06/09/2012
Os consumidores já encontram preços mais elevados nas carnes em geral, devido ao aumento dos preços dos cereais. O custo do Milho nos mercados nacional e internacional, com a forte alta provocada pela quebra de safra nas principais regiões produtoras do grão que sofreram com a seca este ano, tem pressionado fortemente o mercado de carnes. Ao lado da Soja (farelo de soja) o milho é a principal matéria-prima para a produção de carne bovina, suína e de aves nos Estados Unidos e de aves e suínos no Brasil.
Em Campo Largo, nos açougues e supermercados, a carne de frango e a carne suína já apresentam alta significativa. Somente a carne bovina ainda sofre pressão, para baixo, graças à queda nas exportações. Devido à alta dos preços, o consumidor também já reagiu, reduzindo o consumo.
Insumos
O preço da saca de milho chegou a quase R$ 35,00 e o da soja a R$ 85,00 em média. O preço mínimo, usado como referência de mercado para garantia de aquisição pelo Governo Federal, foi R$ 13,02 para a saca de 60 quilos de milho e R$ 22,87 para a saca de soja.
No Brasil, onde a produção de aves e suínos é mais sensível ao problema, o governo tem usado o estoque regulador para amenizar os impactos. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), 1,2 milhão de toneladas de milho estão disponíveis para regulação. Parte desse estoque tem sido disponibilizada no mercado a preços subsidiados em relação aos atuais.As regiões Nordeste e Sul do país, que mais sofreram com a estiagem e que têm sentido mais fortemente os impactos dos preços de grãos na produção de carne, são prioridade.
Com a modalidade denominada Venda Balcão, voltada para pequenos produtores, o governo se compromete com a entrega das sacas comercializadas. “Mas estamos com problemas [nessa modalidade] porque a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] tem feito leilões de frete. Com o superaquecimento do mercado de frete, a Conab não está conseguindo contratar caminhões”, explicou Edilson Guimarães, diretor do Departamento de Comercialização e de Abastecimento Agrícola e Pecuário do Mapa.
Guimarães acrescentou que pela modalidade de Venda de Estoques Públicos [VEP], os produtores compram e levam o produto a preços mais baixos. “Na última quinta-feira (30), das 30 mil toneladas de milho que disponibilizamos, vendemos 18 mil para o Nordeste e Norte do país. Na próxima quinta-feira (6), vamos ofertar mais 30 mil toneladas e aí poderão entrar os produtores de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul”, disse.
As operações serão realizadas até o fim de dezembro, de acordo com a portaria que viabilizou as medidas. Para os produtores nordestinos, estão reservadas 400 mil toneladas de milho, e para os produtores do Sul, 200 mil toneladas. Guimarães explicou que esse volume ainda pode aumentar e que o governo vai manter as medidas de regulação depois do período previsto pela portaria.
Ainda assim, o próprio governo admite que o apoio não é suficiente para regularizar o mercado como um todo. O volume estocado e disponibilizado a baixo custo é residual ante a histórica quebra da safra norte-americana, estimada em mais de 130 milhões de toneladas de soja e milho.
“Não há como suprir o mercado todo. O preço de carnes ainda vai se manter e é o mercado que vai ajustar esse preço. Não temos condições de abastecer todo o mercado brasileiro com preço mais baixo e não é questão de ter ou não estoque”, explicou Guimarães.