Por todos os cantos do Brasil – e muitos lugares do mundo – alguém recebeu o benzimento e oração de Dona Joana
Eu converso diretamente com Deus. Eu falo com os santos. Nossa Senhora Aparecida vai na casa das pessoas”. E seus olhos brilham, um sorriso doce aparece após essa declaração. Quanto amor, quanta entrega e quanta fé tem em suas palavras, em suas poderosas orações. Joanita Good Barausse, carinhosamente chamada de Dona Joana, logo completará 82 anos de vida – dia 20 de março – e continua se dedicando ao próximo. É um chamado divino que aceitou para fazer o que ela chama de “bênção da cura”
Ainda criança ela percebia que aconteciam situações que não sabiam explicar ao certo o motivo. “Desde criança eu estava na escola, uma criança machucava o pé ou a mão e eu arrumava. Se a criança se cortasse eu apertava o dedo e parava de sangrar. Aí eu perguntei para o Padre Antônio [em Contenda] porque acontecia isso sem eu fazer nada e ele falou: ‘reza pelas almas do purgatório que elas vão te ajudar muito’. Falou que eu tinha um dom muito forte que mais tarde ia descobrir”, declara Dona Joana, que afirma ter sido sempre muito católica, fervorosa. Também era chamada para fazer celebração ao lado do Padre. “Rezava com ele e respondia tudo em latim”, completa.
Sobre os benzimentos e curas, ela frisa: “Eu não vou dizer que eu me sinto orgulhosa, eu dou graças a Deus. Porque eu não tenho orgulho, não tenho vaidade, não tenho nada, só Deus no meu coração. Por isso eu dou graças a Deus pelo dom que me confiou, porque a gente faz com amor, carinho, dedicação. Seja pobre, rico, preto, branco, não tem discriminação nenhuma, trato todo mundo igual”.
Relata que pessoas de todos os cantos do Brasil ou já vieram ou já pediram benzimento, como também de outros países, como Portugal, Alemanha, Itália, Estados Unidos, que ela atende por telefone e agradecem a cura de depressão, ansiedade, quando o casal está em discórdia – “sinto muito quando tem criança e aí me desdobro em oração pra ajudar o casal”. Para crianças, faz benzimento para diversas doenças. “Então eu peço que Jesus tenha misericórdia”, diz.
Em tantas décadas de atendimento, diz que não consegue nem ter ideia de quantas pessoas já atendeu. Somente para simpatia de Bronquite, que é feita em um único dia, são em média mais de 2 mil pessoas anualmente. “Começa meia noite de quinta-feira até 18 horas de sexta-feira. E pergunte se eu ia deitar. Eu estava totalmente de pé, mais forte do que quem estava cortando a unha aqui e ficava meio período.
Essa energia é de Deus”, revela feliz. Lamenta que com a pandemia parou de fazer os atendimentos presenciais e agora, devido à sua idade e para evitar problemas de saúde, tem feito os atendimentos por telefone ou com os cortes de unha deixados em frente de sua casa.
A pandemia, segundo ela, ao invés de ensinar levou ‘mais pro buraco’. “Sempre digo para as pessoas: não desanime, tenha fé, segura na mão de Deus que Ele vai te ajudar, aí você sempre vai em frente, nunca pra trás. Vai sempre vencer na vida e ter apoio, porque Ele não desampara ninguém, está atento a tudo.”
Em seu santuário, em uma sala de sua casa, ela tem na mesa o Sagrado Coração de Jesus, Santa Rita de Cássia, Nossa Senhora Aparecida, Divino Pai Eterno, Nossa Senhora de Lurdes, Santa Paulina, Nossa Senhora da Piedade – uma imagem com mais de cem anos, uma das primeiras em Campo Largo. Nas orações, diz: “primeiro Deus, depois os Santos, porque eles intercedem a Deus pela cura”.
"Quando eu morrer, farei mais cura do que agora”, declara.
Há 65 anos na região do Itaqui
Aos 17 anos Joanita veio de Contenda, onde nasceu, para morar no Itaboa. Começou trabalhando na Porcelanas Schmidt na função de empacotar louça, sua primeira experiência de emprego. Mas logo casou-se com Zeferino Barausse, falecido há cerca de 14 anos, e parou de trabalhar fora para dedicar-se ao casamento e aos seis filhos, depois oito netos e quatro bisnetos.
Quando recém-casada, diz que já começou a fazer curas, recebendo milhares de agradecimentos até hoje e vivenciando muitas situações que são consideradas milagres. Ela conta sobre uma benzedeira na região, a Talíssia Falarz, e quando estava doente passou pra Dona Joana o benzimento de criança. Também da Genoveva Sávio, a qual fazia simpatia de bronquite e passou pra ela também; um ano depois ela faleceu. Dona Joana ainda completa que Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora Aparecida a ajudam muito nas orações.
