Sabado às 23 de Novembro de 2024 às 05:22:42
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Exame do Olhinho é a maneira mais eficaz de identificar problemas graves na visão do bebê

Pais com tumores intraoculares na infância devem ficar atentos e realizar exames em seus filhos; exame digital do olhinho é capaz de identificar com mais precisão problemas nos olhos

 

Exame do Olhinho é a maneira mais eficaz de identificar problemas graves na visão do bebê

Há algumas semanas, o Brasil se envolveu na história da filha do jornalista Tiago Leifert, que foi diagnosticada com retinoblastoma, que segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é um tumor maligno originário das células da retina, que é a parte do olho responsável pela visão, afetando um ou ambos os olhos. Geralmente ocorre antes dos 05 anos de idade, sendo considerado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) o câncer ocular mais comum na infância, afetando um ou os dois olhos, afetando anualmente cerca de 400 crianças.

Dr. Carlos Augusto Moreira Junior, médico oftalmologista e diretor do Hospital de Olhos do Paraná, explicou a importância do diagnóstico precoce para este tumor, também conhecido popularmente como “olho de gato”. “O que o paciente apresenta é uma pupila diferente. Vai fazer a foto, a pupila não fica vermelha, nem preta, mas esbranquiçada, por isso chama-se pupila de gato. A criança começa a enxergar pouco e o olho desvia, faz um estrabismo. Esse tumor deve ser diagnosticado precocemente, caso contrário ele se espalha e pode ser fatal, pois faz metástase para o cérebro e para os ossos. Quando diagnosticamos precocemente o tratamento é muito efetivo.”

O médico pontua que os tratamentos disponíveis para retinoblastoma incluem quimioterapia, quimioterapia seletiva – que é o tratamento mais eficaz atualmente, em tumores maiores a retirada do globo ocular todo e às vezes radioterapia. “Reforço que é preciso que ele seja diagnosticado o quanto antes, pois pode se espalhar de maneira rápida por outros tecidos e ser fatal”, completa.

O especialista alerta que pais com problemas oculares podem transmitir aos seus filhos por meio da genética. “Evidentemente que todo pai ou mãe que teve tumores intraoculares na infância pode transmitir para a criança. São tumores que chamamos de origem hereditária. O retinoblastoma é o mais comum, que foi um dos primeiros tumores a se identificar o gene responsável pela transmissão. Se os pais têm algum defeito desta ordem, tem que se pesquisar o mais breve possível”, orienta.

Atenção à visão desde o nascimento
Embora o diagnóstico para este caso em específico seja extremamente urgente, exames e visitas periódicas ao oftalmologista são essenciais desde a primeira infância.
Ainda na maternidade, o Teste do Olhinho é capaz de identificar alguns problemas existentes nos olhos do bebê. A indicação da SBP é refazer o teste em até cinco anos, sendo este disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O Teste do Olhinho é feito no berçário, com pupila dilatada, por um pediatra que utiliza um oftalmoscópio. Ele detecta opacidades grandes, que acontecem dentro do olho, como uma catarata total, por exemplo ou hemorragia vítrea, ou alteração pupilar. Entretanto, como ele é limitado, só detecta coisas que estão em alto grau de evolução e não detecta problemas pequenos”, explica Dr. Carlos.

Atualmente, existe a tecnologia do Teste do Olhinho Digital, capaz de identificar com maior precisão alguma anormalidade e em locais mais afastados do centro da visão. “O exame digital consegue verificar coisas com muito mais precisão e em locais muito afastados do centro da visão. Consegue detectar um tumor intraocular maligno ainda em pequeno grau de desenvolvimento. Portanto, muito antes, o que representa a possibilidade de salvar uma criança da morte, inclusive. Por isso, naturalmente, o teste digital irá substituir o teste normal feito no olhinho no futuro, pois tem muito mais precisão. O teste digital também é feito com pupila dilatada. Com técnica, coloca uma microcâmera próximo ao olho e digitalmente um laser faz a digitalização de toda a retina”, reforça.

Embora o teste digital ainda não esteja disponível pelo SUS, ele está disponível em hospitais e maternidades de Curitiba e Região Metropolitana. 

Por meio do exame é possível diagnosticar cataratas de todo o tipo, opacidade vítreas de todos os tipos, tumores intraoculares, infecções ou inflamações intraoculares e doenças congênitas ou genéticas abrangendo muito mais diagnósticos.

Ao se detectar alguma anormalidade, o médico explica que o paciente é conduzido ao oftalmologista, que atenda na área da pediatria, para fazer o tratamento desta criança. As doenças mais comuns são as congênitas, tumores, catarata congênita, hemorragias, infecções intraoculares e sobretudo, a temida retinopatia da prematuridade, que se não for tratada leva à cegueira.