24/05/2013
Cerca de mil adolescentes participam de evento sobre abuso e exploração sexual
24/05/2013
Nos últimos dias 15, 16 e 17, cerca de mil adolescentes assistiram a um monólogo e um vídeo técnico sobre abuso e exploração sexual infantojuvenil. Promovido pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), o evento aconteceu na Casa da Cultura e recebeu alunos do terceiro ano do Ensino Médio, provenientes de 20 escolas estaduais de Campo Largo. As últimas palestras foram abertas à população. “No ano passado, esse evento foi feito com equipes pedagógicas. Nesse ano, escolhemos fazer diretamente com os alunos, para tratar o assunto abertamente e incentivar a denúncia”, explica a secretária de Assistência Social, Noeli Parchen.
A estudante do Colégio Estadual Sagrada Família, Thais Karolina Fagundes, de 17 anos, acredita que o evento foi importante para levantar a discussão sobre o tema. “Fiquei muito sensibilizada e vi que este assunto merece uma atenção muito grande. Esse choque é necessário para que todos busquem acabar com esses crimes, denunciando e alertando a todos sobre a sua gravidade”, conta a aluna.
Para o pedagogo de CREAS e coordenador do evento, Edson Rodrigo da Costa, o objetivo das palestras foi tanto sensibilizar como informar. Para ele, a resposta dos adolescentes foi positiva. “Não é fácil conseguir atenção do público adolescente. Mas as reações foram as mesmas em todas as palestras: no começo se ouvia algum comentário maldoso, mas quando ia entrando no contexto, os alunos iam silenciando. Você ouvia choro, emoção e, no final, todos saindo em silêncio”, conta o pedagogo.
Um dos casos de violência sexual relatado no vídeo foi o de uma adolescente que, com a ajuda de um amigo, filmou o abuso sexual que sofria e utilizou como prova para denunciar o padrasto. “Para quem está sofrendo a violência, assistir a um vídeo assim é ver um retrato de sua própria vida. Porém, não é fácil para uma pessoa conseguir denunciar. Mas a cena do vídeo tinha um propósito: encorajar não só a denúncia, mas incentivar a vítima a se abrir com alguém. No vídeo, foi um colega que ajudou a menina a denunciar”, explica Edson.
Para o secretário municipal de Segurança Pública, Juscelino Bayer, é fundamental que as pessoas percam o medo e conheçam as formas de denúncia. “É importante que a população saiba que existe como denunciar de forma segura. E quanto mais pessoas procuram o poder público, temos informações precisas para estabelecer projetos e ajudar a diminuir esse tipo de violência”, ressalta o secretário, que participou do evento na sexta-feira.
No monólogo apresentado durante o evento, uma atriz representou diversas situações de abuso e relatou casos de crianças e adolescentes que sofreram violência sexual. O vídeo também descreveu histórias chocantes, em especial a de Araceli Cabrera Sanches Crespo, que foi estuprada e morta com apenas oito anos de idade. Esse crime aconteceu no dia 18 de maio de 1973 e os acusados ficaram impunes. Em homenagem à menina Araceli, a data foi instituída como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no ano 2000.
“É importante chocar, porque o choque acontece quando vemos algo que não é normal. O problema é quando não houver mais choque e as pessoas não se sensibilizarem mais, com algo que não pode ser visto como normal”, conclui o pedagogo.