26/04/2013
Festa em comemoração ao centenário de São Silvestre
26/04/2013
O distrito de São Silvestre esteve em festa neste final de semana para comemorar seus 100 anos de existência, completado no dia 1º de Abril. O evento foi realizado na Escola Municipal Nicolau Morais de Castro, com apresentações e homenagem aos moradores mais antigos.
Um dos participantes, que representou os moradores da região, foi o jornalista e escritor Aldir Buiar, que em 2005 publicou o livro “História do Distrito de São Silvestre” e, para isso, buscou muitas informações e história dos acontecimentos e moradores da região, desde sua formação.
Segundo sua pesquisa, São Silvestre nasceu em 1901, quando o primeiro morador, Silvestre da Luz, recebeu do governador do Paraná todo o território, que na época era conhecido por Palmital do Silvestre, para diferenciar-se de Palmital dos Pretos. Foi apenas em 1º de Abril de 1913 que foi denominado São Silvestre. Em 1939 foi construída a capela de São Silvestre, ano em que se instalaram neste território agricultores russos.
A história mais marcante contada no livro é sobre um curandeiro. “Acreditavam que ele era o renascimento do monge João Maria D’Agostini. Diziam que ele morria em um lugar e nascia em outro. Ele se instalou em uma cabana às margens do Rio Açungui e receitava cipó e batata inhame para todos, para curar diversas doenças. A fama de curandeiro dele se espalhou tanto que milhares de pessoas iam visitá-lo, muitos ônibus iam cheios de pessoas buscando a cura”, relata Buiar.
Ninguém nunca soube o verdadeiro nome deste curandeiro. Há uma relato de que um boiadeiro uma vez o reconheceu, mas ele negava. Não há confirmação, mas alguns dizem que ele matou a filha por acidente e virou fugitivo da polícia. Ele chegou em São Silvestre em 1963 e suicidou-se em 1965.
Buiar morou em São Silvestre por 22 anos, sendo que durante seis anos nem mesmo saiu de sua chácara, somente estudando, lendo livros. Atualmente ele tem cerca de dois mil livros, de Astrologia, espiritismo, democracia, entre outros.
O futuro
Questionado sobre como acredita que será o futuro de São Silvestre, Buiar diz que não é muito otimista. “Somente devido a aposentadoria rural que aquele povo ainda vive lá. Em regiões que antes tinham umas 50 famílias, hoje não chega a dez”, diz. Ele conta que a Estrada do Cerne foi aberta à mão e por ela passava principalmente o café e erva-mate, os moradores dali viviam principalmente do cultivo de milho e feijão e da pecuária. “Os porcos eram tocados caminhando até Santa Felicidade para serem vendidos”, detalha.
Ele afirma que “hoje não se tem estímulo para continuar com a agricultura. O terreno é muito íngreme e a região está muito abandonada desde a construção da Rodovia do Café. A Estrada do Cerne só foi asfaltada até a segunda ponte, o projeto para pavimentar até Piraí não saiu do papel. É grande a dificuldade de locomoção, de transportar os produtos, é muita lama. Por isso sempre vendem os produtos para atravessador e com isso perdem muito do lucro”, argumenta Buiar.
Com o livro, ele deixa registrada a memória de dezenas de antigos moradores, para as futuras gerações conhecerem um pouco da história da região. O livro foi doado aos moradores, a venda era proibida.