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Política

Depoimentos ao MP contradizem versão de Derosso e mulher

Depoimentos ao MP contradizem versão de Derosso e mulher

19/11/2011  Fonte: Gazeta do povo

Cláudia Queiroz: segundo depoimentos, relação profissional entre ela e o presidente da Câmara vem desde 2004. Licitação ocorreu em 2006

 

O presidente da Câmara de Curitiba, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), e a atual mulher dele, a jornalista Cláudia Queiroz Guedes, já mantinham um relacionamento comercial e profissional antes da licitação de propaganda da Casa vencida pela agência de comunicação Oficina de Notícia, em 2006. A dona da agência é Cláudia Queiroz. A informação consta de depoimentos prestados ao Ministério Público do Paraná (MP) no inquérito que investiga irregularidade nos contratos de publicidade da Câmara. Os testemunhos contradizem a versão que o casal havia apresentado.

Anteontem, o MP entrou com uma ação de improbidade administrativa contra o casal e outros quatro servidores da Casa. O MP pede, liminarmente, o afastamento de Derosso do cargo de presidente da Câmara. Os promotores entenderam que houve um direcionamento na licitação para beneficiar a empresa da mulher de Derosso. A relação entre o vereador e Cláudia antes do lançamento da licitação foi um dos elementos que reforçou essa suspeita. Embora admitam que o relacionamento amoroso começou só em 2007, a relação entre Derosso e Cláudia viria desde 2004.

Em depoimento aos promotores do MP, ela declarou que, em 2005, durante uma solenidade, Derosso sugeriu a ela que alugasse a sala comercial dele, que fica num prédio no Centro de Curitiba. Semanas depois, disse Cláudia, foi firmado o contrato de locação que se estende até hoje.

Essa declaração de Cláudia contradiz o que o presidente da Câmara falou aos promotores. Apesar de ter assinado o contrato com Cláudia, Derosso alegou que “ao homologar o resultado [da licitação em 2006] não fez ligação entre a empresa Oficina da Notícia e a pessoa de Cláudia Queiroz Guedes”. Vencida a licitação, a empresa de Cláudia administrou R$ 5,1 milhões de verba destinada para publicidade. Previsto inicialmente em edital para durar um ano, o contrato com a Oficina da Notícia foi encerrado em maio de 2011 – cinco anos depois.

Já o depoimento de César Pa­­­che­­­co Guedes, ex-marido de Cláu­­­dia, revela outra possível contradição de Derosso. O presidente da Ca­­­sa afirmou ao MP que “Cláudia nunca prestou serviços profissionais pessoalmente ao declarante [Derosso]”. Não é o que disse o ex-marido de Cláudia ao MP. “O declarante [César Guedes] acredita que Cláudia começou a trabalhar para o vereador Derosso aproxidamadamente em 2004, prestando assessoria para a pessoa física do aludido vereador”, diz um trecho do depoimento que ao MP.

Ainda segundo o ex-marido de Cláudia, o contrato seria verbal. Mas ele disse lembrar que, em 2004, Derosso ligava para a jornalista para tratar de assuntos de trabalho. “Cláudia Queiroz e o vereador João Cláudio Derosso mantinham relacionamento profissional durante o tempo em que [César Guedes e Cláudia] permaneceram casados, ou seja, uns dois anos an­­­tes da separação de fato do casal [em 2006]”. O ex-marido contou que “Derosso, em algumas ocasiões, chegou inclusive a telefonar para sua ex-esposa fora do horário de expediente para tratar de assuntos relativos à assessoria de imprensa”.

Além da proximidade profissional entre Cláudia e Derosso, os promotores detectaram uma série de irregularidades no processo de licitação que culminou com a vitória da empresa da jornalista. A mais flagrante delas foi a participação de Cláudia na disputa pelo contato publicitário da Câmara enquanto mantinha cargo comissionado no Legislativo municipal – o que é proibido pela Lei de Licitações.