Relação com o bairro
“Como se fossem meus filhos. Tudo minha família. Sempre digo pro povo na Igreja Santa Rita, é como se fosse uma família. Pessoal me abraça e me beija”, alegra-se.
Lembra que quando veio morar na região não tinha praticamente nada. “Nem rua, era estrada de chão, só passava carroça. Não tinha asfalto, nada. Aqui onde a gente mora era só nossa casa aqui, meu sogro e lá nos Miranda umas casas. E hoje é como uma cidade”, detalha ela, que foi acompanhando a chegada de todos os moradores na região. Comenta que não tem muitas condições financeiras, mas em tempo de festa na capela não precisam comprar nada, porque recebem muita ajuda, até mesmo de pessoas de cidades próximas.
Curas inesquecíveis
Há curas feitas pela Dona Joana que ninguém explica, mas que comovem muitas pessoas e aumentam a crença que todos têm nela. Uma das situações ela conta que estava na Igreja Santa Rita. “Estava quase começando a missa e uma mulher no São Caetano, o neto dela foi posar com ela, tinha 07 anos, ela chamava e ele não levantava. Estava esticado na cama, duro, olho parado, dente cerrado, sem respiração. Fez um griteiro, os vizinhos foram lá e falaram que ele estava morto.”
Conta que correram na Igreja atrás dela e gritaram chamando. Padre e dois ministros viram que a criança já estava morta e falaram pra não mexer na criança se não poderia se complicar. “Eu só olhei pra cima quando vi aquela criança, ele ali desfalecido: “Jesus posso ou não posso, me deu aquela força e graças a Deus ele tornou. Ele voltou pra vida”. Diz que quando fez tudo que tinha que fazer, olhou pra Santa Paulina e recebeu a mensagem que ele tinha passado vontade de Coca, pediu pra vir só um pouquinho num copo e teve que ir jogando com uma colher devagar.
“Aí quando caiu ali ele deu uma tossida, fui forçando devagarinho e ele vomitou aí levaram para o pronto socorro, pediu pra colocarem soro pra reagir mais rápido. Dali uma hora “dona Joana a senhora não acredita, ele está sentado na maca tomando soro com adrenalina, comendo Mirabel e tomando Coca. Aí o padre me ligou porque ele se atrapalhou tudo na missa né e falou: Dona Joana o menino morreu né? Aí falei liga no pronto socorro, ele tá vivinho lá, graças a Deus. Ele falou que eu tinha que passar na Cúria, porque isso foi um milagre muito grande. Hoje o menino tem 19 anos. Com 15 anos eu fui crismar ele na
Santa Cecília e ele me adora. É um bom menino, trabalhador”, conta.
Tem outro caso que ela relata que aconteceu na Santa Cecília, era dia de grupo de oração e a Dona Iracema era a que fazia o grupo e a Dona Zoraide a ajudava. “Todo grupo pedia que o filho ficasse curado e de repente eu ‘apareci’ dentro da Igreja.” Dona Joana conta que quando terminou o grupo, a Dona Iracema comentou com a Dona Zoraide que tinha visto ela na igreja, mas na verdade Dona Joana não participou naquele dia do grupo. “Ela afirmou dizendo que estava e que eu tinha falado pra ir lá em casa no dia seguinte cedo ‘que Deus vai curar teu filho’. Ela disse até a roupa que eu estava. 7h da manhã ela estava aqui.
Mas eu não estava no grupo de oração”.
Dona Zoraide teria pedido “pelo amor de Deus” que curasse seu filho e a imagem da Dona Joana teria aparecido e falado para levar o filho dela em sua casa. “E o menino ficou curado”, alegra-se. Relatou que Dom Celso Merchiori disse para esta senhora que Dona Joana é instrumento na mão de Deus: “Aí vocês chamam para Deus curar e Ele manda o espírito dela, é por isso”.
“Nossa, teve quantas passagens que meu espírito foi antes da pessoa vir aqui. Então ele sai de mim e eu fico normal. Não sinto fraqueza, estou normal. Mas eu sempre estou rezando e cantando o hino, com Deus no coração”, declara.
Legado
Dona Joana diz ainda não ter encontrado alguém para passar todas as simpatias. “Tem uma pessoa que eu ensinei a simpatia da bronquite, mas que ainda não está preparada para outras coisas. Talvez uma neta minha, mas ela é pequena ainda. Sinto algo nela, então vou deixar por escrito as orações para que um dia ela continue”, comenta.