Independente da idade, campo-larguenses fiéis católicos se reuniram na manhã desta quarta-feira (22), na missa das 09h, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade, para participar da celebração de um momento que envolve fé e emoção.
O início da Quaresma, um dos mais importantes momentos do calendário católico, faz menção a um momento de preparação para a Páscoa, marcado pela realização de jejuns, caridades e muita oração. A Quaresma tem duração até o Domingo de Ramos, celebrado uma semana antes da Páscoa, que em 2023 será comemorada no dia 09 de abril.
A celebração foi realizada pelo padre Fábio Endler, que destacou que agora o momento da salvação é agora e que cada um é chamado para fazer sua parte. “Em 2021, o Papa Francisco estava orando, no silêncio da Praça São Pedro e disse que ninguém se salva sozinho. Enquanto não resgatarmos do mar nossos irmãos, a nossa missão como cristãos não acabou. Devemos então colocar diante de Deus as nossas fragilidades e pedirmos que nos mostre a salvação, para nós e para nossos irmãos.”
O padre Fábio disse ainda que todo pecado tem dimensões sociais, mas que todos, na condição de pecadores, quando percebem ao invés de se questionarem sobre seus próprios pecados, têm como primeira atitude rejeitar sua participação.
Fraternidade e fome
Ele explicou aos presentes que neste ano a Campanha da Fraternidade vem trazendo um tema que conscientiza além do lado espiritual, o lado social, promovendo apoio a quem sofre deste mal.
“Esta é uma triste realidade de irmãos nossos que passam fome; cerca de cinco milhões de pessoas não têm o que comer. São homens, mulheres e crianças nesta situação. A história sobre a multiplicação de pães e peixes nos mostra que eram cinco pães e com o milagre, foi possível alimentar uma multidão. Nesta Quaresma devemos procurar Jesus para encontrar uma resposta para essa realidade”, enfatizando que é necessário tratar os sintomas sem deixar de dar atenção às causas deste problema tão delicado.
Atualmente, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade atende 300 famílias cadastradas para o recebimento de cestas básicas, mensalmente. Porém, este número durante a pandemia chegou a 700 famílias atendidas.
Em matéria publicada no Vatican News, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou oficialmente que há mais de sessenta anos coloca um tema para ser aprofundado, assumido nas comunidades, paróquias, dioceses e por todas as pessoas de boa vontade. Este ano terá como tema a Fraternidade e Fome e o Lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).
A campanha busca então a sensibilização da sociedade e da Igreja para que se tenha a “compreensão da realidade da fome à luz da fé em Jesus Cristo, visando o aprofundamento das causas da fome, fazendo a acolhida pelo imperativo da Palavra de Deus em vista da corresponsabilidade fraterna pelo reconhecimento de muitas iniciativas comunitárias e sociais em favor da superação da fome”.
O texto destaca ainda que a fome é um problema estrutural, não causado apenas pela falta de alimentos. “O Brasil é um grande exportador de produtos alimentícios de modo que a fome não se justifica pela falta de alimentos. No Brasil não se produz para comer, mas produz-se para lucrar e exportar. Está faltando uma maior atenção para a realidade interna para os alimentos nas quais as pessoas passam por dificuldade em sua subsistência. Não é possível permanecer indiferente ou omisso diante de alguém que passa fome. É preciso se engajar por realizações de políticas públicas para o bem de nossos irmãos e irmãs”, descreve.
Palavras do Papa
Em sua carta aos fiéis brasileiros, o Papa Francisco escreveu: “(...) É meu grande desejo que a reflexão sobre o tema da fome, proposta aos católicos brasileiros durante o tempo quaresmal que se aproxima, leve não somente a ações concretas — sem dúvida, necessárias — que venham de modo emergencial em auxílio dos irmãos mais necessitados, mas também gere em todos a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais, mas deve ser uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome.
Desejo igualmente que esta conscientização pessoal ressoe em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome. Lembremo-nos de que “aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma came e sangue que nós. Por isso, merecem que nina mão amiga os socorra e ajude, de modo que ninguém seja deixado para trás e, no nosso mundo, a fraternidade tenha direito de cidadania” (Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, 16/X/2018, n. 7)”.