sempre compensa para nós nos deslocarmos para muito longe, porque o valor gasto quase não é coberto pelo que vamos receber”, explica.
Ele comenta ainda que a segurança para o motorista é bastante baixa, visto que há muitos usuários que usam nomes irreais no aplicativo, chamam para outras pessoas, não há identificação com imagem ou alerta para áreas de risco das cidades. Relata que alguns motoristas de aplicativos fazem parte de um grupo onde é possível monitorar o percurso realizado, e, se algo estranho acontece, eles conseguem tomar providências. “Tem nomes de usuários que eu nem pronuncio. É praticamente um palavrão. Tem usuários que ativam contas de outras pessoas e utilizam, muitas coisas precisariam mudar”, diz.
Ao longo desta segunda-feira haverá manifestações em diversas cidades do país, incluindo Curitiba.
Aplicativo regional
Claudio também trabalha com o Garupa e comenta que tem sido o que mais vale a pena hoje, pois tem um desconto consideravelmente baixo, comparado aos outros aplicativos, de apenas 20% e mais manutenção do app. “Acaba se tornando mais fácil e mais seguro utilizar, porque ele é regional. Por exemplo, um Uber ou 99 pode vir trazer alguém de fora e continuar rodando por aqui, é uma pessoa desconhecida e que pode trabalhar na cidade. O Garupa não, o motorista é de Campo Largo mesmo, tem que morar na cidade. Então acaba sendo mais seguro para os passageiros e para nós motoristas também”, reforça.
Outra facilidade é o acesso a administração do aplicativo, que é muito mais próxima, justamente por ser regional.