26/04/2013
Representantes religiosos de Campo Largo participaram da última sessão da Câmara Municipal, nesta segunda-feira (22), para apoiar os vereadores que apresentaram moção de repúdio ao Conselho Federal de Medicina (CFM), que defende o aborto até a 12ª semana de gestação em alguns casos.
O CFM defende o aborto nas seguintes situações: quando houver risco à vida ou à saúde da gestante; se a gravidez resultar de violação da dignidade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida; se for comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida independente, em ambos os casos atestado por dois médicos; ou por vontade da gestante até a 12ª semana da gestação, ao médico constatar que ela não tem condições psicológicas. Para a elaboração da moção de repúdio, os vereadores argumentaram a posição contrária à alegação de falta de suporte psicológico, justificando que a gestante não pode decidir pela vida do outro e que esta alegação seria algo muito cômodo, pois todos sabem que sexo resulta em gravidez e é de conhecimento público as formas de se evitar a concepção.
O último item é o que gerou mais polêmica. O presidente do Conselho de Medicina do Paraná, Alexandre Gustavo Bley, entende que o direito à vida deve prevalecer acima de tudo. “Em primeiro lugar, é preciso tomar cuidado para que o abortamento não seja utilizado como mecanismo de planejamento familiar. Para isso já existem métodos anticoncepcionais disponíveis a toda a sociedade, com altas taxas de eficácia. Trata-se de um assunto que deve ser enfrentado pelo conjunto da população, pois as taxas de mortalidade nos abortos inseguros é alta, constituindo-se num caso de saúde pública. Nessa esteira será que não estamos somente tentando resolver a questão final? Não seria mais lógico uma ação firme do estado em campanhas de educação sexual com a prevenção da gestação indesejada? Não está na hora desse país tratar a educação no geral como uma prioridade de estado, facilitando o desenvolvimento intelectual e cultural que vai auxiliar na autodeterminação das pessoas, visando uma maior consciência da responsabilidade por suas ações? Dentro de uma discussão bioética, qual princípio teria primazia, a autonomia da gestante sobre o seu corpo ou a não maleficência e o direito a vida do feto? São inúmeras as ponderações que devem ser consideradas e debatidas dentro da sociedade”, opina o presidente em nota para a imprensa.