16/07/2013
Jovem achado em mato 4 dias após acidente bebeu urina para sobreviver
16/07/2013
Fonte:G1.com
Foto:Claudemir Ratinho/ Arquivo Pessoal
O tratador de cavalos Ademar Inácio Moreira Neto, de 21 anos, bebeu a própria urina para sobreviver quatro dias no pasto de uma fazenda. O jovem caiu em um barraco durante um acidente na GO-060, próximo a São Luís de Montes Belos, a 153 km de Goiânia. "Ele encontrou uma garrafa de plástico e pegou para urinar dentro dela, para ter o que beber”, contou ao G1 o padrasto da vítima, Jênese Ferreira Adorno. Debilitado e com a perna quebrada, o jovem, segundo o parente, "fez de tudo para viver".
Ademar está internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), para onde foi encaminhado no sábado (13), mesmo dia em que foi resgatado. Ele passou por cirurgia na perna esquerda na madrugada de domingo (14).
Transferido da sala de recuperação para a enfermaria, os parentes puderam vê-lo pela primeira vez após a cirurgia no início da tarde desta segunda-feira (15). "Estou muito emocionada de poder ver meu filho", comemorou a mãe. Conforme a equipe médica, o estado de saúde dele é regular.
Sobrevivência
O jovem estava desaparecido desde a última terça-feira (9), quando foi a Fazenda Nova, no noroeste de Goiás, para negociar a troca de um cavalo. Ao padrasto, Ademar contou que, como o negócio não deu certo, decidiu voltar para São Luís de Montes Belos.
O rapaz trafegava pela GO-060 quando uma caminhonete Hilux branca colidiu com a motocicleta onde estava e o jogou para fora da rodovia. “Ele achou que o motorista do outro veículo ia voltar para socorrê-lo. Ele esperou, esperou e nada”, conta Jênese.
A família está indignada com o condutor da caminhonete. "Ele tinha que ter dado socorro. Se estivesse com medo de que o meu enteado tivesse morrido, bastava ligar de um orelhão contando que viu um acidente. Espero que ele nunca mais faça isso", ressalta o padrasto.
Ademar teria tentado subir o barranco, mas não conseguiu por conta da perna quebrada. “Era dor demais. Mesmo assim, para ser visto ele decidiu rastejar até uma área descampada, um pasto. Ele rastejou por mais de 20 metros”, afirma. À noite, para evitar que algum animal pisasse nele, Ademar decidiu se rastejar de volta para o outro lado da cerca, onde havia capim alto. “Ele fez isso todos os dias”, ressaltou o padrasto.
O jovem ainda tentou ligar para os parentes, no entanto, não pega sinal de celular no local. “Por pouco ele não falou com a gente, a 200 metros de onde ele caiu já pegava celular”, lamenta Jênese.
Buscas
A família se preocupou com Ademar porque ele tinha um compromisso às 16 horas de terça-feira em uma fazenda de São Luís de Montes Belos, mas não compareceu. “Ele nunca tinha feito isso, pois sempre foi muito responsável”, declarou. A procura por Ademar mobilizou moradores da região. Além da Polícia Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros, cerca de 70 pessoas auxiliavam nas buscas.
“Até helicóptero particular a gente conseguiu com uma pessoa de Fazenda Nova. Chegamos perto do local onde Ademar estava na quinta-feira, mas tivemos que voltar porque o tempo de voo tinha acabado. Depois, na manhã de sábado, fizemos novas buscas com o helicóptero da Polícia Militar, mas não deu em nada. Íamos retomar as buscas com a aeronave à tarde, mas, Graças a Deus, não foi preciso”, afirmou.
O tratador de animais foi encontrado pelo trabalhador da fazenda onde Ademar estava, na tarde de sábado, quatro dias depois do desaparecimento. “Como todos da região já sabiam o que tinha acontecido, o funcionário logo ligou para os bombeiros e para a polícia”, informa. Ele recebeu os primeiros socorros no local, antes de ser levado para hospital da cidade.
Inicialmente, a família acreditava que Ademar teria sofrido um acidente de trânsito. No entanto, devido a uma pista falsa, eles pensaram que o jovem tinha sido assaltado e sequestrado. “Não perdemos a esperança, mas pensamos que ele estivesse vivo em um cativeiro”, lembra Jênesis.
O pai de Ademar, o eletricista Cleomenes Sheneyder, disse que não tem como medir a alegria de reencontrar o filho, pois foi ele quem recepcionou o rapaz no hospital da cidade do interior goiano. “Quando o vi, passei a mão na cabeça dele. Então, ele estendeu a mão e pediu “Bença, pai”. Não aguentei, abracei o padrasto dele e nós dois saímos da sala para não chorar na frente dele”, declara.
Cleomenes Sheneyder ressalta que os últimos dias não foram fáceis: “Esse desaparecimento quase matou a gente”. No entanto, a situação fez com que o pai se aproximasse mais da família da ex-mulher. “Uma coisa ruim acabou nos unindo mais, pois precisávamos estar juntos nesse momento”, afirmou.