Terça-feira às 16 de Abril de 2024 às 04:33:27
EM CAMPO LARGO 19º | 23º
Saúde

Falta de informação é um dos principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço

Julho é o mês de conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço, o quinto mais incidente do Brasil, tanto em pacientes homens, como mulheres.

Falta de informação é um dos principais fatores  de risco para o câncer de cabeça e pescoço

Julho é o mês de conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço, o quinto mais incidente do Brasil, tanto em pacientes homens, como mulheres, acarretando em cerca de 10 mil óbitos por ano, conforme informações da Pfizer. A falta de informação sobre essa doença é um dos pontos mais preocupantes da sociedade médica, visto que 70% dos casos deste tipo de câncer são diagnosticados em estágio avançado, tornando o tratamento mais difícil ou somente paliativo.  

Dr. Gustavo Canevari, médico cirurgião-oncologista, em entrevista à Folha de Campo Largo, explicou que o câncer de cabeça e pescoço envolvem vários tipos da doença. “De maneira geral, essa nomenclatura se refere a tumores que possam tingir essas regiões. Entre eles temos o câncer da cavidade oral, que pode atingir lábios, gengiva, céu da boca e língua; o câncer de faringe, na região da garganta; câncer de laringe, que afeta a região da garganta onde estão as cordas vocais e câncer de tireoide, que afeta a glândula da tireoide. Ainda podem ser citados cânceres em seios da face, glândulas salivares e linfonodos na região do pescoço.”

No SUS, conforme relata o Dr. Gustavo, este infelizmente é um câncer bastante comum, com maior incidência entre os homens. Esta doença está relacionada a fatores de risco como o consumo exacerbado de álcool, que aumenta  a chance de desenvolver este câncer de três a cinco vezes mais, e o tabagismo, que aumenta a chance de duas a três vezes em ter este câncer. Quando o paciente possui os dois hábitos em conjunto, as chances de desenvolver câncer de cabeça e pescoço aumenta em 20 vezes.

Embora este câncer seja mais frequente em pacientes com mais de 60 anos, Dr. Gustavo comenta que há uma parcela de jovens adultos apresentando esta doença nos últimos dois anos. “Casos em pessoas com menos de 60 anos são raros, mas temos visto cada dia mais no consultório. Estes pacientes têm costume de usar cigarros eletrônicos e narguiles que acabam sendo mais agressivos para o corpo, além do uso ser com frequência maior. Apesar destes métodos terem menos composições químicas, a pessoa que os utiliza ingere uma quantidade maior destes compostos, até 100 vezes mais se comparado ao cigarro comum”, alerta.

“De modo geral, este câncer também está associado à nutrição, aos hábitos de higiene bucal da pessoa e acompanhamento odontológico. O acesso à Odontologia é imprescindível, pois é possível detectar um caso precocemente, o que aumentam as chances de cura”, completa.

Há ainda a causa relacionada ao vírus do HPV. “O HPV é um vírus transmitido sexualmente e neste caso está relacionado ao sexo oral. Por isso, recomenda-se o uso de preservativo durante o ato sexual, tanto para homens, como para mulheres, e também a vacinação, disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde”, orienta.

Um questionamento bastante comum da população sobre este tipo de câncer é quanto ao chimarrão, quando consumindo com a água extremamente quente, se poderia desenvolver a doença a longo prazo. Questionado, Dr. Gustavo explica que isso pode vir a acontecer sim, porém os casos são bem mais raros. “Acontece que quando consumido o chimarrão extremamente quente, por muitos anos, essa água causa queimaduras na mucosa que podem se tornar maligna com o passar dos anos”, frisa.

Sintomas e tratamentos
Entre os sintomas mais comuns estão lesões nos lábios e feridas na cavidade bucal – como aftas – que não curam em 20 a 30 dias, dor na região, rouquidão, tosse e falta de ar. Quando está em metástase, pode aparecer um caroço visível no pescoço.

“A pandemia acabou atrasando o diagnóstico destes pacientes, por isso, estamos alertando cada vez mais para a importância da busca de um médico em caso de suspeita. Dentro do SUS, nós temos um procedimento a ser seguido, que é a chegada do paciente na Unidade Básica de Saúde, passa por consulta com médico dos cuidados primários, quando são feitos exames e então é encaminhado para o setor de Oncologia. Por isso, é imprescindível que o paciente, já ao primeiro sinal de alerta, busque atendimento médico para que venha para este setor com chances boas de tratamento. Hoje acontece a chegada destes pacientes em estágio avançado, impossibilitando que façamos algo pela cura, somente cuidados paliativos”, alerta.

Entre os tratamentos disponíveis hoje estão a quimioterapia, radioterapia e cirurgia, sendo necessário avaliar caso a caso, considerando a saúde geral do paciente e o grau de câncer desenvolvido – explica Dr. Gustavo. O câncer de laringe, por exemplo, pode resultar em disfonia por toda a vida do paciente, visto que é necessário durante a cirurgia retirar as cordas vocais.

“Este é o mês de conscientização, mas a prevenção deve ser feita o ano todo. Percebemos que em países da Europa estes tipos de câncer são com menor incidência, tanto que há médicos que procuram o Brasil para estudar casos. Precisamos reverter essa situação através da conscientização e vacinação da população em geral. Em caso de sintomas, procure um médico o quanto antes”, finaliza.