14/06/2013
Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos é discutido em Audiência Pública
14/06/2013
Com objetivo de discutir a responsabilidade dos geradores de resíduos sólidos quanto à separação seletiva e formalização de parceria com os catadores de materiais recicláveis, foi realizada na manhã de segunda-feira (10), na Casa da Cultura, uma Audiência Pública. Das 150 empresas convidadas, 85 estavam presentes – e todas darão início a esta nova forma de destino do lixo, através de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).
O procurador de justiça do Meio Ambiente, Saint-Clair Honorato dos Santos destacou os problemas encontrados pela atual forma de gerenciar os resíduos, que, segundo ele, é um modelo que gera ainda mais volume de lixo. Ele citou que o gerenciamento do lixo em Curitiba e região custa R$ 19 milhões por mês, e este mesmo valor poderia ser utilizado para comprar um biodigestor para resíduo orgânico, o qual duraria por muito tempo e evitaria tanto investimento por mês.
“Não se tem campanhas educativas para reciclagem, não há interesse. Papel higiênico, por exemplo, se joga no vaso sanitário, mas ninguém orienta para isso”, comenta. Segundo ele, primeiramente é preciso evitar gerar lixo, utilizando embalagens de vidro, por exemplo, que podem ser reutilizadas, o que entra no segundo item, que é a reutilização de materiais. Em terceiro lugar vem a reciclagem, por isso a importância de campanhas que orientem a população. “Poucas produtos são vendidos em vidros, a maioria são em plástico, latas e isso é lixo”, enfatiza. E pouco resolve se as embalagens são recicláveis, sendo que elas vão para o aterro – em Curitiba e região apenas 10% do lixo é reciclado, em Campo Largo este número chega a 15%.
Quanto às formas de destino do lixo, Saint-Clair afirma que queimar lixo “é a maior besteira. Tem chaminé, então polui. Incineração está sendo proibida na Europa porque é cancerígena”.
A procuradora do Trabalho Margaret Matos de Carvalho disse que Campo Largo e Balsa Nova assumiram uma responsabilidade com o Ministério do Trabalho para resolver a inserção dos catadores de materiais recicláveis. Para ela é preciso ter conhecimento de quantos são, quem são, onde moram, se as crianças e adolescentes estão na escola, etc. “Hoje coleta seletiva não é mais opção do município, ele é obrigado a fazer coleta seletiva e a compostagem de orgânicos”, afirma.
Atualmente Campo Largo manda diariamente 65 toneladas de lixo por dia para Fazenda Rio Grande. “Estão pagando por algo que pode se tornar matéria-prima”, diz. Segundo ela, as empresas receberam notificação recomendatória para elaborar o PGRS com objetivo de conscientização. A Secretaria de Meio Ambiente vai acompanhar cada Plano até mesmo para ter ideia do lixo gerado pelas empresas e após este processo haverá a fiscalização. Todo lixo reciclável deverá ser encaminhado aos catadores. Alguns resíduos deverão ter um destino específico, como exemplificado no caso de telhas de amianto que são tóxicas e precisam de um aterro especial. “Cada um que gera seu resíduo é obrigado a dar destinação adequada a ele”, completa Saint-Clair.
Margaret disse que haverá uma nova audiência pública, na qual quer debater com profundidade sobre a pirólise. “Se hoje já se paga caro, com a usina [de aproveitamento energético para resíduos sólidos] vai ficar mais ainda. E a energia gerada é menor que a energia necessária para a geração”, explica. Segundo ela, os catadores têm prioridade na reciclagem e dependendo da escolha do que será implantado no município, poderá causar impacto social, ambiental e na saúde. “As cinzas provenientes da incineração são tóxicas, cancerígenas. Esta usina é um elefante branco contaminado. Biodigestor ou biomassa é a melhor solução”, completa.
O secretário municipal de Meio Ambiente disse que ainda estão sendo estudadas as tecnologias para serem implantadas no município, que nada foi resolvido e que sabe da necessidade e importância de realizar uma audiência pública antes da decisão final. “Vamos discutir com calma e de maneira exaustiva este assunto”, afirmou.
Para a promotora de Justiça Nayani Kelly Garcia, a audiência tem como objetivo atender a lei e bem-estar de todos e citou que para ter qualidade de vida é preciso meio ambiente adequado, saúde pública e promoção social. Ela enfatizou que o lixo pode gerar outros recursos e que tanto grandes como médios geradores precisam participar deste processo. “No modelo que temos hoje, poucas empresas ganham muito e este dinheiro pode ser investido em segurança, saúde”, detalha ela, citando o destino do lixo para o aterro da Caximba.
A bióloga da Secretaria do Meio Ambiente Walquíria Menna que os materiais recicláveis eram todos enterrados no lixão e em março de 2007 se deu início a campanha “Vamos reciclar Campo Largo” e em 2008 foi criada a Assur. Em 2006 eram coletados 15.085 toneladas de lixo comum e em 2012 passou para 18.625 toneladas. De lixo reciclável, em 2006 eram apenas 65 toneladas, enquanto em 2012 este número subiu para 2.173 toneladas. Além disso, há outros programas, como o de reciclar óleo de fritura, que gera recursos que são doados a instituições.
Em 2012 a Assur ganhou uma nova central de triagem, com esteira, balança, moedor de caco, elevador elétrico e prensa. Atualmente eles conseguem até mesmo dar um destino correto aos eletroeletrônicos e segundo Walquíria estão em busca de parcerias com escolas técnicas e faculdades para constante melhoria. Segundo a catadora Andreia, tesoureira da Assur, o salário deles, de cerca de R$ 300,00, aumentou para R$ 1.300, devido ao maior volume. No total, são 20 famílias trabalhando.
Para empresas que já têm o PGRS, precisarão adequar com a política nacional e destinar os recicláveis para a instituição de catadores da cidade, no caso a Assur. Empresas que utilizam o dinheiro de reciclagem para realizar cursos e outras ações não terão mais este benefício.
A Assur comporta 43 toneladas de lixo por mês e com o aumento da demanda precisará reorganizar logística interna e, se for necessário, uma nova estrutura será montada. A Assur está localizada na Rua João Cecato nº 23, bairro Industrial Rivabem. Informações 3399-3039 / 3291-5262.