“Como diz o evangélio de João, Jesus veio para que todos tenham vida, e ‘a tenham em abundância’.”
Um dos mais importantes momentos do calendário cristão é a Semana Santa, independente da religião professada. É um período de reflexão, pelo grande sacrifício e abnegação feito por Jesus Cristo encarnado, que deu Sua vida para que a humanidade pudesse desfrutar de vida eternal.
Por isso, a Folha conversou com o Padre Chiquito, da Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade, no Centro, que descreveu um pouco dessa importância. “O auge da nossa fé recai sobre a quinta e sexta-feira santa, o sábado e o domingo, que irão nos levar a refletir sobre o mistério da Paixão de Cristo, que foi o Deus encarnado que deu a vida para nos salvar. Todos os cristãos, não só os católicos, vivem esse mistério.”
O padre completa que há uma programação completa para os fiéis católicos, com a celebração do lava-pés e santa ceia na quinta-feira, que leva ao compromisso com o serviço – quando Jesus lava os pés dos discípulos e pede que eles sirvam ao seu próximo. A Sexta-Feira Santa é o núcleo desta celebração. “É o dia que a igreja não celebra a Eucaristia. É um momento em que as pessoas ficam mais sensibilizadas, introspectivas e vêm até a igreja para beijar a cruz e o crucificado. Mas não adianta vir à igreja, beijar a cruz e não entender o mistério da salvação, que nos veio pela morte e ressureição de Jesus. Por isso, esperamos o Sábado Santo, com a vigília pascal e o Domingo de Páscoa, com a missa da ressurreição do Senhor, para mostrar que Ele vive. Todos nós que vamos à igreja, independente da denominação, estamos diante do Cristo vivo”, explica.
“Se nós entendêssemos o mistério do crucificado, acredito que o mundo teria mais luz do que trevas. Cristo quer viver em nossa vida, para que todos tenhamos vida, e vida em abundância (Jo 10:10). Essa é a mensagem que eu deixo, vamos trabalhar para o bem e a causa comum, que com certeza estaremos fazendo aquilo que Jesus gostaria que fizéssemos”, completa.
Campanha da Fraternidade
Em 2023, a Quaresma, que são os 40 dias que antecederam o Domingo de Páscoa, trabalhou o tema “Fraternidade e Fome: Dai-lhes vos mesmos de comer (Mateus 14:16)”. Conforme divulgação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “o país voltou a aparecer no Mapa da Fome das Organizações das Nações Unidas, a ONU, depois de uma década. A emergência sobre o assunto fez com que, pela terceira vez, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) assumisse a realização de uma Campanha da Fraternidade que trouxesse luz ao tema, buscando fomentar ações, em todos os níveis, para minimizar os impactos desta realidade na vida do povo brasileiro”.
“Todos os anos a CNBB coloca uma temática para importante para trabalharmos com a comunidade. A igreja faz uma reflexão com base na multiplicação de pães e peixes e nos convida a verificarmos a realidade do mundo, o que não é atual, sempre existiu. Há uma passagem que diz ‘vós Me tereis por pouco tempo, mas os pobres sempre tereis diante de vós’, ou seja, sempre haverá necessidade de partilharmos o pão com o próximo”, ressalta.
Uma pesquisa do Datafolha, divulgada pela Folha de S. Paulo na última segunda-feira (03) mostrou que um em cada quatro brasileiros afirma não ter comida suficiente em casa para alimentar sua família, o que representa 26%. A maioria, 62%, afirmou que tem alimento suficiente e 12% disse ter mais que o suficiente.
Em Campo Largo o cenário não é diferente. Conforme conta o Padre Chiquito, após a pandemia houve um crescimento no atendimento às famílias pela pastoral, chegando ao número de 400 por mês. “Nós convidamos as pessoas a partilharem, fazerem gestos de caridade, conforme o próprio Cristo nos ensinou e vai amenizar um pouco. Não vamos conseguir resolver, porque a fome é uma consequência, penso, que de planejamento de política pública, válida para toda a humanidade. Mas, uma alma boa sempre irá ajudar alguém”, finaliza.