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Política

CPI

09/06/2012

CPI próxima às eleições reforça a ideia de política “suja” na população

CPI

09/06/2012  Fonte: R7 Notícias

As luzes das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) sobre escândalos próximos às eleições têm um efeito devastador na imagem dos políticos. Pelo menos é esta avaliação do cientista político e professor adjunto da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Geraldo Tadeu, para quem a CPI do Cachoeira vai reforçar na imagem do eleitor de todo o País a ideia de que a política é suja e não é exercida em benefício da população.

— O efeito é sempre negativo. Principalmente para os bons políticos, nesse momento em que precisam voltar aos eleitores para pedir votos.

Com formação na Université Panthéon Sorbonne (Paris) e doutorado em ciências políticas, Geraldo Tadeu lembra que 40% da população brasileira reforça suas convicções sobre a política através da televisão e classifica a CPI do Cachoeira como uma comissão sem foco ou objetivo, por nascer de fatos já investigados e apurados pela Polícia Federal (operação Monte Carlo), cujo único objetivo será o da batalha política entre partidos.

— As outras CPIs [mensalão, bingos e dos Correios] tinham um foco claro e objetivos bem definidos para a população. Essa, não, veio de denúncias já investigadas e surge para bagunçar. O que fica, do ponto de vista da população é a ideia de que a política é uma atividade suja, em benefício próprio.
Para Geraldo Tadeu, o eleitor ainda não tem uma visão clara do que significou a suposta intervenção do ex-presidente Lula sobre o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, na tentativa de atrasar o julgamento dos 38 réus do mensalão, a maioria do PT e de partidos aliados ao seu governo.

— Esse caso ficou muito restrito à mídia impressa e, segundo nossas pesquisas, apenas 20% da população busca informações em mídias impressas. Por isso, talvez, o que tenha ficado na cabeça do eleitor é a versão de algo entre duas pessoas, sem caráter institucional.
O cientista político também classificou como erro a aposta dos partidos que incentivaram a abertura da CPI do Cachoeira visando apenas lucros eleitorais.

— O dragão [CPI] estava quieto, na caverna. Aí disseram, vamos soltar o dragão e depois ele volta. Mas, quando se solta um dragão não se consegue controlar sequer se ele vai morder só os inimigos. Os exemplos são os governadores Agnelo Queiroz (PT), Marconi Perillo (PSDB) e até o Sérgio Cabral (PMDB), que escapou.