Com solo que está sendo avaliado como não próprio para construção, moradores temem que suas casas sejam atingidas pelo desmoronamento
Na última semana, a Folha de Campo Largo havia publicado sobre o início do desmoronamento da Rua Líbia, no bairro Francisco Gorski, após dias de chuvas intensas. Apesar do comprometimento, ainda havia possibilidade de trânsito no local, porém já apresentava rachaduras significativas.
Nesta segunda-feira (06), próximo das 18h, a rua acabou desmoronando completamente, impossibilitando a passagem de veículos e trazendo risco aos pedestres, como explicam os moradores. A Folha esteve no local registrando a situação, conversou com moradores, inclusive com a Janete Bonfim, que presenciou o momento. “Eu estava chegando do trabalho, vindo pela parte onde não estava desmoronando, quando senti algo estranho nos meus pés. Quando olhei para baixo vi a terra cedendo por completo, quando caiu a segunda parte e o desespero foi maior. A gente não imagina que vai passar por isso.”
Conforme relato do morador William Bertoja, a Prefeitura já estava trabalhando para tentar conter e evitar que a erosão acontecesse. Porém, cerca de duas horas após terem saído do local, na segunda-feira, aconteceu um novo desmoronamento. Janete falou que temeu pelas crianças que moram na região e imediatamente acionou a Defesa Civil e a Viação e Obras, que atenderam prontamente. Nesta terça-feira (07), a Viação e Obras esteve no local trabalhando com máquinas e levou caminhões de terra e pedra no local.
“O medo ainda não passou, estamos preocupados com tudo o que está acontecendo. Eles colocaram terra e pedras no buraco, mas não sabemos até que ponto isso resolverá o problema”, diz Janete.
“O que recebemos de informação da Viação e Obras é que eles irão consertar a rua, mas que não garantem outra solução. Foi verificado com a Prefeitura e essa é uma região considerada de risco, que as casas estão sendo construídas de forma irregular, em terreno que não poderia ser construído. Tem manilhamento que passa por baixo das casas e não sai para o vale, o que acabou encharcando o solo e provavelmente ocasionou o desmoronamento”, diz William.
O residencial é composto por oito casas e foi financiado, o que deixou os moradores surpresos ao saberem da irregularidade. A Sanepar também foi acionada pelos moradores, visto que o cano de esgoto estava quebrado embaixo da terra, mas não foi feito calçamento para o cano. Será feita uma investigação de área e localização, para saber o que está acontecendo no solo e provocando a erosão. “Nós queremos que este problema se resolva o mais breve possível, para que possamos voltar a dormir tranquilos, pois é algo assustador”, completa Janete.
Respostas
Em matéria divulgada pela Prefeitura nesta quinta-feira, o órgão traz que a Rua Líbia está interditada para reparos com, primeiramente, a troca das manilhas, que foram o que ocasionaram o desmoronamento da via. As manilhas que existiam eram muito antigas e já estavam sem acabamento e sedimento.
A Secretaria de Obras Viárias de Campo Largo explica que serão instaladas novas manilhas com a sedimentação necessária, de alta durabilidade, para o processo da drenagem. A reconstrução da rua se dará em três etapas, de baixo para cima. No momento, estão sendo instaladas as barreiras, os chamados taludes (superfície inclinada em relação à horizontal, que delimita uma determinada massa de solo, rocha, ou qualquer outro material) para a efetiva contenção das águas pluviais. Após o procedimento da recosntrução das três barreiras inferiores, a equipe entra com a instalação da base asfáltica, a colocação de meio-fio, a realização quase final da sub-base, para então realizar a pavimentação do trecho em C.B.U.Q. (Concreto Betuminoso Usinado à Quente).
O secretário municipal de Obras Viárias, Paulo Rogério Alves, destaca que toda a estrutura da rua já era muito antiga e as manilhas estavam sem alinhamento e "flutuantes", o que ocasionou a movimentação das mesmas que foram afundando na terra, também instável devido às condições climáticas. "Estamos operando com equipe de urgência para, o quanto antes, sanarmos o dano. O município precisa de reparos especialmente nas ruas mais antigas, que foram se deformando através do tempo. Por isso utilizamos em todas as nossas operações somente a pavimentação asfáltica em C.B.U.Q. (Concreto Betuminoso Usinado à Quente) que é o asfalto "quente", o mesmo utilizado em rodovias, pois possui altíssima durabilidade para tráfego intenso, num período aproximado de 20 anos. Muitas vias do município foram antigamente compostas por asfalto "frio", que é mais barato e não oferece a durabilidade alta e nem a resistência necessária. O C.B.U.Q. é mais caro, o procedimento tem etapas que precisam de tempo e firmamento do solo para a finalização da pavimentação", ressalta o secretário.
Com mais qualidade, a extensão de mais de 50 metros da Rua Líbia será refeita e beneficiará as 12 famílias que foram afetadas pelo desastre.
O secretário ainda reforça que a Secretaria Municipal atende também todo o interior do município e, semanalmente, o cronograma de planejamento das obras que estão em execução é divulgado (no início da semana) no portal de notícias da Prefeitura de Campo Largo: www.campolargo.pr.gov.br
Alterações dos serviços podem ocorrer devido a urgências, como o caso da Rua Líbia, e por variações climáticas.
Fique atento ao "Alô Obras", o canal de comunicação aberto e coordenado pela equipe de Obras Viárias da cidade. O atendimento para sanar dúvidas é pelo número de WhatsApp (41) 3399-2971, de segunda a quarta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.
A Sanepar também foi procurada e respondeu: “A responsabilidade na aprovação de loteamentos é da Prefeitura. A Sanepar só executa redes de água e de esgoto em logradouros públicos formalmente constituídos”.