07/03/2014

No dia 02 de Dezembro de 2013 fui tia pela segunda vez. O irmão de meu marido, juntamente com minha concunhada, ganhou seu primeiro filho. Assim como com os outros bebês, meu sobrinho é uma graça e, ao completar seus primeiros três meses, está gordinho e sorridente. É o orgulho do papai, da mamãe e dos titios!

Mas como a vida não é só mamar, dormir e fazer cocô (como ele vem fazendo desde que nasceu), toda a família já se reúne pensando em seu futuro, sua vida escolar, suas preferências, personalidade e até carreira. E como ele é nascido em dezembro, sabemos que até poderá frequentar a mesma turma e brincar junto no recreio, mas entre ele e uma criança nascida em janeiro existe quase um ano de diferença. Eesta diferença pode ter importantes consequências.

As crianças nascidas em dezembro são mais propensas a serem consideradas abaixo da média por seus professores em leitura, escrita e matemática. Também são mais propensas a serem infelizes na escola e sofrem um risco aumentado de sofrer bullying. Isso reflete o fato de que estas crianças podem ser quase um ano mais jovens do que seus colegas segundo o calendário escolar do país.

Além disso,as crianças nascidas em dezembro têm mais chances de serem diagnosticadas com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) do que os seus colegas nascidos em janeiro. Porém sabemos que não existem razões genéticas para explicar este fenómeno, que se deve, na sua maior parte, à imaturidade dos menores que é geralmente confundida com hiperatividade. A diferença entre os cinco os seis anos é muito acentuada, mas essa diferença vai-se esbatendo à medida que as crianças crescem e pode ser quase inexistente quando as mesmas chegam aos onze ou doze anos. As consequências deste diagnóstico é que a criança acaba por ser rotulada e tratada de maneira diferente, o que altera a percepção que tem dela própria e pode influenciar o seu desenvolvimento.

Neste sentido, sem a intenção de assustar meus cunhados, é muito importante que pais e escola estejam atentos para tal questão de maneira a combater as desvantagens de ser o mais jovem de um grupo escolar, pois é comum a existência de alunos que fazem aniversário depois de julho e entram no primeiro anodo Ensino Fundamental com apenas cinco anos completos.

Para os pais, a sugestão é sempre estar de olho ao desenvolvimento de seu filho na escola. Auxiliar sempre que necessário em seus estudos, ou contratar um profissional para tanto, será essencial para a trajetória escolar de seu filho. Respeitar seu tempo é também extremamente necessário para que a criança não sofra pressão na escola e, novamente, em casa. Entender que um ano faz muita diferença no desenvolvimento humano é o primeiro passo.

Estar sempre em contato com a escola e outra ótima estratégia tendo em vista que os professores, juntamente com os pais, formam a melhor equipe para apoiar a criança. Lembrar que a pauta com a equipe pedagógica não deve ser somente referente a conteúdos escolares, mas sim sobre seu relacionamento com a turma para evitar que esses alunos sejam vítimas de bullying, é de igual importância.

A notícia boa é que, com os devidos cuidados e acompanhamentos, o prognóstico é de um desenvolvimento promissor, já que a partir dos doze anos a diferença de maturidade começa a desaparecer. E, de lambuja, esses alunos ainda entram na faculdade e no mercado de trabalho mais novos que a maioria das pessoas.