Quem na região não conhece o casal Orestes Romeu Gabardo e Escolástica Portela Gabardo, a Dona Colaca?
Antigos e tradicionais moradores
do Itaqui relatam vida no bairro
Quem na região não conhece o casal Orestes Romeu Gabardo e Escolástica Portela Gabardo, a Dona Colaca? Muito queridos pela simplicidade, espontaneidade e história de vida, foram nossos primeiros entrevistados para este especial da região do Itaqui.
Foram muitos os alunos que já passaram pela sala de aula da Escolástica e também muitos que tiveram a oportunidade de trabalhar com o Seu Romeu na Schmidt, mais tarde na Prefeitura e até mesmo dar umas voltas de carro com ele na época – o primeiro a ter carro no Itaqui. Com experiência de Enfermeiro enquanto era alistado ao Exército, até mesmo era ele uma das pessoas que aplicava injeção ali no bairro.
Desde a década de 60 morador do Itaqui, lembra que não tinha “nada” no bairro. “Era uma meia dúzia de casa só. Não tinha Igreja Santa Cecília, creche, nada. A Schmidt não era muito grande quando começou”, lembra o contador aposentado, detalhando que surgiu a Avenida Porcelana e o bairro foi se criando ao redor da Schmidt. Ressalta que o bairro era tão importante que a Rua Erwin Schmidt era o caminho de passagem de Curitiba para Ponta Grossa e norte do Paraná.
Mesmo depois de sair da Schmidt, depois de 21 anos de trabalho, trabalhou na Prefeitura Municipal por 20 anos, mas permaneceu morando no Itaqui, onde constituiu sua família, com três filhos - Gerson, Ezaltina, Myrian -, cinco netos e oito bisnetos. Formou toda família na casa que vive até hoje e, conforme enfatiza Colaca, eles tem o privilégio de poder compartilhar momentos com a família, todos vivendo próximos. “Entre tapas e beijos, mas nós nos acertamos muito bem”, brinca. Uma família bastante unida e conhecida em Campo Largo.
Segundo eles, não tinha muitas opções de diversão quando eram jovens. “A gente ia no cinema no Centro, ia de ônibus e saía antes de terminar o filme pra poder pegar o ônibus”, diverte-se. O futebol era “passatempo de mocidade”, diz ele que jogou no Fanático e pelo time da Schmidt, já tendo comemorado títulos como campeão. Teve oportunidade de jogar em Santa Catarina, o que era uma grande viagem.
“Mas a Colaca implicava com o futebol e eu larguei logo”, comenta.
Colaca conta que trabalhou como professora, assim como sua mãe e sua avó. Naquela época ensinava todas as matérias e diz que não era tudo dividido assim como é hoje. Diverte-se ao lembrar dos alunos e diz que naquele tempo os professores eram mais rigorosos. Cita que deu aula para o Edson Basso e o Dr. Edilson Stroparo e que eram bastante inteligentes. Também chamava o Seu Romeu pra dentro da sala de aula, para ensinar aos alunos as “contas de dividir com eles no quadro”, já que tinha conhecimento na área. Mesmo em um tempo mais rigoroso, orgulha-se que todos gostam dela e muitos ainda tem contato.
Seu Romeu sempre foi muito envolvido na comunidade, fez parte da reconstrução da Igreja Presbiteriana, envolvia-se na Associação Amigos do Itaqui, ajudava quem precisava. “Era tudo muito simples, ninguém tinha carro”, lembra ele, dizendo que comprou um veículo na década de 50 e era o único com carro no Itaqui, então pediam para ele levar em vários lugares. Conta que também fazia injeção, junto com o João Zanetti. Sobre estrutura de mercado quando foi morar lá, disse que a Schmidt tinha uma cooperativa, quando Antônio Torres era o diretor. “Todo mundo comprava ali, mas também tinha um armazém da família Stroparo na época”.
Um dos bairros mais velhos de Campo Largo, muitas pessoas de Irati e arredores vieram para cá para morar e trabalhar na Schmidt, onde tinha muita vaga de emprego. Com isso o crescimento do bairro foi muito rápido, conforme ele diz. Até hoje acredita que é um bairro tranquilo de viver, apenas lamentou a situação do uso de drogas que acontece não só ali, mas em todos os lugares. “É um bairro abençoado”, frisa.